Marco Civil da Internet... a discussão que não existiu
Por ter trabalhado 30 anos na área de informática, em
televisão (TVE-RJ, hoje TV Brasil) acompanhei de perto as discussões, falsa do
lado da oposição raivosa e as respostas e os porquês da necessidade da aprovação
do Marco.
O que não assisti, nem no Congresso, no dia da votação, foi
o que para mim, salvo total equívoco meu, foi a exposição da real intenção da
teles com fim da neutralidade; as intenções daqueles que defenderam as teles; e
a torcida que a nossa “democrática” mídia, quietinha fazia pelo fim da
neutralidade.
Acredito que a discussão do fim da neutralidade começa na
fome por mais dinheiros das teles. Venderam o que tinham para vender, cobram o
absurdo aqui no Brasil e, chegaram à encruzilhada: para manter o modelo atual,
vão ter que investir mais na infraestrutura – está além da capacidade instalada.
Para não precisar investir e aumentar os ganhos precisam do fim da
neutralidade.
Acabando-se com neutralidade, iriam aumentar os preços dos
pacotes, pois ali estaria embutida a prioridade de tráfego. Os mais ricos
pagariam mais, sem reclamar e, teriam seus filmes, fotos e mensagens com mais “velocidade”.
Os mais pobres ficariam restritos ao tráfego de textos. Com isso, sem gastar um
centavo, arrecadariam mais. Fazendo um paralelo com o que acontece no Canal do
Panamá: O navio de bananas, que não pagou pela prioridade de tráfego, só
poderia atravessar o canal depois do navio de transporte de carros, que pagou.
Sem o aumento da capacidade do Canal,
ganharam mais dinheiro. Exatamente a lógica das teles.
Já, políticos como Eduardo Cunha, possivelmente teria uma
boa ajuda de custo em sua campanha. Ele e os que defenderam a “democracia” na
Rede.
E nossa “democrática” mídia, que foi achincalhada
recentemente, devido a exposição de suas mentiras, como aconteceu na questão
das manifestações de junho/2013. Qual o interesse em manter as manchetes contra
o Marco? Com o aumento dos custos dos serviços na “WEB”, as redes sociais
teriam menos influência devido seu esvaziamento, Blogs e organizações como a MÍdia
Ninja perderiam poder de penetração, o que reestabeleceria seu poder de
influencia – não que o tivessem perdido – por ausência da contraposição.
A exemplo da AP 470, fomos tímidos e nos deixamos pautar
pelo discurso “democrático” deles. Nenhum parlamentar levantou qualquer das
questões acima. Pelo menos não os vi.
São vários os exemplos que poderíamos usar em contraposição:
Freire, o ex-comunista, dizia que queríamos censurar a Internet. Transformá-la
na Internet cubana ou do Irã. Ninguém ao defender o contrário, citou os
exemplos dos governos inglês, francês e americano, que defenderam abertamente o
controle da rede, em especial das redes sociais.
Quando se discutiu a questão dos datacenters no Brasil,
ninguém falou que a Alemanha e a França, iniciaram discussão para criação dos
datacenters da União Europeia, pois não querem mais seus dados passando pelos
EUA.
É certo que nosso modelo de fazer política está esgotado,
mas se não o querem mudar, que pelo menos não nos deixemos pautar por ele.
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