Ao longo de nossa história, como seres
pensantes, desde o tempo das cavernas que a comunicação é importante e, se não
dita nossos rumos, nos dá uma ideia do que esperar. A comunicação foi
importante em todas as lutas da raça humana, em especial naquelas que se
colocavam e se colocam contra as injustiças. Simón Bolívar levava, junto com
suas tropas, uma “prensa”; Solano Lopes, o “ditador” paraguaio massacrado pela
Tríplice Aliança, que na realidade era quádrupla (Brasil, Uruguai e Argentina –
sob comando da Inglaterra), editava jornal nos campos de batalha com
charges sobre os soldados brasileiros, escravos em busca da alforria.
Durante toda a nossa história, existiu
informação e contrainformação. E no final, valia a história dos heróis
vencedores contra a covardia da malta dos vencidos. O problema é que a situação
não mudou. Desde os idos tempos até os dias de hoje. Normalmente quem detém o
território físico, detém a informação. Foi-se o tempo em que a religião era a
detentora, depois os reis. Com a chegada da burguesia, ela passou a dominar as
terras e as comunicações. O Deus continuou inatingível fisicamente, mas desceu
do Céu para a Terra. Hoje, quem domina as comunicações é o tal deus mercado.
Como já disse anteriormente, a “luta
continua” e a informação é hoje a arma mais importante, mais que a própria
bomba. Quem determina qual guerra lutar e onde, é a tal da comunicação afinada
com o deus mercado. Quem a detém, sem sujar as mãos de sangue – no máximo suja
de tinta – é quem realmente toma as decisões. Não é mais a política de Estado,
pois quem define quais serão os políticos do Estado, são os donos dos meios de
comunicação através da “prevalência” dos seus interesses pessoais e dos grupos
ou corporações dos quais fazem parte ou representam.
Hoje no Brasil, vivenciamos na carne
esse poder. A eleição presidencial, que estava definida em primeiro turno, foi
para o segundo, e a vitória do PT veio apertada, quase deu Aécio. Mas mesmo ele
é produto dessa mídia e engana-se quem lê e acredita ser ele um novo líder.
Bastaram menos de um mês e ninguém mais sabe dele. Continuam as faltas no
Senado e faltam suas explicações quanto ao aparecimento de seu nome e do PSDB
na operação “Lava a Jato”. A verdade nua e crua é que a mídia conseguiu levar a
eleição para o segundo turno e quase a venceu. No final, valeu a força de uma
velha militância, já cansada e sem entender com clareza o que está
acontecendo internamente.
Inspirado no ditado, ”para os amigos,
tudo; para os inimigos, a Lei”, podemos dizer que hoje, para os amigos,
tudo; para os inimigos, as mentiras, as manipulações, e não a Lei.
Basta vermos as manipulações no julgamento da AP 470 e o que acontece hoje na
“Lava a Jato”.
Encerro aqui com uma simples pergunta aos nossos camaradas do “establishment”.
Quando iremos reagir a essa situação? Quando vamos nos organizar para combater
esse poder? Por que não investimos na Lei das Mídias? Vamos ou não regulamentar
essa pouca-vergonha que é a comunicação brasileira nas mãos de poucos? Há anos,
durante um treinamento sobre imprensa sindical, ouvi do Vito Giannotti no
começo dos anos 90: se a CUT organizasse a imprensa sindical, seus sindicatos
filiados, nossa tiragem seria muitas vezes maior que toda a tiragem privada.
Copiando o Vito, se o PT se organizar
sua comunicação será bem maior e mais eficiente. Para dentro e para
fora principalmente, pois não nos basta falar para nós mesmos. O que nos falta?
Perder a próxima eleição para acordar?
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