No dia seguinte ao dia em que o mundo inteiro se
regozija por conta do fim do bloqueio estadunidense a Cuba (18.11.2014), pelo
retorno dos três últimos “soldados da guerra fria”, segundo Fernando de Moraes
(excelente livro que conta a história dos cinco cubanos presos nos EUA), Maricá
comemora a entrada em funcionamento dos ônibus da Empresa Pública de
Transportes (EPT), os já carinhosamente chamados de “vermelhinhos”, por conta
da cor da bandeira do município, de predominância vermelha. Um coroamento de
toda uma luta, que não se encerra, do único governo que, em Maricá, realmente
se preocupou com sua população. Os “vermelhinhos” rodando sem cobrar um centavo
sequer de passagem.
Quem não é do município, não tem ideia do que isso
representa, e pode até não entender a alegria, a satisfação daqueles que sempre
lutaram contra o domínio perverso de pouquíssimas famílias sobre um grupo de políticos servis e enganados,
pois se achavam lordes quando na realidade não passavam de peões em um
tabuleiro de xadrez onde só existia um jogador manipulando as peças.
Processo longo, de anos durante os quais alguns
munícipes mudavam de calçada para fugir de um simples bom dia ou boa tarde
àqueles ditos “comunistas do PT”. Eu ria internamente quando percebia o
esbaforir de seus semblantes e seus olhos baixos. O simbolismo começou com a
retirada de um busto, que representava o poder local, do Terminal Rodoviário,
que, embora público, estava entregue a uma empresa de ônibus privada, símbolo
do poder e do atraso do município. A simples retirada causou indignação dos
servos e, por outro lado, um recado claro dos “comunistas do PT” à cidade, tudo mudaria.
O Prefeito Washington Quaquá, em seus discursos ao
povo, sempre deixava claro que a cidade só mudaria se a sua pequena classe que
controlava a economia fosse quebrada em seu predomínio. Modernizou a cidade,
abriu suas portas para novos empreendedores e empresas, coisa antes impossível
de se pensar, pois para os donos da empresa de ônibus não interessava a geração
de emprego local. Interessava somente o transporte desses trabalhadores para os
outros municípios em seus ônibus. Novas empresas e novos empreendimentos chegam
a Maricá e fecha-se o ano com os “vermelhinhos” interligando o município de
norte a sul, de Ponta Negra a Itaipuaçu, forma de assegurar o direito de ir e
vir, o que antes era impensável sem que o munícipe que viaja de ônibus
pagasse no mínimo duas passagens.
Os “vermelhinhos” vieram para ficar, e não têm por
que não ficar. Na prática, patrões e empregados lucram quando os custos das
passagens saem de suas planilhas. Lucra todo o morador que, empregado ou não,
precisar se deslocar para ir a um médico, quando seus filhos ou eles próprios
forem à escola e (por que não?) quando simplesmente quiserem se divertir em
lugar afastado de suas casas.
A via principal (nosso rio Amazonas) está coberta,
agora é começar a trabalhar seus afluentes para atingir o interior de nossos
bairros, o que já está sendo pensado a partir do transporte alternativo. A
ideia seria contratá-los diretamente para que essa passagem também venha a ser
gratuita.
Parabéns ao governo Washington Quaquá. Parabéns a
todos aqueles que sempre acreditaram que mudar era possível.
Te abraço.
Te abraço.
Sérgio Mesquita
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