Inspiro-me nesse texto
em um dos grandes livros do Vargas Llosa, “O Sonho do Celta”. O livro trata da
história de Roger Casement, irlandês que viveu no começo do século XX,
trabalhando para Coroa Inglesa. Seu trabalho consistia em denunciar os abusos e
o não respeito aos direitos humanos nas colônias e protetorados britânicos na
África e América Latina. Foi agraciado com a honra de “Companheiro da Ordem de
São Jorge e São Miguel” e o título de “Cavaleiro”. Porém, depois de presenciar
tantas injustiças, retorna a Irlanda e passa a lutar pela independência de seu
país, caindo em desgraça para com a Coroa Inglesa, sendo preso, condenado à
morte e morto.
Conto um pouco dessa história, porque faço um
paralelo entre a estratégia do governo inglês em apagar a memória do Roger e
destruir sua imagem através da mídia, expondo o ex-cavalheiro a um lixamento
sem precedentes. Foi acusado de todas as atrocidades possíveis, inclusive com
superexposição de sua vida sexual, era homossexual. Preso, praticamente
incomunicável, impedido de ler os jornais ou ter acesso a qualquer notícia, sua
vida era esculhambada sem que o mesmo pudesse se defender ou mesmo ter acesso
aos meios de comunicação para tal.
Trazendo o exemplo inglês para nossos dias e
país, vejamos como a Petrobras está sendo tratada por nossa mídia e políticos
que sonham em tornarem-se “cucarachas” em Miami.
O processo de linchamento é ainda pior, com
requintes de crueldade uma vez que por tratar-se de uma empresa, inanimada, lhe
imputam características que, infelizmente, só dizem respeito à raça humana. A
grande mídia “cola” na empresa a pecha de ser corrupta, incapaz e inoperante,
enquanto a mesma é premiada e reconhecida mundialmente como a melhor empresa do
ramo petrolífero (condições essas conseguidas devido sua administração que é
feita por pessoas, por seres humanos).
Nossa mídia trata a Petrobras com o maior dos
ensinamentos do nazista Joseph Goebbels (“uma mentira contada mil vezes
torna-se uma verdade”), que era responsável pela comunicação do III Reich, na
Alemanha nazista durante a 2ª Guerra. Utilizam-se dessa prática desde os anos
cinquenta, sessenta e ao longo das décadas – cansado de lembrar isso. Foi assim
quando levaram ao suicídio o Getúlio, na preparação do Golpe de 64, eleição do
Collor e mais, muito mais mentiras transformadas em verdades.
Voltando ao exemplo do livro, fico imaginando se
não existe entre os milhares de funcionários das Organizações Globo, Abril,
Estadão, Folha e outras mais, algum Roger Casement em suas fileiras. Alguém que
seja capaz de se indignar e lutar pela verdade, lutar por sua consciência. Não
precisa ser homossexual, basta ser alguém cansado das mentiras e disposto a ver
na cadeia àqueles que realmente devem ir, claro que, depois de todos os
trâmites processuais seguidos. Não iremos nós repetir as práticas que
condenamos , certo? Certo!
Encerrando e repetindo outros trechos de outros
escritos, que fique claro para quem não quer admitir, que a estratégia de
destruição da Petrobras e demais empresas nacionais, faz parte da estratégia
daqueles que defendem o ”Deus Mercado”. Não passa de uma luta por mercado. Esta
luta é o meio, o fim é o Golpe para se retirar de Brasília um governo que
trouxe dignidade para os mais carentes, soberania e respeito internacional. Um
governo que deixou de dizer “sim senhor” em vários idiomas e passou a dizer
“não, vamos conversar” em um bom português.
Te abraço,
Sérgio Mesquita
Ps: Vargas Llosa hoje é mais um defensor do
neoliberalismo, do mercado. Mas sua literatura, principalmente a
biográfica-romanceada é de excelente qualidade. Destaco a Guerra do Fim do
Mundo, um dos grandes livros sobre Canudos.
Hoje defende a Cultura para os ricos, para quem
pode pagar. Diz que a popularização da Cultura será o fim da mesma. Discordo.
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