“Um homem se humilha / Se castram seu
sonho / Seu sonho é sua vida / E vida é trabalho /
E sem o seu trabalho / Um homem não tem honra / E sem a sua honra / Se morre, se mata /
Não dá pra ser feliz / Não dá pra ser feliz”.
E sem o seu trabalho / Um homem não tem honra / E sem a sua honra / Se morre, se mata /
Não dá pra ser feliz / Não dá pra ser feliz”.
O
tão defendido, pelas corporações estrangeiras e federações das indústrias no
Brasil, “Pacote de Maldades” do governo Temer e seus cumplices, ignora suas
consequências para a população do país.
Aumento
dos preços em consequência de uma política falida mundialmente, de novo
submetida ao FMI. Aumento dos impostos. O fim das garantias trabalhistas, os
cortes na Educação, Saúde e Cultura. O desemprego e o subsalário consequente. A
entrega de nossa água e petróleo, o fim das garantias legais, com o aumento dos
poderes policiais em detrimento dos Direitos. Um STF, MPF, PF e Mídia
partidarizados e golpistas, submissos aos interesses das Corporações. Isso e
muito mais, são colocados nas costas da Classe Trabalhadora, e de uma Classe Média
que se recusa a ser Classe Trabalhadora, mas são os que mais pagam e sofrem por
conta de sua ilusão. São os que vão pagar conosco a conta da entrega e
destruição do Brasil.
E o Gonzaguinha? “Kico” com o exposto acima? “... E
sem a sua honra / Se morre, se mata...”. Por isso o governo golpista do Temer
tem sua estratégia na redução das garantias individuais, no fim do Direito e em
uma Justiça que só enxerga os interesses das Corporações. Sabem que a violência
vai aumentar, seja no campo ou na cidade. Uma violência que já possui índices
altos se comparada a outros países ditos desenvolvidos.
É
certo, que as políticas adotadas pelo PT em Brasília nesses últimos 14 anos,
melhoraram e muito a vida da população brasileira. E uma das consequências, foi
dar um pouco mais de tranquilidade ao andar nas ruas (mesmo que ainda longe do
ideal). É sobre essa “tranquilidade” que esse texto pretende chamar a atenção.
Gonzaguinha, em seu poema musicado, deixa clara a consequência a que pode
chegar uma pessoa de bem, ao ver os seus com fome, sem qualquer assistência,
desamparados - “Se mata, se morre”.
Márcio
Valley, em seu texto “Entre a prisão e o ócio remunerado[i]”
expõe brilhantemente as consequências da concentração de renda. Segundo ele: “Em qualquer agrupamento animal
do tipo "cada um por si" é natural que os indivíduos menos
favorecidos ataquem a caça dos mais favorecidos. Portanto, a opção por essa
espécie de sociedade importa a ciência prévia de que haverá um certo incremento
nos assaltos à propriedade privada.”
Como outro exemplo, nos anos
noventa, século passado, vivenciei de forma “traumática” um bom exemplo durante
uma greve na TV Manchete. Fazia parte da direção do SINRAD-RJ (Sindicato dos
Radialistas) e nunca deixei de me emocionar quando lembro ou relato o ocorrido.
Fechamos os portões do Complexo de Água Grande, na cidade do Rio, então o maior
e mais moderno estúdio de televisão no Brasil e na América Latina. Acorrentamos
os portões e lá ficamos.
Um dos diretores da Editora
Bloch nos procurou, eu, Tião Santos e Ricardo Freitas, diretores do SINRAD-RJ,
para uma reunião, onde levamos juntos dois companheiros que trabalhavam no
local. Fomos informados que o Bloch usaria dos meios disponíveis para abrir os
portões - uma observação - a televisão não era mais da família, mas os portões
serviam também a revista Manchete, por onde entravam as bobinas de papel. Era o
portão ou os elevadores antigos que poderiam parar por conta do peso das
bobinas.
Ao terminar a explanação,
íamos começar a falar quando fomos interrompidos pelos companheiros que nos
acompanhavam. O primeiro a falar, chorando, avisou que não ia esperar a polícia
descer do caminhão e atacaria os policiais ainda do lado de fora da empresa. A
vergonha em ver sua filhinha chorando de fome sempre que chegava em sua casa, o
fazia desejar morrer. O segundo, na mesma linha, avisou que era aniversário de
15 anos de sua filha e ele não poderia comprar um sapatinho branco, também
queria morrer por conta da vergonha. Não falamos nada, simplesmente encerramos
a reunião e fomos nos preparar. Menos de dez minutos depois, veio o aviso que o
Bloch usaria o elevador.
Temos de uma mesma causa, duas
situações. A da “entrega” e o desejo da morte pela vergonha de ver sua família
desprotegida, ou a do enfrentamento direto, como exposto pelo Márcio Valley.
Certo, é que teremos a barbárie e, quem vai pagar a conta para além da Classe
Trabalhadora, será a classe média por duas vezes. Nos custos e no desemprego
(seu e dos seus) e pela violência direta que poderá vir a ser submetida. Por
isso Temer e os seus, dependem do não cumprimento do Direito (Leis) e de um
judiciário amaciado pela corrupção ou subserviência, outra vez, ao Golpe.
Mais uma vez a Classe que se
acha Média, após ser usada e abusada no apoio ao Golpe, vai acordar. Não por
consciência, mas pelo desespero consequente da crise e as arbitrariedades que
também sofrerá na pele, para que a Classe Dominante e as Corporações continuem
a lucrar no país. E mais uma vez vai se aproximar dos comunistas e dos “petralhas”
na busca do resgate da Democracia e do Estado de Direito.
Lembrando Marx, “A história se repete, a
primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.
O
problema, é que até pouco tempo, o mundo era real. Hoje, esse mesmo mundo é
virtual, e a farsa poderá durar mais tempo.
Toda sorte para nós.
Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá
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