Ainda na Década de 80 (século
passado), tive como gerente na Ti da TVE-RJ, Waldez Ludwig, “cabra” gente boa,
cabeludo e boa praça. Passado quase 20 anos, passo pelo canal da TV Câmara e deparo
com uma transmissão “ao vivo” de uma palestra onde o palestrante provocava
risos na plateia. Acho-o conhecido, de
terno, cabelo mais curto e um currículo do tipo, psicólogo, diretor de teatro e
analista de sistemas. Era ele, o Waldez. O tema da palestra era “Novo milênio,
nova economia, novo cidadão”. Era o dia 08.03.2000, o primeiro Dia Internacional
da Mulher, no novo milênio.
Waldez explicava que o novo
milênio era um milênio feminino, o milênio das mulheres. E ao começar a
explicar o porquê, afirmava que a mulher possui algumas vantagens sobre nós,
homens. Uma era a intuição, sempre forte. A outra, está no perceber o contexto como
um todo, sem focar em um único ponto. Waldez brinca que, no começo de suas
palestras fica falando um monte de besteiras, pois as mulheres não o escutam. Estão
analisando-o, trocam sua roupa, notam o penteado, se a barba está “feita” ou
não, e por aí vai. Por outro lado, nós homens quando vemos uma mulher, focamos
em um único ponto de suas costas, abaixo da cintura e acima das coxas, o resto era
detalhe. Por isso as mulheres começavam a galgar cargos de decisão e a chefiar metalúrgicas,
petrolíferas, bancos e outras. Aconselhou que nós homens, imitássemos as
mulheres, mas não precisava “aviadar” – a questão do politicamente correto
ainda engatinhava.
Feita a introdução, vamos ao que
interessa.
Insisto em meus textos e falas
que o “golpe” se deu em 2012, quando juízes e juízas inauguraram a condenação
do réu sem provas. De lá para cá assistimos a ascensão do golpe, onde Leis e
Constituições não valem mais nada, perante àqueles que deveriam protege-las. Em
meio a este caos ético e jurídico, nos encontramos a uma semana das eleições de
2018. E o que fazemos nós?
Vamos para campanha pensando em
nossos espaços, nossos umbigos e, a eleição de 18 é tratada como pano de fundo
para as eleições de 2020. Que se dane se os votos podem não ser contados, se o
resultado será ou não respeitado. Interessa manter os espaços, mesmo que para
tal, fingimos acreditar na atual institucionalidade do país. Deixo claro que
não é “qualidade” da esquerda ou da direita, e muito menos que todos pensem só
no umbigo. Mas infelizmente, a maioria age assim.
Crises, inimizades sendo criadas
e a violência ganhando mais e mais espaço. Amigos que brigam e, talvez sem
muito exagero, quiçá algum, vislumbro a Índia durante sua “independência” na
década de 40 (século passado), quando paquistaneses e indianos, vizinhos, compadres
e comadres, passam a se matar por conta das manobras do Império Britânico. Hoje,
a época é outra, o império é outro e trata-se de brasileirxs contra brasileirxs.
Porém o motivo é o mesmo. O lucro fácil, a ganância, mesmo que para tal, ajam
mortes longe das fronteiras daqueles que lucram.
No meio do caos, eis que surgem
as mulheres preocupadas com o todo. E a partir de um único movimento, “Ele Não”,
juntam-se e deixam claro para nós, homens que, o “buraco é muito mais em baixo”.
Ou unimos nossas forças, deixando de lado as diferenças ou todos perdem. O dia
29.09.2018, tornou-se o dia mundial do bom senso na política. Mulheres do mundo
inteiro se uniram contra a barbárie, a favor do bom senso. Neste dia o mundo
ficou mais belo, o sorriso e a esperança voltaram aos rostos deles e delas. O
mundo não deve continuar mais sendo guiado a partir de poucos encastelados em
algumas salas. O mundo deve e merece ser guiado por todos e todas, e como colocou
Waldez, principalmente por elas, que enxergam muito além de seus próprios e
belos umbigos.
Obrigado pelo rastilho de
esperança que vocês mulheres mostraram ser possível manter. Que o dia 29.09
seja lembrado no próximo 07.10 e nos demais que hão de vir.
Que as Rosas e as Carmens
submissas às classes dominantes, se espelhem nas Camens e Rosas que saíram as
ruas neste dia lutando por JUSTIÇA.
Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá/RJ
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