Ao assistir na Tv Câmara, a palestra “Novo Milênio, Nova Economia, Novo cidadão” realizada na Câmara dos Deputados em Brasília, no dia 8 de março de 2000, pelo analista de sistemas, psicólogo e diretor de teatro, Waldez Ludwig, um ponto especial me chamou a atenção. Aliás, toda a palestra chamou a atenção, mas seu início, foi voltada para as mulheres.
Segundo ele, em tom de
brincadeira, mas acredito verdadeiro, as mulheres inicialmente não ouviriam
nada do que dissesse, sem antes analisa-lo. Se a roupa combinava entre suas
peças e com o ambiente, se estava despenteado e outras colocações. Pois,
segundo Waldez, uma das grandes qualidades das mulheres, diferente de nós
homens, é a de ver, enxergar o contexto completo, enquanto nós homens, por
regra, só focamos em um ponto. Com isso, é colocado para os presentes e para os
telespectadores, que o futuro do mundo passa essencialmente por um futuro
feminino, onde as mulheres já alçavam, naquele período, cargos importantes em
metalúrgicas, bancos, petrolíferas e outras empresas e ramos de atividade.
Seria a Era de Aquarius, a era feminina. Depois em tom de brincadeira, ainda
sem o “politicamente correto” a predominar, avisa aos homens: “tratem de
imitarem as mulheres, mas não precisa aviadar”, pois o mundo será delas.
Lembrando da palestra 21 anos
depois, ainda a tenho gravada, continua atual quanto a importância das mulheres
nos momentos de dúvidas e tomadas de decisão e aos demais pontos. Pois nos dias
de hoje, não devemos nos pautar por “damares”, “gabrielas hardt” e “bolsonaros”.
São pontos fora da curva e devemos acreditar passageiros. Pontos que dão
trabalho, que destroem o que temos de humano, mas não dá para acreditar que se
sustentarão, pois são a exceção do momento, como foi Hitler e outros idiotas.
Voltemos as mulheres...
Nesta data, 8 de março, não tem
como lembrar da música “Maria Maria” do Milton Nascimento que em uma de suas
estrofes confirma Waldez: Mas é preciso ter manha, é preciso ter
graça / É preciso ter sonho sempre / Quem traz na pele essa marca
possui /
A estranha mania de ter fé na vida. A manha do sexto sentido, entre tantas
outras, que só as mulheres possuem e sabem usá-lo com maestria. Verdade que as
vezes, nós homens somos pegos com a “mão na botija” por conta disso, mas faz
parte da vida (uma brincadeirinha). A força que vocês demonstram possuir ao
longo dos séculos, representadas pelas Rosas, Antonietas, Terezas de Benguelas,
Angelas, Anitas Garibaldis, Iracemas Rã-Nga, Domitilas, Mercedes, enfim, entre uma
infinidade de exemplos, fica aqui o meu agradecimento a existência de cada uma,
neste universo, neste continente e neste país muito louco, pelo o que estamos passando.
Um obrigado a cada uma de vocês, que enxergam para “além do
umbigo”, para além do palmo a frente destes belos narizes. Que o 8 de março não
nos deixe esquecer as companheiras que morreram em Nova York lutando pelo
direito a serem respeitadas, ouvidas. Que o mesmo valha para as que morreram antes
e depois pelos mesmos motivos, o de serem/sermos respeitadas(os).
Encerro com um dos tantos ensinamentos do Saramago, que
escreve na introdução do livro Terra, do Sebastião Salgado, ao tratar da
desobediência de Adão e Eva: (...) Dos dois criminosos, digamo-lo já, quem
veio suportar a carga pior foi ela e as que depois dela vieram, pois tendo que
sofrer e suar tanto para parir, conforme havia sido determinado pela sempre
misericordiosa vontade de deus, tiveram também que suar e sofrer trabalhando ao
lado de seus homens, tiveram também de esforçar-se o mesmo ou mais do que eles,
que a vida, durante milênios, não estava para senhora ficar em casa, de perna
estendida, qual rainha das abelhas, sem outra obrigação que a de desovar de
tempos a tempos, não fosse ficar o mundo deserto e depois não ter Deus em quem
mandar (...).
Que todos os dias sejam oito de março, primeiro de maio e
tantas outras datas que representem o respeito, a justiça e a igualdade para
com esse mundo e seus habitantes.
Há Braços.
Transformar em imperdoável o que hoje é aceitável”
Délcio Teobaldo
Sérgio Mesquita
Dir.
Municipal PT-Maricá
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