Transtornos Delirantes Persistentes - CID10 F22
Todos os dias recebo referências feitas aos
“coxinhas” golpistas nas redes sociais. E, em igual proporção, postagens
questionando suas sanidades por causa das mesmas postagens. Coisas como: “Greve
a favor da ditadura”... Como? As greves são proibidas nas ditaduras. “Durante a
ditadura não se roubavam celulares”. E eles existiam? Campanha para que não se
abastecesse o carro porque a gasolina aumentou para R$2,80 e filas para
abastecer, agradecidos, com a gasolina a custar mais de R$ 5,00. E a pior de
todas, defendem as privatizações, mas se esquecem que serão privados de tudo. Esses
são alguns dos exemplos, entre outros, com que a classe média nos brinda.
Porém, se pensarmos melhor e nos inspirarmos na
letra da música, “22”, do artista mineiro radicado em Maricá, Délcio Teobaldo, podemos
entender um pouco desse país e dessa gente. Um pouco da loucura do sistema
capitalista e de nosso “viralatismo”. Bem como entender melhor a afirmação
colocada pelo escritor português José Saramago, que nos diz que democracia e
capitalismo são convivem num mesmo espaço de tempo.
Em uma situação de “normalidade”, ditos como “quem
não chora não mama”, “teme quem deve” e outros, fariam sentido. Mas na atual
situação por que passamos, viver num estado exceção, toda e qualquer lógica se
perde, ou melhor se encaixa no absurdo do sistema e certeza e incertezas se
confundem ou se misturam, como nos coloca o fragmento da letra da música “22”,
abaixo:
Nessa
terra de incertezas, “em se plantando tudo dá”: café, fumo e ouro, barraco no
morro, vergonha na cara.
Nessa terra de incertezas, acreditando, tudo
há: escola sem muros, Pivetim com futuro, Caipora na mata.
Ou seja, o incerto é quando existem condições de
crescimento para aquela parcela empobrecida pelo sistema. Porém, mesmo em meio
as (in)certezas, o sistema consegue sangrar a população:
Se
eu planto, tu plantas, nós plantamos, vós plantais, eles comem mais...
E nos momentos de certeza, o sistema mostra
sua cara, a verdadeira cara:
Nessa
terra de certezas, nada como é, será: Só não teme quem deve; só chora quem
mama; quem tudo quer tudo ganha.
Nessa
terra de certezas, quem duvida chega lá: “Tupi or not Tupi”; “Viva a
palhoça-ça”; “Ó-Blésq-Blom”.
E, como nos momentos de (in)certeza, o
sistema continua ganhando.
Se
eu toco, tu tocas, nós tocamos, vós tocais, eles dançam mais...
Ao final da música, somos brindados com um
trecho da carta de “achamento” do Brasil, onde o futurólogo Pero Vaz Caminha dá
a pista para que quase 500 anos depois, Nelson Rodrigues definisse o
brasileiro, a classe média, como “vira-lata”.
Neste
dia, enquanto ali andaram, dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som dum
tamboril dos nossos, em maneira que são muito mais nossos amigos que nós
seus...”
No sistema capitalista que
vivemos, onde nosso papel é servir, temos o brilhantismo do Darcy Ribeiro,
quando nos diz que no máximo, seremos o gerente do Engenho. Por isso, hoje,
temos presos sem provas e criminosos governando o país e fazendo (in)justiças.
Há braços
Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá
Nenhum comentário:
Postar um comentário