segunda-feira, 19 de agosto de 2019


ELEIÇÕES EM MARICÁ

“Se quebraram as lanças, se botaram uma grade diante do olhar do índio, o momento agora é de você pular esta cerca, o momento é de você reconstruir esta lança, e admitir que isso é o que te resta. Se você não fizer isso agora em que o confronto é possível, você nunca fará mais.”
Delcio Teobaldo
II Seminário Internacional Arte, Palavra e Leitura-2019

Estamos nos aproximando das eleições municipais de 2020. Eleições de características calorosas, pois são em nossos quintais, onde muitos se conhecem e se relacionam com muitos.

Por conta do momento por que passa o país, a previsão de termos uma eleição mais “violenta”, com os “fakes news” envolvendo pessoas próximas, como vizinhos e parentes, não é absurda. Principalmente quando se encontram na casa de um “miliciano” ou, quem sabe, “membro de esquadrão da morte” ( como existiram os CCC, CONDOR, SA (nazista), Triple A (Argentina)), fuzis de uso privado dos “marines” americanos... tudo é possível quando um presidente diz ser necessário matar uns 30.000. Já contaram quantos ativistas sociais já morreram?

Mas o que realmente me preocupa é como vamos nos preparar para estas eleições em Maricá. Principalmente depois que tivemos o Marcelo Delaroli envolvido em uma delação premiada. Já comecei ouvir que será uma “barbada”, que a direita perdeu seu candidato. Pode até ter ficado sem, mas o que nos garante que não importarão um “salvador do município”? O que nos garante que o Marcelo não concorrerá? Nada! Pelo contrário, no Brasil de hoje pode até não acontecer as eleições, fala-se abertamente em fechamento do Congresso. Legislativo, Executivo e Judiciário, estão em aberta guerra entre eles e internamente. A direita pela primeira vez apresenta-se dividida. O problema é que, no momento das eleições, o pragmatismo deles deve leva-los a uma nova união. E o da esquerda, onde irá nos levar? Façamos um exercício de futurologia, nos uniremos em busca do bem maior ou iremos disputar cargos e/ou espaços dentro de um sistema que foi pensado para eles, pelas Leis feitas por eles e para atender as necessidades deles.

As grades colocadas acima delimitam nossos quadrados de atuação. Vamos pulá-las? Fica a observação - não falo em revolução. Hoje nem pensar! Falo em colocarmos os pés para além das marcas que nos impõem. Nossas lanças, são os movimentos sociais, dos quais nos afastamos. A reconstrução de nossas lanças passa pela reestruturação da participação popular. Se assim não acontecer, não vejo futuro após mais uma “vitória” eleitoral. Ganhamos o segundo mandato da Dilma e perdemos logo a seguir, porque nos mantivemos nos limites da grade e não reconstruímos nossas lanças. Como bem escreve Delcio: “admitir que isso é o que te resta”.

Sérgio Mesquita

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