sábado, 25 de outubro de 2014

Ainda sem medo da Papuda ou... com cada vez mais raiva da Papuda.

Após lermos o excelente texto do Tarso Genro, atual governador do RS, ficamos inspirados e com a certeza de que nem tudo está perdido, apesar das aparências (http://www.viomundo.com.br/denuncias/tarso-genro-uma-explicacao-para-a-ofensiva-midiatica-da-turma-da-petrobrax.html).
A esquerda no país vem sofrendo ataques diários de uma classe que não admite perder o status de “dominante”. São massacres diários pela mídia, que já confessou ser a única oposição ao governo petista no Brasil, em consonância com uma estratégia de escala mundial, comandada por países como o EUA, Alemanha e Inglaterra e França. Estratégia esta que visa acabar com qualquer possibilidade de distribuição de renda ou soberanias nacionais. Tarso explica bem este ponto em seu texto. O nosso, quer discutir o comportamento das esquerdas no Brasil, que mais parecem cordeiros esperando pela hora do abate.
Calamo-nos durante quase todo processo da AP 470 (mentirão) e continuamos calados em relação às tentativas de destruição da Petrobras e de algumas personalidades não neoliberais, da esquerda. O STF e a mídia estão fazendo o que querem e, salvo por algumas vozes dissonantes, assistimos intimidados as maiores baixarias e faltas de qualquer ética ou dignidade por parte deles.
É verdade que parte da culpa é nossa. A partir do momento em que o oportunismo toma conta da política, quando a governabilidade passa ser mais importante que as transformações tantas vezes exaltadas nos discursos, não se pode esperar tanto assim dos que estão à frente, encastelados em seus cargos. Podemos citar aqui Eduardo Galeano: “Hoje as torturas são chamadas de “procedimento legal”, a traição se chama “realismo”, o oportunismo se chama “pragmatismo”, o imperialismo se chama “globalização” e as vítimas do imperialismo se chamam “países em via de desenvolvimento”. O dicionário também foi assassinado pela organização criminosa do mundo. As palavras já não dizem o que dizem ou não sabemos o que dizem”.
Abrimos mão das campanhas calcadas na militância para priorizar o marketing, o parecer bom moço. A consequência não poderia ser outra para além de Lampedusa, “mudar para deixar tudo como está”.
Sabemos não ser a regra, mas se não “radicalizarmos” na discussão, como tentar entender o silencio da esquerda, seu bom comportamento frente às manipulações e mentiras tanto colocadas pela imprensa em apoio aos neoliberais e ao capital estrangeiro.
Estramos deixando companheiros serem rifados sem que ninguém saia em suas defesas, mesmo sabendo serem falsas e de interesse de uma classe que só pensa em aumentar seus lucros. Porque nos calamos?
O STF tira Hitler da tumba (apesar de não sabermos onde foi enterrado) para condenar José Dirceu sem provas, como admitiram não tê-las durante o julgamento. Já o Collor é absolvido devido as provas serem insuficientes. O julgamento da AP 470 não foi desmembrado, o julgamento do PSDB foi. São vários os exemplos que poderiam ser citados aqui. E a esquerda brasileira, o que fez para combater isso?
Esquecem eles que uma coisa não se pode negar, a direita é organizada e corporativa. Já nós esperamos o que? Herdarmos os cargos dos que forem sendo abatidos paulatinamente pela direita? Nunca permitirão.
Ainda não perceberam – o que é difícil de acreditar – que o processo em andamento é como as peças do dominó alinhadas, depois da queda de uma, inicia-se a queda da seguinte. Se omitir agora por que é de outro partido ou é seu desafeto que está sendo agredido, irá levar todos para o mesmo exílio, e quem perde é a população como um todo. Quando Freixo foi atacado pela Globo, Lindberg e o PT saíram em sua defesa, atentos ao que acontecia e acontece. Este talvez seja o único exemplo de solidariedade pela classe e pelos ideais de transformação.
Zé Dirceu, Genuíno, Cunha e outros foram linchados sem que ninguém se levantasse com horror, por conta do pano de fundo. Fomos tímidos e quase complacentes com a mídia e a direita. Quando muito, partimos para o embate do quem mais “rouba”. Nivelamos por baixo, mesmo sabendo que, nosso Caixa 2 na AP 470, confessado, foi com dinheiro privado conseguido através de empréstimos, que foi cobrado posteriormente pela Justiça mineira – apesar de Barbosa dizer serem fictícios. O do PSDB, que envolve FHC, Azeredo e mesmo o Gilmar Mendes, foi com dinheiro público, das empresas mineiras, da Saúde e outros órgãos públicos. Mesmo sabendo disso, ficamos caladinhos ou timidamente se manifestando. Há bravas e honrosas exceções, mas infelizmente poucas se comparadas com o tamanho da movimentação da direita reacionária.
Este quadro não mudando, perderá o Brasil, perderá a população mais necessitada e ganharão aqueles que sempre defenderam as torturas, os assassinatos e a concentração de renda. Se este quadro não mudar, o país será levado paulatinamente a um estado de caos, com a direita indo para a rua defender a violência e a derrubada “democrática” do governo, como já aconteceu em outros países. Como bem colocou Tarso: “A desmoralização de um ativo público da dimensão da Petrobras, os ataques ao seu “aparelhismo” político, a crítica aos gastos públicos excessivos (programas sociais, na verdade), os ataques às políticas do BNDES – de forma combinada com um permanente processo de identificação da corrupção com o Estado e com os Partidos em geral — fecham um quadro completo do cerco ao país: liquidem com a Petrobras e teremos o Estado brasileiro pela metade; acabem com os gastos sociais e teremos uma crise social mais profunda do que a das jornadas de junho; restrinjam o BNDES e o crescimento – que já é pífio — se reduzirá ainda mais; desmoralizem os partidos e a política e a técnica neoliberal substituirá o contencioso democrático”.
Como os militares estão aferrados às suas funções profissionais e constitucionais e não estão para aventuras, o golpismo pós-moderno vem se constituindo através da direita midiática. Esta, se bem sucedida no convencimento a que está devotada, encarregaria um novo Governo social-liberal da desmontagem do atual Estado Social “moderado”, obtido no Brasil num cenário mundial adverso.
O problema, para os que estão quietinhos, é que a direita ao reassumir o governo, não vai se contentar somente em nos tirar dos cargos, vai continuar trabalhando nosso massacre (de toda a esquerda), na busca da perpetuação de seu domínio e do governo. Não se iludam.

Sérgio Mesquita              PT – Secretário de Cultura de Maricá

Marcos de Dios                PT _ Assessor da Secretaria de Cultura de Maricá

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