Não
me importo com padrões.
Os
princípios da normalidade são estabelecidos
por
homens anormais, capitalistas, corrompidos e inconstantes.
A
princípio, também gostei da possibilidade do pós pandemia nos levar a um mundo
novo, e continuo gostando desta possibilidade. Novos paradigmas de
relacionamento, atenção com o Ambiente, e um novo enxergar sobres as reais
necessidades, individuais e coletivas. Porém, com o andar da carruagem e a
cabeça pensando melhor, após leituras, “lives” e muito debate com os amigos, a
ficha cai. Para que isso fosse possível,
não devemos esperar pelo retorno da normalidade e nem de um Novo Normal, termo
badalado nos dias de hoje. Precisamos é de uma sacudida geral, espanar a poeira
dessa tal normalidade, que pelo menos a quatro séculos nos explora a favor de
uma pequena minoria. Pequena mesmo! Segundo o relatório Oxfam, de 2019, 26
pessoas acumulam a mesma riqueza que a metade da população mundial, algo como
3,5 bilhões de pessoas (26 x 3.500.000.000).
Desejar
uma nova normalidade, na prática, é aceitar mais uma reinvenção do sistema, na
busca de contornar a sua enésima crise, sem resolver a sua causa primeira –
prática histórica. Depois de todos os medos, mortes e privações será este o
nosso desejo? Mudar para deixar tudo como está, lembrando Giuseppe di Lampedusa
em seu livro, “O Leopardo”, denuncia.
É
preciso estar atento e forte, como na música de Gil e Caetano. Pois os donos do
poder estão trabalhando o seu (nosso) novo normal. E pelo o que as redes nos
tem denunciado, este novo normal começa a ter como apelido o termo “Capitalismo
de Segurança”, em substituição ao atual, Financeiro, que substituiu o
Industrial, que substituiu o Mercantil. O recheio do bolo é o mesmo, a
cobertura muda, ou, como colocado no título, o cocô se apresenta mais cheirosinho.
O
perverso do Capitalismo de Segurança, é sua aposta na potencialização do nosso
sentimento de proteção individual e de proteção aos demais da possibilidade de você
transmitir o vírus, ao praticarmos o isolamento social. Quase metade da
população do mundo, se isolou na expectativa de findar a pandemia. Os donos do
poder, através da mídia, nos passam a ideia de estarmos em uma guerra contra o
vírus, militarizando os termos usados na busca do tratamento, além das ameaças
de se colocar os exércitos nas ruas e mudar as leis, como colocam Trump e seus
vassalos.
As
manifestações públicas, as provocadas pela pandemia e as demais, como as
recentes, provocadas pelo assassinato do Floyd no EUA, começam a ser tratadas
como atos de terrorismo, para em seguida, deturpando a ideia inicial da ONU e a
proposta de implantação do chip ID2020 nas pessoas, o usar para o controle das
mesmas. O Isolamento Social, passa a ser normalizado para ser pensado como futuros
confinamentos ou prisões domiciliares em massa, pelo “novo” Capitalismo de
Segurança.
Por
essas e outras, me recuso a usar o termo “novo normal”.
Há
braços.
Sérgio Mesquita
Secretário de Ciência e Tecnologia e
Comunicações de Maricá-RJ
Diretório Municipal PT/Maricá
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