quinta-feira, 9 de julho de 2009

Construir ou Destruir (10.07.2009)

Por um acaso do destino, já passaram pela situação onde te param na rua e, com muito brilho nos olhos, apreensão e expectativa te pedem opinião sobre um projeto ou ideia? Você de “saco cheio”, dívidas para pagar e ainda brigou com a companheira. O que fazer?
Não adianta perguntar como vai avó, fazer comentário sobre o tempo. O cara vai estar lá, fazendo “suco de mão” (esfregando uma na outra), não ouviu nenhum de seus pretextos. Só espera a sua opinião que, para piorar, é considerada importante.
Você respira fundo, tenta limpar a cabeça dos pensamentos de segundos atrás e começa a pensar no que dizer. Pela situação, se não gostou, deve medir bem as palavras para não desmoronar com o cara – você está de “saco cheio”. Se no meio do turbilhão você ainda conseguiu ouvir e achar interessante, mais cuidado ainda. Para esquecer seus problemas, você entra de cabeça, incentiva, dá novas ideias e acaba passando a impressão de apropriação do projeto/ideia. Pode dar problemas.
Nestes casos, você foi procurado. Não meteu o “bedelho”, pode até não agradar, mas dificilmente perderá o amigo. Foi pedida e dada a opinião. Mas quando você não pede e nem mesmo conhece o infeliz que resolveu palpitar sobre seu trabalho?
É mais ou menos isso que acontece no dia a dia. Você estuda a teoria, tenta a prática, estuda mais um monte, pega no pincel e nada além de borrões na tela. Mas como conhece da teoria... vira crítico de arte – as vezes nem teoria, mas vira assim mesmo.
Por outro lado, você nasce com o “dom”. Não tem a menor ideia do como, mas pinta, toca, dá cambalhota. É admirado, amado e até mesmo estudado. Porém, o cara do parágrafo anterior te arruma um monte de defeitos... falta isso, não sabe aquilo, as mão são grossas. Mais ou menos como Salieri e Mozart.
Como exemplo destas situações, outro dia, na Rádio MEC, ouvi um comentário do povo do esporte oriundos da Nacional. Era o seguinte: “Antes, o crítico de futebol era aquele gostava do esporte. Se reunia com outros, debatiam e expunham seus pensamentos”. Nesta conversa foram citados Saldanha e Nélson Rodrigues. “Hoje – continuaram – qualquer um dá palpite e a maioria é comprada pelos clubes”. Como sou só próximo e não especificamente da área, continuei meu caminho com aquele sentimento de concordância.
O problema/solução, como já citado em colunas anteriores, é o advento da tecnologia. Tudo ficou mais rápido e acessível. Como exemplo eu virei ou acho que virei colunista. Pelo menos, até o momento não pediram para parar.
Existem várias ferramentas disponíveis onde, mesmo que não queiram, não podem te impedir de dar a sua opinião ou de se expressar. O problema está na velha e procurada honestidade. Quando honesta sua opinião, mesmo que contrária, será sempre construtiva e bem vinda. Para cima! Mas se desonesta, o efeito será contrário. Só destruirá aquilo que as vezes ainda não teve chances de aparecer. De nascer para o mundo.
Qualquer um pode identificar aquele artista que chorando, rindo ou preocupado tem sempre a mesma cara. Não precisamos de críticos para tal. Mas quando trata-se da sutileza da fotografia, é sempre bom alguém explicando as técnicas, suas origens e etc. Você pode até não gostar mais... vai saber porque. Mas quando o cara só fala mal, reclama mas não aponta caminhos e soluções, só atrapalha. Nestes casos basta lembrarmos das “Peneiras” de Sócrates. É verdade o que está sendo colocado? Vai fazer bem a alguém? É imprescindível que você saiba? Se ficou em alguma das três peneiras... Blarg!! Ignore.
Te abraço.