segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Um fim de ano para não esquecer ─ idas e vindas que não têm preço

No dia seguinte ao dia em que o mundo inteiro se regozija por conta do fim do bloqueio estadunidense a Cuba (18.11.2014), pelo retorno dos três últimos “soldados da guerra fria”, segundo Fernando de Moraes (excelente livro que conta a história dos cinco cubanos presos nos EUA), Maricá comemora a entrada em funcionamento dos ônibus da Empresa Pública de Transportes (EPT), os já carinhosamente chamados de “vermelhinhos”, por conta da cor da bandeira do município, de predominância vermelha. Um coroamento de toda uma luta, que não se encerra, do único governo que, em Maricá, realmente se preocupou com sua população. Os “vermelhinhos” rodando sem cobrar um centavo sequer de passagem.

Quem não é do município, não tem ideia do que isso representa, e pode até não entender a alegria, a satisfação daqueles que sempre lutaram contra o domínio perverso de pouquíssimas famílias sobre um grupo de políticos servis e enganados, pois se achavam lordes quando na realidade não passavam de peões em um tabuleiro de xadrez onde só existia um jogador manipulando as peças.

Processo longo, de anos durante os quais alguns munícipes mudavam de calçada para fugir de um simples bom dia ou boa tarde àqueles ditos “comunistas do PT”. Eu ria internamente quando percebia o esbaforir de seus semblantes e seus olhos baixos. O simbolismo começou com a retirada de um busto, que representava o poder local, do Terminal Rodoviário, que, embora público, estava entregue a uma empresa de ônibus privada, símbolo do poder e do atraso do município. A simples retirada causou indignação dos servos e, por outro lado, um recado claro dos “comunistas do PT” à cidade,  tudo mudaria.

O Prefeito Washington Quaquá, em seus discursos ao povo, sempre deixava claro que a cidade só mudaria se a sua pequena classe que controlava a economia fosse quebrada em seu predomínio. Modernizou a cidade, abriu suas portas para novos empreendedores e empresas, coisa antes impossível de se pensar, pois para os donos da empresa de ônibus não interessava a geração de emprego local. Interessava somente o transporte desses trabalhadores para os outros municípios em seus ônibus. Novas empresas e novos empreendimentos chegam a Maricá e fecha-se o ano com os “vermelhinhos” interligando o município de norte a sul, de Ponta Negra a Itaipuaçu, forma de assegurar o direito de ir e vir, o que antes era impensável  sem que o munícipe que viaja de ônibus pagasse no mínimo duas passagens.

Os “vermelhinhos” vieram para ficar, e não têm por que não ficar. Na prática, patrões e empregados lucram quando os custos das passagens saem de suas planilhas. Lucra todo o morador que, empregado ou não, precisar se deslocar para ir a um médico, quando seus filhos ou eles próprios forem à escola e (por que não?) quando simplesmente quiserem se divertir em lugar afastado de suas casas.

A via principal (nosso rio Amazonas) está coberta, agora é começar a trabalhar seus afluentes para atingir o interior de nossos bairros, o que já está sendo pensado a partir do transporte alternativo. A ideia seria contratá-los diretamente para que essa passagem também venha a ser gratuita.

Parabéns ao governo Washington Quaquá. Parabéns a todos aqueles que sempre acreditaram que mudar era possível.
Te abraço.

Sérgio Mesquita