Cito aqui como exemplo, um texto meu escrito para III Seminário Decolonizando Práticas e Saberes em Religião e Educação, que aconteceu em Maricá em 2018. O texto tinha como título “O Racista Funcional”, em alusão ao analfabeto funcional, aquele que só sabe assinar seu nome. Falo de minha vida no texto, onde me assumo, pelo menos por um período da vida, como racista funcional. Nasci e cresci ouvindo piadas e desmerecimento em relação a raça negra, em especial. Tinha o português e o japonês, mas o foco era a questão do Negro/a. Escrevo que faz parte de nosso crescimento a tomada de consciência, e esta consciência, acaba por nos permitir questionamentos e correções de rumos em nossas vidas. Se assim não acontecer, é porque você é racista de carteirinha, por ideologia. Não deveria viver em sociedade.
Voltando a preocupação colocada anteriormente, declarações como a do Fernandez, que devem ser, como foram, rechaçadas, não devem apagar a luz da integração regional, como querem os Bidens e a turba que encontra-se em Brasília. Não devemos esquecer as Domitilas, as Mercedes, os Camilos, os Fuentes, as Clarices, Veríssimos, as Parras, os Machados, Bragas, as Nélidas, Cortázares, Sandinos, Krenaks, Galeanos, Bengelas, as Conceições, Bolívares, Borges, Otávios, Ches. Enfim de uma infinidade de outros e outras, que se formaram a partir da miscigenação dos povos que aqui existiam e os que aqui chegaram, apesar de verdadeira a colocação da Valéria Brandini, quando nos lembra a dizimação dos povos nativos. Bem como não devemos esquecer que a maioria da população brasileira é oriunda dos ancestrais que aqui chegaram nos barcos “tumbeiros” EUROPEUS.
Não estou defendendo o Fernandez, acho que ele se colocou como um verdadeiro colonizado. Se fosse aqui, lembrando Nelson Rodrigues, um vira lata. Só estou chamando a atenção para que, este ato, esta falha, não sirva de bucha de canhão contra o resgate do Mercosul e de uma verdadeira integração latina. Temos muito que aprender uns com os outros. Em especial, como condenar e prender os ditadores assassinos, os juízes e procuradores corruptos e outras “cositas más”.
Sérgio Mesquita
Délcio Teobaldo