domingo, 25 de dezembro de 2016

A embaixadora dos golpes – Liliana Ayalde

Muitos vão achar que não passa de coincidência e, eu não ficaria assustado, se entre essas pessoas encontrássemos nomes como o do Kim, do Rodrigo Constantino e do mais novo intelectual brasileiro, guru do governo Temer, Alexandra Frota.  Por suas atuações seria de estranhar se não achassem mera coincidência. Mas a embaixadora Liliana Ayalde foi enviada para o Paraguai a época do golpe parlamentar em Lugo e depois, enviada ao Brasil, após o escândalo de espionagem da Dilma, ficando até o desenrolar do golpe e a entrega da presidência ao vampiro, golpista e usurpador, Temer.

O problema é que existem mais pessoas que pensam como os citados acima. Foram essas pessoas que foram para as ruas de amarelo e hoje, estão se descobrindo “ferrados” como eu. Agora irão trabalhar mais e receber bem menos de aposentadoria, perderão como se operários fossem as justezas da CLT, como o horário de 8h de trabalho, as férias de 30 dias corridos e muito mais.

O problema é que a direita e a esquerda ainda não entenderam que vivemos um golpe mais perverso do que foi em 64, com todos os assassinatos e torturas. A direita, como fez em 64, vai procurar os “comunistas” e tentar recuperar o status perdido. E a esquerda o que fará? Como se comportará aquela esquerda que, como a classe média, acredita que basta ganhar as eleições com Lula para tudo voltar a ser como antes. Ambos os lados não entenderam que as ditaduras de 60 e 70, tiveram o apoio e o interesse das corporações, mas os golpes eram pensados nos governos. Hoje os golpes não possuem mais a figura do Estado, da fronteira. No máximo, como coloca Márcio Valley, o Estado, como os EUA, não passam de exércitos das corporações, meros braços armados das corporações, a serviço das mesmas.

Em 64 você sabia por que estava na luta, e hoje? Por conta do poder das mídias, as corporações subornam e matam mais pessoas do que as ditaduras do século passado. A partir da falácia da luta pela democracia, do “regime change”, as intervenções nesse século são sempre pelo bem do povo e por sua liberdade, mas na prática sabemos não ser.

Moniz Bandeira, em seu livro “A Desordem Mundial”, no capítulo que fala da farsa da Revolução Laranja na Ucrânia, onde Obama apoiou os nazistas com dinheiro e armas para levar o país para a OTAN, nos brinda com o seguinte texto:

“O cientista político Albert Alexander Stahel, professor de Estudos Estratégicos da ETH Zurich (Instituto Federal de Tecnologia) e da Universidade de Zurique, ao comentar que a violenta deposição de ViKtor Yanukovych pelo Parlamento desestabilizou e fragmentou a Ucrânia, com os separatistas em Dombass a lutarem contra as milícias e o exército de Kiev, escreveu que, com base nesse e em outros casos, se podia concluir que a política de regime change dos EUA não levou a democracia a nenhuma parte. Pelo contrário, provocou guerras civis e caos, em todos os países onde os Estados Unidos tentaram promover a mudança do regime, a pretexto de promover a democracia – acentuou o professor Albert Alexander Stahel -, citando, entre outros exemplos: Afeganistão, em interminável guerra desde 2001, lastreada pelos negócios das drogas; Iraque, onde a guerra ainda perdurava, desde 2003, com a origem ao Estado Islâmico; Tunísia, que se tornou instável após a derrubada do ditador Zine al-Abidine Ben Ali, com o fortalecimento do islamismo radical; Egito, onde, após a derrubada de  Hosni Mubarak, a Irmandade Mulçumana elegeu Mohammed Mursi para a presidência, da qual o marechal Abd al-Fattah as-Sisi o derrubou com um golpe militar, e o exército passou a combater os islamitas radicais da península do Sinai; Síria, onde os EUA com a Turquia e a Arábia Saudita fomentaram protestos contra Bashar al-Assad e apoiaram com recursos e armas as organizações salafistas – Jabhat Al-Nusra e Estado Islâmico, em uma guerra que produziu mais de 279.000 mortos, até o começo de 2016, e mais de 4,5 milhões de refugiados, entre março de 2011 e fevereiro de 2016; Líbia, transformada em um Estado falido, brutal guerra civil, após a destruição do regime de Muammar Gaddafi pela guerra aérea da OTAN (EUA, Inglaterra e França), a respaldar as milícias islamitas. Segundo o professor Albert Alexander Stahel, melhor seria se Washington usasse o dinheiro investido em tais operações de regime change para resolver seus próprios problemas e restaurar a sua infraestrutura, que quase não mais funcionava, e seus sistemas de educação, saúde e previdência ruins”.

Ainda no livro, segundo Victoria Nuland, secretária-assistente dos EUA, o país gastou U$ 5 bilhões para levar a “democracia” nazista para a Ucrânia...

O exemplo acima demonstra bem o poder das corporações. No Iraque a questão se tornou clássica, onde uma das empreiteiras que foram reconstruir o país, era do vice do Bush. O governo americano pagou a indústria armamentista, pagou os mercenários e depois, ainda pagam a reconstrução do país. Tudo para que as corporações de energia (petróleo) possam explorar os campos e... venderem o óleo para o governo americano.

O golpe no Brasil não foi tão diferente das Primaveras Árabes, tivemos nuances como aconteceu no Paraguai e, terminamos na mão de um usurpador golpista. Em 2013, também tivemos o ensaio de uma primavera, mas para nossa sorte ou azar, a enorme maioria de nosso empresariado é tão bandida e burra, que acabam por atrapalhar o projeto das corporações, como aconteceu na época do Collor.

Agora diz você... com um quadro desse, se deixarem o Lula concorrer, isso nos bastará?

Feliz 2017

Sérgio Mesquita

Secretário de Formação do PT-Maricá/RJ