domingo, 28 de maio de 2023

INEZ É MORTA. E a democracia brasileira?

 Muito se cita o termo “Inez é morta”, mas muitos não sabem o porquê. Inez de Castro casou-se com D. Pedro I as escondidas do então Rei de Portugal, D. Afonso IV. Pulando etapas, D. Afonso IV manda matar Inez, pois a corte não aceitaria o casamento. O pau quebra entre D. Pedro e o Rei, apaziguado depois pela Rainha. D. Pedro I depois de entronado, faz valer o casamento, e o reconhecimento de seus filhos como príncipes. Mas Inez é morta, e sobrou a lenda da Fonte das Lágrimas, criada pelas lágrimas derramadas por Inez, e as algas avermelhadas nesta mesma fonte, que seriam seu sangue. Mas, Inez é morta.

Assistimos agora no Brasil, o surgimento das verdades, que não eram do desconhecimento de muitos, as verdadeiras farsas que envolveram o Mensalão (Joaquim Barbosa) e a Lava Jato (Moro). Mesmo que na época dos processos tenham sido realizados documentários, publicados livros e revistas que apontavam além dos erros dos processos, a manipulação da verdade, o esconder provas e criar provas falsas. A mídia aliada a classe dominante, somados àqueles que se sentem classe média, foram para as ruas comemorar o golpe e suas etapas. A primeira iniciada em 2005 e fechada em 2012 (Zé Dirce, Genuíno, Pizollato, ...), a segunda iniciada com a Lava Jato e fechada com o impeachment da Dilma, e a derradeira com a prisão do Lula e a eleição do Boso. Agora aparecem as verdades, mas Inez é morta.

Ao contrário de Portugal, que “amenizaram” a morte de Inez, com a lenda de uma fonte de água e o reconhecimento do casamento de D. Pedro I. Aqui em terras tupiniquins, guaranis e outras, o país foi roubado e vilipendiado, teve sua soberania estraçalhada e hoje, fica evidente que nossa tão declamada democracia continua em riscos de futuros golpes.

Estamos nas mãos de um Congresso que me leva a sentir saudades de Antônio Carlos de Magalhães, Roberto Campos, Maciel e outros adversários políticos. Que não tinham lá muito apreço pelo Brasil, mas não eram ignorantes “terraplanistas” e negacionistas, como se apresenta hoje a maioria eleita no Congresso.

Mas não fujamos as nossas responsabilidades, não culpemos só as mídias, a classe média, as manipulações religiosas e àqueles togados que mais cometeram crimes do que fizeram justiça. Temos nossa culpa a expiar. Lembrando Frei Betto, a cabeça pensa onde os pés pisam. Se não voltarmos a pisar na lama e continuar acreditando nos acordos feitos nos carpetes refrigerados do Congresso, o que aconteceu nesta última quinzena de maio de 2023 será a tônica nos próximos anos. E aqui, na nossa bela e cobiçada Maricá, iremos descobrir que não somos uma ilha, quiçá um país.


Sérgio Mesquita
Diretório Municipal do PT-Maricá