domingo, 28 de março de 2021

MOBILIDADE – DISCUSSÃO NO RENASCIDADE

 

Parabéns pelo texto, Humberto. O retrovisor deve nos servir de alerta pelos erros cometidos, para que continuemos em frente.

Na questão da mobilidade, fui apresentado a várias propostas, em sua maioria pontuais e muitas paliativas. Enquanto secretário de C&T, participei do Fórum de Desenvolvimento do Estado ( e continuo participando), patrocinado pela ALERJ, onde aconteceram vários encontros sobre o ponto mobilidade. Inclusive, uma consultoria francesa foi contratada para estudar o caso metropolitano, onde coloco aqui uma das discussões ocorridas, para ilustração.

Foi apresentada uma solução integrando modais distintos de transporte, que além de muito interessante, integrava a preocupação com a Saúde, levando o usuário a caminhadas através de áreas urbanizadas e plantadas, entre um modal e outro. Muito bonito quando ocorre na cidade ainda em seu início, mas dentro do caos estabelecido, os custos destes projetos ficam bem mais altos (desapropriação e etc.). Pensando, inclusive, na questão da formação da consciência do cuidado com a saúde. Imagino o cidadão atrasado, correndo entre um modal e outro. Abandona-se a ideia, acredito que não, mas ela sozinha não vai resolver a causa do problema.

No caso da Região Metropolitana da cidade do Rio, são pelo menos, 2 milhões de pessoas se locomovendo pendularmente, de suas cidades/moradias em direção ao centro da cidade e depois, voltando a sua moradia. Os modais ajudam, mas não vão resolver a médio e longo prazo. Como também a ideia dos turnos de entrada e saída diferentes, também pensado nas discussões e colocado pelo Ralf em seu texto. Funcionará bem no início, mas não resolverá o problema.

O grande causador do caos do transporte urbano está na concentração da oferta de emprego nas regiões centrais. Com ou sem pandemia, o problema provoca a concentração da demanda do transporte. No Fórum também foi discutido este ponto.

São várias as discussões em fóruns de arquitetura e urbanismo, no Ministério das Cidades, nas Secretarias de Desenvolvimento, Secretarias de Transportes, na necessidade de alterações nos Planos Diretores das cidades e outras áreas afins. Sem a integração dos diversos entes de decisão e a participação das categorias civis envolvidas, os riscos de boas soluções a serem perdidas, por falta de integração, é grande.

Vou citar três exemplos que conheci de perto, onde a falta de integração provoca problemas na mobilidade. Participei de uma imersão no Parque Tecnológico de Málaga, na Espanha. Como solução para o desenvolvimento do Estado de Andaluzia, foi desenvolvido o PqT em Málaga. Hoje são umas 20.000 pessoas trabalhando diretamente no Parque que, passam por um “engarrafamento” ao chegar e sair do mesmo. O transporte público que chega na região é o Metrô, que tem sua última estação na Universidade de Málaga, próxima ao Parque, mas com longa e difícil caminhada. Soma-se as dimensões do Parque, que inviabiliza o caminhar internamente. Todos utilizam-se dos automóveis, demandando áreas para estacionamento sempre crescentes. Neste ponto, como colocado no texto do Humberto, uma ação governamental faz-se necessária, mas com Estados cada vez mais mínimos...

O @22 Barcelona, passou a distribuir as empresas ligadas ao seu Parque, nos diversos bairros da cidade e entorno, distribuindo assim a movimentação de seus trabalhadores, inclusive levando desenvolvimento para áreas periféricas. O que lembra a decisão da Reitoria do Instituto Federal Fluminense – IFF, com sede em Campos-RJ. Construiu uma nova sede para a Reitoria no bairro periférico mais empobrecido de Campos, distribuindo a concentração de seus servidores e atraindo desenvolvimento para local.

Acredito ser esta a principal solução a ser tomada. Criar novas centralidades, aproximando o local de trabalho do local de moradia do trabalhador. Os bairros se transformarem em locais de moradia, lazer e trabalho. Para tanto, as discussões para tal devem ser públicas, transparentes e participativas, envolvendo todas as hélices pensadas no RENASCIDADE.

Trabalho árduo onde aponto um dos problemas que deverá ser discutido. O que fazer com o grande número de linhas, de ônibus e seus trabalhadores que, poderão sofrer impactos com a descentralização. De novo concordo com Humberto: - o governo deve ser atuante, no sentido de não provocar novos problemas na tentativa de solução de outros. E esta “força” deve ser acompanhada pelos demais entes governamentais e civis. A solução deve ser de todos e para todos, e não somente comercial, como focam a maioria das empresas de transportes.

Subsídios, horários distintos, modais onde possível, sozinhos não resolverão o principal problema, que para mim, não é financeiro, e sim no tempo que o trabalhador fica “preso” no “direito” de ir e vir. Parodiando o título de um filme de Hollywood, “A soma de todos os medos”, precisamos da “soma de todas as soluções”, de forma integrada.

Há braços.

Texto que originário: https://sustentamonos.blogspot.com/2021/03/vamos-continuar-olhando-so-pelo.html