domingo, 6 de setembro de 2015

Danton, Robespierre, Mensalão e Lava Jato

Há pouco publiquei na rede um texto retirado do Diário do Centro do Mundo sobre a importância da Revolução Francesa. Paulo Moreira Leite escreve que, se tivesse uma data para a humanidade, essa data seria 14 de julho de 1789, a data da queda da Bastilha, a data da Revolução que transformou as sociedades no mundo inteiro.

Escrevo esse texto, na data de hoje, 6 de setembro de 2015, véspera da data que comemora nossa Independência, após assistir o filme Danton. Sem entender muito o porquê, acabou vindo a minha cabeça a frase de Marx, “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. Após esse momento, começo a anotar alguns dos trechos do filme e a fazer paralelo com o nosso atual momento. A partir de então, pausas e recuos para rever os diálogos.

De cara a questão do Comitê da Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário, que a tudo julgam e interpretam e não dão satisfação a ninguém. Inclusive mandam decapitar quem os questiona, tema do filme. Difícil não remeter ao nosso momento (a história se repete), onde a mídia e o judiciário fazem o que querem como e onde acharem por bem, sem que deem qualquer satisfação de seus desmandos e mandos. Rasga-se a Constituição e o Direito para que seus pontos de vistas prevaleçam, mesmo que fascistas. Danton reclama que o povo deve julgar os atos do Comitê, como hoje pedimos a Regulamentação da Mídia e a Reforma do Judiciário, com a participação popular.

Outro ponto de coincidência fica claro quando o Juiz do Tribunal é questionado por um dos homens de Robespierre que, reclama estar o juiz complacente com Danton deixando-o falar. O Juiz diz não ser carrasco e ouve de seu interlocutor que é sim um carrasco a serviço da “população”. Neste ponto a coincidência é um pouco forçada, pois tanto Barbosa como o Moro, não parecem ter qualquer problema quanto a seus atos, como o juiz demonstrou no filme.

Como aocntece com os “réus” do Mensalão e do Lava Jato além outros fatos isolados, como a proibição do pobre ir à praia na zona sul na cidade do Rio, Danton fala ao povo presente que o julgamento teve início com a sentença já definida e suas testemunhas proibidas de falar e, que hoje, vivem em uma ditadura pior que anterior. Outro ponto em comum está na “delação premiada”, prometem a um dos deputados presos o perdão, se o mesmo assinar confissão de que existia um complô. O deputado assina e Danton e os demais vão à guilhotina. A história como tragédia.
No final Robespierre reconhece que a Revolução tomou rumo errado e a ditadura se faz necessária, pois a nação não se governa sozinha e a democracia é só uma ilusão.

Nos dias de hoje, após a fala de Robespeirre, lembrei-me de Saramago e Hobsbawn, cada um em sua razão, entendiam que a democracia ocidental não existe, é mero folclore, pois o mundo está privatizado e nenhum governante tem poder sobre a vontade das “Corporations”.

Certo é que estamos vivendo uma ordem às avessas onde o interesse da maioria está suplantado pelo de uma minoria, como vem se repetindo ao longo das eras, primeiro como tragédia, depois como farsa.

Dificilmente haverá acordo quanto à necessidade de que se realizem reformas como a política, do judiciário e da mídia, as demais viriam como consequências. Possivelmente somente após uma primeira revolução, onde não se façam acordos, o país poderá avançar. Mas que não repitamos a história, pois continuará farsa. Que avancemos a partir dos exemplos então.

Sérgio Mesquita

Secretário de Formação do PT-Maricá