Há pouco publiquei na rede um texto retirado do Diário do
Centro do Mundo sobre a importância da Revolução Francesa. Paulo Moreira Leite
escreve que, se tivesse uma data para a humanidade, essa data seria 14 de julho
de 1789, a data da queda da Bastilha, a data da Revolução que transformou as
sociedades no mundo inteiro.
Escrevo esse texto, na data de hoje, 6 de setembro de 2015,
véspera da data que comemora nossa Independência, após assistir o filme Danton.
Sem entender muito o porquê, acabou vindo a minha cabeça a frase de Marx, “A
história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. Após
esse momento, começo a anotar alguns dos trechos do filme e a fazer paralelo
com o nosso atual momento. A partir de então, pausas e recuos para rever os
diálogos.
De cara a questão do Comitê da Salvação Pública e o Tribunal
Revolucionário, que a tudo julgam e interpretam e não dão satisfação a ninguém.
Inclusive mandam decapitar quem os questiona, tema do filme. Difícil não remeter
ao nosso momento (a história se repete), onde a mídia e o judiciário fazem o
que querem como e onde acharem por bem, sem que deem qualquer satisfação de
seus desmandos e mandos. Rasga-se a Constituição e o Direito para que seus pontos
de vistas prevaleçam, mesmo que fascistas. Danton reclama que o povo deve
julgar os atos do Comitê, como hoje pedimos a Regulamentação da Mídia e a
Reforma do Judiciário, com a participação popular.
Outro ponto de coincidência fica claro quando o Juiz do
Tribunal é questionado por um dos homens de Robespierre que, reclama estar o
juiz complacente com Danton deixando-o falar. O Juiz diz não ser carrasco e ouve
de seu interlocutor que é sim um carrasco a serviço da “população”. Neste ponto
a coincidência é um pouco forçada, pois tanto Barbosa como o Moro, não parecem
ter qualquer problema quanto a seus atos, como o juiz demonstrou no filme.
Como aocntece com os “réus” do Mensalão e do Lava Jato além
outros fatos isolados, como a proibição do pobre ir à praia na zona sul na
cidade do Rio, Danton fala ao povo presente que o julgamento teve início com a
sentença já definida e suas testemunhas proibidas de falar e, que hoje, vivem em
uma ditadura pior que anterior. Outro ponto em comum está na “delação premiada”,
prometem a um dos deputados presos o perdão, se o mesmo assinar confissão de
que existia um complô. O deputado assina e Danton e os demais vão à guilhotina.
A história como tragédia.
No final Robespierre reconhece que a Revolução tomou rumo
errado e a ditadura se faz necessária, pois a nação não se governa sozinha e a
democracia é só uma ilusão.
Nos dias de hoje, após a fala de Robespeirre, lembrei-me de
Saramago e Hobsbawn, cada um em sua razão, entendiam que a democracia ocidental
não existe, é mero folclore, pois o mundo está privatizado e nenhum governante
tem poder sobre a vontade das “Corporations”.
Certo é que estamos vivendo uma ordem às avessas onde o
interesse da maioria está suplantado pelo de uma minoria, como vem se repetindo
ao longo das eras, primeiro como tragédia, depois como farsa.
Dificilmente haverá acordo quanto à necessidade de que se realizem
reformas como a política, do judiciário e da mídia, as demais viriam como
consequências. Possivelmente somente após uma primeira revolução, onde não se
façam acordos, o país poderá avançar. Mas que não repitamos a história, pois continuará
farsa. Que avancemos a partir dos exemplos então.
Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá