quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Quando o que importa é o equilíbrio

“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
Todos sabemos que a tecnologia existe e se desenvolve com o objetivo de facilitar e dar mais conforto em nossas vidas. Todo invento e suas futuras mutações, no papel, tem como objetivo a busca de uma melhor qualidade de vida, ou pelo menos assim deveria ser. Deveria por quê? Porque na realidade, o “lado negro da força”, que todos temos um pouco e em alguns se sobressai, acaba por transformar a tecnologia em um mal, e não um bem. Mantendo a linha cinematográfica, chegará uma hora já prevista nas telas de cinema, que a máquina cansará de nos ajudar e, por achar que será melhor para a humanidade, tomará o poder e nos guiará a partir de suas certezas matemáticas. Assistimos a isso em filmes “futuristas”, onde HAL (IBM) assume o comando em “2001 uma odisseia no espaço”, o “Caçador de Androides” e o aventureiro “Exterminador do Futuro”, entre outros. Filmes que nos alertam por conta do caminho escolhido por aqueles, que esfomeados por lucros e acumulação desenfreada de bens, destroem a vida humana e seu entorno, ou, quando bonzinhos, nos transformam em autômatos e ai trocamos de lugar com as máquinas. Porém, sem suas qualidades de velocidade e precisão, pois ainda somos humanos.

Agora por que esse “blablablá”? Porque temos o outro lado da moeda que, apesar de outro, sofre igualmente com o mesmo “lado negro da força”, que joga em todos os lados para não perder.
Nesse outro lado, o domínio deveria ser completamente nosso. No entanto, devido à mesma insensibilidade exposta anteriormente, prejudica-nos tanto ou mais. E infelizmente temos duas classes de homens e mulheres que representam bem esse ponto. Fica a ressalva de que não são suas totalidades, mas uma parcela dotada de visibilidade. São os médicos e juízes, que, a partir de opostos – mais ou menos humanos – prejudicam igualmente seus “clientes”.

Os médicos, principalmente os mais novos, já nascidos em meio à tecnologia, mais se preocupam com o resultado da máquina do que com o exercício do exame. Abandonaram o sexto sentido, que ficava em suas cabeças dizendo que existe algo mais a ser descoberto. Aos poucos vão se rendendo à máquina. E como quem as fabrica quer sempre mais lucro, não demorará o dia em que o médico só assinará a receita cuspida pela impressora, já indicando a qual farmácia ou laboratório o “cliente” deverá se encaminhar. Hoje, alguns já o fazem sem auxílio da máquina, mas os conglomerados, as corporações logo irão indicar automaticamente o remédio, a drogaria e/ou laboratório, por conta de seus acordos financeiros. Falta muito pouco para o fechamento do cerco. A tecnologia utilizada para benefício de alguns em detrimento do todo. E são esses profissionais que aos pouco vão perdendo sua humanidade, que passam a se manifestar politicamente sempre a favor do sistema que ignora os seres humanos, razão de suas existências e juramento.

Já os juízes, que por função deveriam ser os menos influenciáveis pelo meio, por seus sentimentos e, em vez de trabalharem com o “preto no branco”, à beira da insensibilidade, com imparcialidade, começam a deixar de fazê-lo, pelas mesmas causas que levarão as máquinas a nos guiar e os médicos a tornarem-se autômatos.

O lucro e a ganância de alguns, em detrimento da Justiça. Basta observar o comportamento recente de alguns deles durante a AP 470 (mentirão), na operação Lava Jato, no caso do “Trensalão” do PSDB e, agora, no voto de Gilmar Mendes em relação às contas de Dilma Rousseff. Declara seu voto pela aprovação, mas tem a certeza da existência de fraude muito bem-feita. Faz um discurso falando sobre irregularidades que não identificou e, diferente do comportamento adotado relativamente à AP 470, vota de acordo com o “preto no branco”. Deve estar com muitas saudades do Joaquim Barbosa, que, destemperado, chamou os holofotes para si, deixando os demais à vontade para rasgarem a Constituição.

Disso tudo que foi escrito acima, a única certeza que devemos ter, até como um norte a ser seguido, é que a falta de um equilíbrio, mesmo que tênue, nos levará ao caos. Nesse caso, o único sistema que não serve é a democracia.
Te abraço.

Sérgio Mesquita