domingo, 5 de maio de 2013

texto sobre o encerramento do Projeto da Secretaria de Cultura de Maricá: Golpe de 64: A história que não foi contada

GOLPE DE 64: A história que não foi contada

Depois de três cancelamentos fechamos o Projeto com o excelente show multimídia na Praça Orlando Rangel neste 1º de maio. Aconteceram alguns problemas de iluminação e som por conta da decisão de realizarmos em cima da hora o show, em um evento patrocinado pela Secretaria do Trabalho, ossos do ofício. Só podemos agradecer a oportunidade que nos deu a Secretaria do Trabalho e o apoio das Secretarias de Turismo, Educação e Direitos Humanos.

Foram cinco filmes com palestras e debates com a plateia, uma Batalha de MC`s, o Dia Internacional da Poesia e o show de encerrando o Projeto. Uma verdadeira aula sobre o período negro de nossa recente história.

O objetivo foi o de resgatar nossos verdadeiros heróis e apresentar para as gerações que não viveram aqueles momentos de terror (80 para cá), como aconteceu e as estratégias aplicadas para o sucesso do Golpe: o desmantelamento da Educação e a concentração dos meios de comunicação na nas mãos das famílias que apoiaram o Golpe. Tínhamos o dever de denunciar estas estratégias, pois elas são as mesmas utilizadas até hoje.

Muito timidamente conseguimos alguns avanços na questão da Educação, notadamente nos últimos 10 anos. Na questão da mídia a situação só não é pior por conta do advento da Internet que permite um contraponto à mídia “democrática”, mais com alcance limitado e com riscos de ser abafado por conta das propostas de controle pelo Estado (França, Inglaterra, EUA e outros),que em nome da segurança querem o controle total da Internet e nos calar mais.

Hoje praticamente só temos a Internet para denunciar as mesmas manipulações que aconteceram em 1954 (contra Getúlio) e 1964 (contra Jango). A mesma fórmula. Mentiras, ocultação do que não é de interesse e desvirtuação dos fatos, são práticas comuns nas grandes redes de televisão e mídia impressa. Verdades viram mentiras e mentiras viram verdades. Condena-se e inocenta-se com a mesma desfaçatez e cinismo, e preparam um novo Golpe nos dias de hoje. Não existe “interesse em acabar a corrupção” existe o interesse de retomar o poder. Não pelas elites – não os são, mais pelas classes que ainda dominam o país e não admitem a distribuição do que acreditam serem “suas” rendas.

Na realidade não são as questões religiosas, de liberdade ou não, que movem o mundo para as guerras de “libertação”. Foram e sempre serão lutas pelo capital e sua concentração. O bem contra o mal se traduz em mais dinheiro no bolso a qualquer custo.

Por isso fizemos questão de realizar este projeto pela Casa de Cultura e pretendemos fazer muito mais. Como cita Raul Castro: “devagar mais sem pausa”.

No mais só posso agradecer a equipe de colaboradores da Cultura e aos nossos amigos que incentivaram, criaram e discutiram o show em sua forma e conteúdo e, claro, ao nosso Governo Municipal.

Sobre a matéria "O flagelo silencioso"

Sobre o texto publicado em: http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed743_o_flagelo_silencioso


Após mais de 29 anos trabalhando na TVE-RJ e depois TV Brasil (através da OS – ACERP) posso arriscar alguma opinião sobre o assunto.
Durante o estudo de criação da EBC, foi colocado para os responsáveis do mesmo, a importância da não criação de uma Empresa de direito público, pois seria o retorno a um passado triste da TVE-RJ que foi de direito privado, passou para público, retornou ao privado (como OS) e, com a criação da EBC simplesmente deixaria de existir sendo substituída por uma televisão de direito público (TV Brasil).
Explicando o imbróglio de direito “público e privado”: por ser um meio de comunicação, os impactos tecnológicos são enormes e, se para cada atualização de seu parque for necessário licitação, irá correr sempre atrás do rabo. Outro ponto de igual importância está no seu quadro profissional. A dinâmica, o salário do mercado e atualização profissional, infelizmente está além do Concurso Público. Não estou defendendo terceirização de mão de obra como muito acontece principalmente nas OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Uma Organização Social está mais para Cooperativa de Produção do que prestação de serviço - Mal comparando. Somam-se a isso as fiscalizações que as OSs sofrem como se pública fossem, pois também recebem dinheiro público (Contratos de Gestão).
O fato é que a EBC foi criada e ainda patina por conta das dificuldades geradas por seu modelo jurídico. Quer e deve se “livrar” da ACERP (OS que cuidava da TVE-RJ e da Rádio MEC), mas não pode (ainda) abrir mão da mesma. Infelizmente deve acontecer com a EBC o que aconteceu com a TVE. Vai se descolar do mercado profissional e tecnológico, apesar de seu atual quadro de profissionais ser composto por gente atualizada. Porém dificilmente conseguirá manter seus melhores profissionais, como vem ocorrendo.
No meu ver, a atual direção não tem tanta responsabilidade assim no processo, pois está além de sua vontade, mas como alguns que lá estão defenderam o modelo atual, com certeza amargam pela decisão tomada lá trás.
Por ser uma empresa “política” talvez não esteja se posicionando como devia em relação ao tema. Uma empresa de comunicação pública deveria ser a primeira a gritar contra o processo de privatização do espectro público. Nos EUA a PBS, televisão pública, foi a única a noticiar a derrota do Bush filho, enquanto as privadas saudavam sua reeleição. Qual a diferença entre os modelos?
Defendi a EBC como uma empresa ou agência reguladora, mas como o modelo destas agências são o de privilegiar o privado em detrimento ao público, não sei se resolveria. O fato é que ainda estamos nas mãos das seis famílias detentoras do monopólio da comunicação e, caminhamos para o fim da neutralidade da Internet com o apoio da ANATEL. Nosso governo deveria enxergar estes movimentos e ter um posicionamento mais claro sobre o assunto.