sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Solução golpista para a PEC 241: construir e privatizar os presídios

Infelizmente, não é mais surpresa para ninguém, que esse governo golpista só trabalha para piorar a vida do povo e aumentar o lucro de seus sócios, apoiadores do golpe.

 As condições dos presídios são caóticas no Brasil. Tanto para os presos quanto para o sistema prisional que além de não preparar os detentos para sua liberdade posterior, na prática, os preparam para saírem como mestres ou doutores no crime. Pior, com uma humanidade ainda menor do que quando aprisionados.

Em qualquer lugar decente do mundo, em que a preocupação social é prioritária, presídios acabam fechados (Holanda recentemente) e escolas abertas. Nesses países, as condições de vida de suas populações são melhores e as garantias sociais são o motor da sociedade. Nesses países, a luta é pelo fim dos presídios que ainda existem. E como se dá? Dando condições descentes de vida para todos, investindo em saúde, educação e no trabalho. Um país onde a Justiça exista, é cega e é a mesma para todos. Um país que previna situações que poderiam levar um cidadão descente a cometer crime por estar desassistido. Saramago resume bem, no prefácio do Livro de fotografias “Terra” do Sebastião Salgado, como deveria funcionar a Justiça aqui: o que queremos é uma Justiça que se cumpra e um Direito que nos respeite”. Qualquer país que consiga que sua Justiça funcione nessa linha, a extinção dos presídios é consequência de uma política maior.

Aqui, abaixo da Linha do Equador, assistimos ao governo golpista trabalhar na contramão do exposto acima. A começar pela PEC 241 que vai congelar e privatizar a Saúde, a Educação, a Assistência Social, o salário dos servidores e outras maldades. Receita que não deu certo em nenhum dos países em que foi aplicada. As consequências já sabemos, o nível de desigualdade aumentará absurdamente e a barbárie atingirá a todos sem qualquer distinção, a exceção dos donos do poder, estaremos todos desassistidos.

E o que o nosso Ministro da Justiça, que já advogou para PCC em São Paulo, propõe? Propõe que sejam construídos mais presídios e que as penas dos presos sejam aumentadas, além de defender a privatização dos presídios, como nos EUA.

Aliás, nos EUA, apesar de ter as penas mais longas para seus presos - um caso popular foi de um homem que pegou três penas de 25 anos cada (75 anos, portanto, no total), por haver roubado um carro e duas bicicletas[i], discute-se o aumento das penas, a pedido dos donos dos presídios privados. Pois os mesmos estão reclamando da baixa taxa de ocupação. Chegam ao ridículo de compararem sua taxa de ocupação com a taxa de ocupação dos hotéis, como exposto no sítio do CONJUR: Elas recuaram para 90% em 2011, 88% em 2012 e 85% em 2013. Ou seja, as ‘prisões com fins lucrativos’ vêm perdendo a taxa de ocupação total. As taxas de ocupação dos hotéis americanos, de acordo com o site Statista, variaram de 54,6% em 2009 a 62,3% em 2013[ii]”.

Para os liberais, vale tudo, inclusive reclamar que está diminuindo o número de condenados. Nos EUA, além desse argumento espúrio e irresponsável, existem denúncias de juízes recebendo propinas para indicar para qual presídio será encaminhado o preso, como também os presos estarem sendo submetidos ao trabalho escravo. Indústria demitindo seus funcionários para pagar U$2,00 por dia para os presos[iii].

Fato é que a cada dia, o governo golpista, com apoio do Judiciário, vem cassando a liberdade de expressão da população, bem como os seus direitos conquistados a duras penas. A Constituição de 88, talvez a última conquista popular nesses últimos anos, é rasgada e jogada no lixo. Em seu lugar, temos os golpistas querendo mais presídios e menos escolas.

Até quando vamos ficar sentados no sofá?

Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá



quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Um pequeno comentário sobre a carta à Folha enviada pelo Moro

A reação natural, ao “post” do Paulo Nogueira no Diário de Centro do Mundo, deveria ser de incredulidade. Nenhum Juiz que se preze (exceção “talvez” para o Gilmar Mendes) enviaria carta reclamando de editorial que o desfavorecesse. Acredito que nem o Barbosa, quando abandonado, como bem lembrou o Paulo, o fez. Mas por tratar-se do Exmo. Sérgio Moro, ainda novinho, desmamando, caiu no “canto da sereia”, encantou-se e vai "quebrar a cara" também, como quebrou o Barbosa.

Na realidade Juiz – para lembrá-lo de sua função – o seu papel deveria ser outro. E se o fosse, teria o meu aplauso e de muitos. Bastaria que cumprisse a Lei como está no papel e não por questionáveis convicções. Simples assim.

Acredito que seus heróis, vivos ou mortos, da Operação Mãos Limpas, na Itália, estariam orgulhosos. Pois haviam deixado herança nesse mundo tão sofrido e injusto para com a maioria de sua população. Mas não! Insiste em citar em vão seus exemplos, e os mesmo devem estar entristecidos.

O fato juiz – de novo para lembrá-lo e em minúsculo mesmo – o seu papel, desde o caso do BANESTADO e depois no Mensalão, na redação do voto da Rosa Weber (dizem ter sido escrito por você), ficou claro que exerce a função não por vocação, mas para defender interesses que, pode até acreditar, mas estão à margem da Lei e da decência.

Certo, conseguindo levar o roteiro do Golpe até o fim, como planejado ou não. O seu nome e de muitos, como o do Temer, Gilmar, Cunha, Aécio, Serra e outros, estarão marcados na História do Brasil e do Mundo. Por mais que possuam apoio de uma mídia canalha, o Mundo já conhece a história de vocês, pois ainda não conseguiram calar a Internet – agora é tarde.

Lamento pelos seus filhos, netos e parentes mais próximos, pois em futuro bem breve, estarão escondendo seus nomes. E vocês, aqui ou acolá, tentando voltar ao pedestal como tenta o Barbosa.

Verdade mesmo juiz, é que o único que está se dando bem nessa história é o Cunha. Realmente vou acabar acreditando que ninguém vai tentar prendê-lo por medo de sua “delação”. Mas ele que se cuide, e não se esqueça do destino do PC Farias, o tesoureiro do Collor...lembra? São exatos 20 anos de seu assassinato, da possível queima de arquivo. Você ainda devia estar estudando para depois ignorar o que estudou.

Nenhum processo deveria estar acima da Lei.

Sérgio Mesquita

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-fabulosa-carta-de-moro-para-a-folha-por-paulo-nogueira/

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Temer e cumplices ignoram Gonzaguinha


“Um homem se humilha / Se castram seu sonho / Seu sonho é sua vida / E vida é trabalho /
E sem o seu trabalho / Um homem não tem honra / E sem a sua honra / Se morre, se mata /
Não dá pra ser feliz / Não dá pra ser feliz”.

O tão defendido, pelas corporações estrangeiras e federações das indústrias no Brasil, “Pacote de Maldades” do governo Temer e seus cumplices, ignora suas consequências para a população do país.

Aumento dos preços em consequência de uma política falida mundialmente, de novo submetida ao FMI. Aumento dos impostos. O fim das garantias trabalhistas, os cortes na Educação, Saúde e Cultura. O desemprego e o subsalário consequente. A entrega de nossa água e petróleo, o fim das garantias legais, com o aumento dos poderes policiais em detrimento dos Direitos. Um STF, MPF, PF e Mídia partidarizados e golpistas, submissos aos interesses das Corporações. Isso e muito mais, são colocados nas costas da Classe Trabalhadora, e de uma Classe Média que se recusa a ser Classe Trabalhadora, mas são os que mais pagam e sofrem por conta de sua ilusão. São os que vão pagar conosco a conta da entrega e destruição do Brasil.

E o Gonzaguinha? “Kico” com o exposto acima? “... E sem a sua honra / Se morre, se mata...”. Por isso o governo golpista do Temer tem sua estratégia na redução das garantias individuais, no fim do Direito e em uma Justiça que só enxerga os interesses das Corporações. Sabem que a violência vai aumentar, seja no campo ou na cidade. Uma violência que já possui índices altos se comparada a outros países ditos desenvolvidos.

É certo, que as políticas adotadas pelo PT em Brasília nesses últimos 14 anos, melhoraram e muito a vida da população brasileira. E uma das consequências, foi dar um pouco mais de tranquilidade ao andar nas ruas (mesmo que ainda longe do ideal). É sobre essa “tranquilidade” que esse texto pretende chamar a atenção. Gonzaguinha, em seu poema musicado, deixa clara a consequência a que pode chegar uma pessoa de bem, ao ver os seus com fome, sem qualquer assistência, desamparados - “Se mata, se morre”.

Márcio Valley, em seu texto “Entre a prisão e o ócio remunerado[i]” expõe brilhantemente as consequências da concentração de renda. Segundo ele: Em qualquer agrupamento animal do tipo "cada um por si" é natural que os indivíduos menos favorecidos ataquem a caça dos mais favorecidos. Portanto, a opção por essa espécie de sociedade importa a ciência prévia de que haverá um certo incremento nos assaltos à propriedade privada.”

Como outro exemplo, nos anos noventa, século passado, vivenciei de forma “traumática” um bom exemplo durante uma greve na TV Manchete. Fazia parte da direção do SINRAD-RJ (Sindicato dos Radialistas) e nunca deixei de me emocionar quando lembro ou relato o ocorrido. Fechamos os portões do Complexo de Água Grande, na cidade do Rio, então o maior e mais moderno estúdio de televisão no Brasil e na América Latina. Acorrentamos os portões e lá ficamos.

Um dos diretores da Editora Bloch nos procurou, eu, Tião Santos e Ricardo Freitas, diretores do SINRAD-RJ, para uma reunião, onde levamos juntos dois companheiros que trabalhavam no local. Fomos informados que o Bloch usaria dos meios disponíveis para abrir os portões - uma observação - a televisão não era mais da família, mas os portões serviam também a revista Manchete, por onde entravam as bobinas de papel. Era o portão ou os elevadores antigos que poderiam parar por conta do peso das bobinas.

Ao terminar a explanação, íamos começar a falar quando fomos interrompidos pelos companheiros que nos acompanhavam. O primeiro a falar, chorando, avisou que não ia esperar a polícia descer do caminhão e atacaria os policiais ainda do lado de fora da empresa. A vergonha em ver sua filhinha chorando de fome sempre que chegava em sua casa, o fazia desejar morrer. O segundo, na mesma linha, avisou que era aniversário de 15 anos de sua filha e ele não poderia comprar um sapatinho branco, também queria morrer por conta da vergonha. Não falamos nada, simplesmente encerramos a reunião e fomos nos preparar. Menos de dez minutos depois, veio o aviso que o Bloch usaria o elevador.

Temos de uma mesma causa, duas situações. A da “entrega” e o desejo da morte pela vergonha de ver sua família desprotegida, ou a do enfrentamento direto, como exposto pelo Márcio Valley. Certo, é que teremos a barbárie e, quem vai pagar a conta para além da Classe Trabalhadora, será a classe média por duas vezes. Nos custos e no desemprego (seu e dos seus) e pela violência direta que poderá vir a ser submetida. Por isso Temer e os seus, dependem do não cumprimento do Direito (Leis) e de um judiciário amaciado pela corrupção ou subserviência, outra vez, ao Golpe.

Mais uma vez a Classe que se acha Média, após ser usada e abusada no apoio ao Golpe, vai acordar. Não por consciência, mas pelo desespero consequente da crise e as arbitrariedades que também sofrerá na pele, para que a Classe Dominante e as Corporações continuem a lucrar no país. E mais uma vez vai se aproximar dos comunistas e dos “petralhas” na busca do resgate da Democracia e do Estado de Direito.

Lembrando Marx, “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.
O problema, é que até pouco tempo, o mundo era real. Hoje, esse mesmo mundo é virtual, e a farsa poderá durar mais tempo.

Toda sorte para nós.

Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá







[i] http://marciovalley.blogspot.com.br/2016/01/entre-prisao-e-o-ocio-remunerado-que.html