terça-feira, 11 de novembro de 2014

Assassinato em Iguala

Uma barbárie que não teve a devida repercussão na mídia ocidental. Quarenta e três estudantes assassinados por ordem do Prefeito e sua mulher na cidade de Iguala, no México.
O que fazer agora? Devem estar se perguntando as autoridades mexicanas e o mundo capitalista. Como reagir ou tentar retomar a vida, quando países ocidentais começam a incluir em seus PIBs, a receita advinda das drogas e da prostituição? Assim procedeu a Itália, e estuda seguir o exemplo, a Inglaterra, entre outros. O que fazer com a população mais carente, quando o Estado assume esse papel? A legalização às avessas.
Como reagir no México, país mais que exaltado por FHC e os seus como um dos exemplos a serem seguidos, se hoje ele apresenta todos os seus índices sociais abaixo da marca de há 20 anos? País que assinou o NAFTA, a ALCA e mais de trinta acordos bilaterais, chegar ao ponto em que chegou! O que fazer, quando os cartéis das drogas se apossam da Polícia, Justiça e do Parlamento? Como chegamos a esse ponto?
Chico Alencar, há muito tempo, falou sobre a guerra das drogas no Rio. Recusava a denominação dada pela mídia de guerra civil. Dizia ele que era uma guerra por mercado, uma guerra capitalista. Loucura? Claro que não. Primeiro a Inglaterra, quando, ainda Império, as drogas foram de suma importância para sua dominação na China. Os EUA as usou para “alimentar” seus soldados no Vietnã, e depois para financiar as guerrilhas de direita na América Latina, África e outros recantos. No Brasil, é ou será diferente?
A milícia, o tráfego e os comandos controlam áreas e decidem, após acordo, quais candidatos podem ou não fazer campanha eleitoral ali. E depois de eleitos? Serão cobrados na hora de votar em projetos de segurança ou de combate ao tráfego?
Já foi notícia que o crime organizado investe na formação de advogados, juízes e policiais. Quais as contramedidas por parte do Estado? Vamos esperar o que aconteceu no México? Pior. E depois que acontecer? Manda os tanques? Joga-se napalm? Qual será o resultado para além do surgimento de um novo “Beira Mar”, um novo comandante? E povo da “favela”? Baixa de guerra?
Aumento da repressão apenas, não resolveu e não resolverá. Baixar a maioridade e prender menores, não deu resultado onde foi aplicada. A Alemanha voltou atrás em sua Lei. E agora? O que fazer se chegamos aonde chegamos?
Agora mais do que nunca, lembrando uma propaganda da FIAT, “está na hora de rever seus conceitos”. Para tal, que elejamos um Congresso Constituinte e reformemos a Política, a Justiça, a Polícia e regulamentemos a mídia. Caso contrário, entraremos em guerra, e nosso inimigo comum, receberá apoio das “forças democráticas” ocidentais, como recebeu a Ucrânia, e nos tornearemos oficialmente fascistas. Já existem alguns brasileiros que, segundo Leonardo Boff, não moram no Brasil, moram no Leblon, Ipanema, Jardins e outros, e desejam essa ajuda ardentemente, quase que “trincados”.

Sérgio Mesquita

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Política Econômica na visão de quem não entende “xongas” de economia.

Pois é. Não entendo nada de economia. Leio um livro aqui, um blog lá e assim vai. Nada específico sobre economia, mas, dependendo do assunto, a economia é tratada com maior ou menor profundidade. Exceto no livro do David Harvey, “O enigma do capital – e as crises do capitalismo”, que estou lendo.
Porém, aprendi na vida, nas andanças políticas e outras, que existem posicionamentos e maneiras diferentes de se enxergar o crescimento ou não de um país. De afirmarmos se um país cresce ou não, dentro de um sistema capitalista, pois vivemos em um apesar da nossa mídia insistir em nos comparar a Cuba.
Assistindo hoje – tentando voltar a assistir aos jornais e programas televisivos que tratam do país e do mundo – o programa Painel da Globo News, onde Belluzzo e mais dois economistas debatiam o Brasil. Optei por desistir de continuar assistindo e fui escrever este texto. Aceito que tenho que ser mais aberto em relação a isso, mas dá enjoo. Parece que a eleição ainda não acabou e continuam as manipulações.
Assistia aos economistas defensores das “planilhas” com seus números e índices azuis contra os que utilizam a planilha como meio para um comentário analítico e não sintético. Que examinam a planilha para além dos números, atentos ao mundo em volta.
O assunto era a credibilidade do Brasil, e Belluzzo demonstrava que a credibilidade não é uma coisa que tem fórmula. O ter ou não ter depende de pontos de vistas. Como exemplo ele cita a recente eleição americana. Pequeno parênteses quanto à eleição americana. Foram mais de 100 plebiscitos realizados junto com as escolhas dos deputados. Fim do parênteses. O Partido Republicano (direita e oposição a Obama) ganhou de lavada do Partido Democrático e, no plebiscito que tratava do aumento do salário mínimo, ganhou a proposta do aumento. Os Republicanos são visceralmente contra o aumento e, a população que votou neles, também votou no aumento. O que isso significa? Como nossa mídia insiste em dizer que a crise acabou lá fora e os Estados Unidos estão em franco crescimento, por que dar “uma no cravo e outra na ferradura”? Beluzzo explicava, a população não vê e não sente esse crescimento. Acabam por desconfiar do Obama. Ela entende que só melhorariam de vida se o salário mínimo aumentar, pois, para eles, os números azuis na planilha não mudaram suas vidas.
Nesse ponto, o apresentador interrompe Beluzzo e diz que ele está depondo contra a Dilma, pois a Dilma não tem credibilidade, o Brasil não tem credibilidade. Foi quando desisti de continuar assistindo ao programa. Chegam às raias do absurdo quando precisam impor o pensamento de seus patrões, da classe dominante. Interrompem e tentam quebrar o raciocínio dos entrevistados. Com minha humilde inteligência, percebi o que o Belluzzo iria falar quando interrompido. A nossa mídia diz que o país está em crise, a economia a ponto de explodir e a maioria do povo vota na continuidade do projeto. Votam em Dilma. Porque sentem no seu dia a dia que a vida melhorou. Diferente dos EUA e da Europa, que continuam em crise. Aliás, a mídia deles afirma que a crise é pior do que a de 1929. Para nossa mídia, a crise acabou e todos crescem, à exceção do Brasil.
Os que enxergam somente números, falam que a arrecadação fiscal caiu. Verdade. Política de desoneração para se baixar custos, gerar empregos e incentivar a produção. A dívida pública aumentou. Verdade. Nunca se investiu tanto em infraestrutura quanto nesses últimos anos, gerando empregos e aquecimento do mercado interno. A Petrobras é a quarta empresa em investimentos no mundo. E para desespero deles, o governo mantem no Orçamento Federal as verbas para a manutenção de projetos como o Bolsa Família, Pronatec, FIES e outros.
Nos tempo dos economistas de Harvard, antes eram os Chicago Boys, a Planilha não teria nada disso. O país estaria em crescimento, pois não haveria déficit fiscal nem aumento da dívida interna. Pois não haveria emprego nem obras. Ouviríamos de novo que deveríamos apertar o cinto e dar nossa cota de sofrimento para que o país crescesse. Utilizando-se de termo um pouco mais antigo seria... “crescer o bolo para depois dividi-lo”. Alguém, em algum momento provou um pedacinho desse bolo?
Apesar de nossa democrática mídia dizer que o país não tem credibilidade, o índice do Risco Brasil na época de FHC era superior aos 2000 pontos. Hoje, está abaixo dos 200. Conclusão: vou continuar a frequentar os blogs e a mídia alternativa. Será melhor para a minha saúde mental.
Obs: Óbvio que essa política só foi possível por que tínhamos gerado reservas de capital para isso, ao longo dos governos do PT. Também é óbvio que um dia ela acaba. Se a crise continuar, teremos que pensar em outras soluções que, como a atual, entenderam que o melhor do Brasil, são os brasileiros.

Sérgio Mesquita