quinta-feira, 25 de outubro de 2018

A CADA PASSO QUE DAMOS, O MUNDO FICA DIFERENTE (Inspirado em Heráclito)


Texto desenvolvido a partir de comentário sobre um vídeo “estrelado” pelo Prof. Marcos de Dios, de Maricá, e a peça de teatro, “O rapaz da rabeca e a moça Rebeca”, encenada em Maricá pela FIOCRUZ, em parceria com as secretarias de Ciência e Tecnologia e Cultura.

Trata-se de uma rápida análise do momento atual por que passa o mundo e o Brasil, nestes momentos que antecedem o 2º turno das Eleições de 2018.

A partir dos ensinamentos do filósofo Heráclito, “nunca tomamos banho duas vezes no mesmo rio”, podemos afirmar que o mundo muda a cada segundo. Do mesmo jeito que o rio precisa de seu fluxo, correndo em direção ao mar, precisamos de nossas pernas para caminhar, seguir e mudar de direção a cada fato ou necessidade nova. As pernas devem estar livres para caminhar.

O Brasil seguia um “Norte” onde justiça, direito e respeito ao próximo e ao planeta caminhariam juntos e em benefício de todos. Mas o que acontece hoje, que nos afasta deste “Norte”?

Um primeiro ponto parte de mais uma das crises do Capitalismo, iniciada em 2008 e presente até os dias de hoje. Uma consequência é a evidência de que a classe dominante está dividida, com predomínio para os defensores do “rentismo” (investimento em papel e não na produção). Outra consequência está na saída do “armário” do fascismo que, a partir do ambiente propício causado pela atual crise, repete os anos 30 e 40 do século passado, além de ter sido usado como ferramenta por “democracias ocidentais” para derrubar governos, motivadas por interesses econômicos, como o petróleo. Um bom exemplo foi a nomeação, com apoio dos EUA, de um nazista que lutou ao lado de Hitler, na Ucrânia.

É esta conjuntura internacional que influencia e se reproduz no Brasil nestes tempos escuros, quase medievais. Cai a máscara do país não racista e não preconceituoso. A violência é propagada e defendida na mídia e por políticos até então nulos e/ou obscuros.

Os mesmos interesses econômicos e geopolíticos que influenciaram as “Primaveras Árabes” e as manifestações no entorno da Rússia, se reproduzem aqui por causa do pré sal e de nossos minérios nobres. A ponto de, deliberadamente, obrigarem o país a dar uma volta de 180º, destruindo todos os avanços conseguidos, sejam nas áreas sociais, de infraestrutura, econômicas ou na soberania nacional. Tudo é esquecido e jogado no lixo, através de uma mídia que usa e abusa da tecnologia, mais vive como se na idade média estivesse, ou das novas linguagens digitais na busca de divulgação de mentiras e mensagens de ódio.

Por outro lado, nossa classe dominante (rentista), usa e abusa de seus “gerentes de engenhos” encastelados nos tribunais da justiça e nos legislativos a ponto de se calarem quando ameaçados.

Encerrando, pensando em nossas crianças, chamo a atenção para a uma única proposta, tão perversa quanto as demais, defendida pelo candidato do ódio. O “Ensino Fundamental à Distância”. Tentou traduzir? Dá para imaginar, uma criança sendo alfabetizada sem a presença do professor ou professora (que como muitos do que estão a ler este texto, foi o primeiro amor)? Na realidade estarão se fechando escolas, demitindo os profissionais de educação, acabando com o almoço e janta a que muitas crianças só têm acesso na creche ou nas escolas públicas, como em Maricá, no RJ. Quantos pais e mães deixaram de trabalhar para cuidar dos seus, ou pior, deixar os seus nas calçadas e ruelas sem qualquer assistência, futuros reféns da criminalidade? Já pensou que, ao defender mais essa barbárie, você cruzará com um “elemento” deste, bem como seu filho ou filha? Tens condição de morar em Elysium? Vai viver atrás das grades de seu condomínio? A classe dominante vai continuar vivendo em seus castelos mandando, inclusive no tráfego de drogas, mas e você, gerente do engenho?

Que nossas pernas continuem livres!

Há braços e até a segunda, 29.09, se sobrevivermos a primeira noite.

Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá