Texto desenvolvido a partir de comentário sobre um
vídeo “estrelado” pelo Prof. Marcos de Dios, de Maricá, e a peça de teatro, “O
rapaz da rabeca e a moça Rebeca”, encenada em Maricá pela FIOCRUZ, em parceria
com as secretarias de Ciência e Tecnologia e Cultura.
Trata-se de uma rápida análise do momento atual por
que passa o mundo e o Brasil, nestes momentos que antecedem o 2º turno das
Eleições de 2018.
A partir dos ensinamentos do filósofo Heráclito,
“nunca tomamos banho duas vezes no mesmo rio”, podemos afirmar que o mundo muda
a cada segundo. Do mesmo jeito que o rio precisa de seu fluxo, correndo em
direção ao mar, precisamos de nossas pernas para caminhar, seguir e mudar de
direção a cada fato ou necessidade nova. As pernas devem estar livres para
caminhar.
O Brasil seguia um “Norte” onde justiça, direito e
respeito ao próximo e ao planeta caminhariam juntos e em benefício de todos.
Mas o que acontece hoje, que nos afasta deste “Norte”?
Um primeiro ponto parte de mais uma das crises do
Capitalismo, iniciada em 2008 e presente até os dias de hoje. Uma consequência
é a evidência de que a classe dominante está dividida, com predomínio para os defensores
do “rentismo” (investimento em papel e não na produção). Outra consequência
está na saída do “armário” do fascismo que, a partir do ambiente propício causado
pela atual crise, repete os anos 30 e 40 do século passado, além de ter sido
usado como ferramenta por “democracias ocidentais” para derrubar governos,
motivadas por interesses econômicos, como o petróleo. Um bom exemplo foi a
nomeação, com apoio dos EUA, de um nazista que lutou ao lado de Hitler, na
Ucrânia.
É esta conjuntura internacional que influencia e se
reproduz no Brasil nestes tempos escuros, quase medievais. Cai a máscara do
país não racista e não preconceituoso. A violência é propagada e defendida na
mídia e por políticos até então nulos e/ou obscuros.
Os mesmos interesses econômicos e geopolíticos que influenciaram
as “Primaveras Árabes” e as manifestações no entorno da Rússia, se reproduzem
aqui por causa do pré sal e de nossos minérios nobres. A ponto de,
deliberadamente, obrigarem o país a dar uma volta de 180º, destruindo todos os
avanços conseguidos, sejam nas áreas sociais, de infraestrutura, econômicas ou
na soberania nacional. Tudo é esquecido e jogado no lixo, através de uma mídia
que usa e abusa da tecnologia, mais vive como se na idade média estivesse, ou
das novas linguagens digitais na busca de divulgação de mentiras e mensagens de
ódio.
Por outro lado, nossa classe dominante (rentista),
usa e abusa de seus “gerentes de engenhos” encastelados nos tribunais da
justiça e nos legislativos a ponto de se calarem quando ameaçados.
Encerrando, pensando em nossas crianças, chamo a
atenção para a uma única proposta, tão perversa quanto as demais, defendida
pelo candidato do ódio. O “Ensino Fundamental à Distância”. Tentou traduzir? Dá
para imaginar, uma criança sendo alfabetizada sem a presença do professor ou
professora (que como muitos do que estão a ler este texto, foi o primeiro
amor)? Na realidade estarão se fechando escolas, demitindo os profissionais de
educação, acabando com o almoço e janta a que muitas crianças só têm acesso na
creche ou nas escolas públicas, como em Maricá, no RJ. Quantos pais e mães
deixaram de trabalhar para cuidar dos seus, ou pior, deixar os seus nas calçadas
e ruelas sem qualquer assistência, futuros reféns da criminalidade? Já pensou
que, ao defender mais essa barbárie, você cruzará com um “elemento” deste, bem
como seu filho ou filha? Tens condição de morar em Elysium? Vai viver atrás das
grades de seu condomínio? A classe dominante vai continuar vivendo em seus
castelos mandando, inclusive no tráfego de drogas, mas e você, gerente do
engenho?
Que nossas pernas continuem livres!
Há braços e até a segunda, 29.09, se sobrevivermos
a primeira noite.
Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá