segunda-feira, 16 de março de 2015

A Batalha de Argel em Terras Tupiniquins

Acabo de assistir ao pronunciamento do Governo Federal, hoje, dia 15.03.2015, após as manifestações contra o governo que aconteceram com destaque em São Paulo, terra do PSDB.
Não farei referência às perguntas dos valorosos e democráticos funcionários da mídia lá presentes, pois são as mesmas desde o ano de 2005, com uma roupagem mais moderninha (por conta da tecnologia somente) do que aconteceu em 1954 e 1964. Já que o título se refere a uma guerra de libertação... e as perguntas são sem novidades no “front”. Este é o espaço que dedicarei a nossa “democrática mídia”.

No filme, que retrata da luta do povo argelino contra a colonização francesa, quando um dos líderes guerrilheiro ou terrorista (prometi não citar mais, mas é assim que a mídia trata), está sendo “interrogado” de acordo com o Tribunal de Genebra – cinismo de minha parte - é acusado de ser covarde por usar crianças e mulheres na luta. O então “terrorista” – os franceses demoliram prédios com os moradores dentro - responde que: deem-me seus tanques e aviões e eu paro de usar minhas mulheres e crianças. Uma simples relação de troca.

Nossos bravos companheiros e ministros, Rossetto e Cardoso, e são bravos companheiros sim, responderam bem as perguntas. Foram incisivos em relação à defesa da democracia e o direito de se manifestar. Colocaram-se muito bem em relação àquela minoria que se manifestava a favor do fascismo, do retorno da Ditadura, impeachment sem qualquer base legal. Deixaram claro para quem ainda tinha dúvida, que não passavam de uma minoria que se aproveitava de um movimento democrático, total incoerência deles, os manifestantes golpistas.

Faltou a meu ver mais energia nas respostas de nossos ministros, quando os funcionários que interrogavam - obedientes a seus patrões - citavam o número de participantes na manifestação de São Paulo, e pediam a opinião deles. Em suas respostas não frisaram que parte daquelas pessoas que lá estavam, estavam porque passaram a semana toda sendo convocadas por uma imprensa, que luta desesperadamente para sobreviver e resgatar suas regalias, suas contas no HSBC, independente das necessidades do povo. Usaram de seus funcionários artistas para encher as manifestações em todo o Brasil. Faltou aos nossos ministros, a inspiração do “terrorista” argelino em suas respostas que poderia ser assim: “me deem os meios de comunicação de massa e vamos ver como serão as próximas manifestações”. Uma simples relação de troca, como propôs o argelino. O problema é que não responderam, como também não usamos nossas “criancinhas e mulheres”, que poderiam ser traduzidas em um novo Marco Civil, este sobre a Regulamentação da Mídia. O que trocar?

Para a sobrevivência de uma verdadeira democracia não pode existir, como no Brasil e outros poucos países, concentração dos meios de comunicação em poucas famílias. O exercício da democracia fica restrito a vontade destas poucas famílias. E ao contrário do que prega acanhadamente o governo, não nos interessa só a Regulamentação Econômica da Mídia. A Regulamentação da Ética Jornalística é muito mais importante e necessária, pois permitirá àqueles funcionários que hoje passam vergonha no exercício da profissão, trabalharem com altivez e responsabilidade pública e não privada.
Te Abraço.

Sérgio Mesquita