Assistimos em Maricá, no dia 05/5, um belo evento patrocinado
pelo Sindicato dos Profissionais de Educação – SEP-Maricá, com apoio da Secretaria
de Cultura de Maricá, que foi o lançamento do livro “Calabouço”, de Geraldo
Jorge Sardinha. O evento contou com a presença de várias entidades representativas
da juventude e estudantis. Contou também com presença do grupo musical,
composto por professores, “Docentes Bárbaros” que levantava a plateia entre as
diversas falas que aconteceram e, em especial, na homenagem ao Belchior
falecido recentemente.
Paulo Gomes e Geraldo Sardinha, estudantes em 1968, estavam no
restaurante Calabouço quando a ditadura civil-militar assassinou o também estudante
Edson Luiz. Sardinha foi um dos que carregou o corpo do Edson até a Assembleia
Legislativa. Falaram da época e apresentaram o Núcleo dos “Irredentos”, formado
por pessoas que, como eles, não se renderam durante o Golpe de 64 e não se
rendem até os dias de hoje, quando acontece mais um Golpe contra a democracia e
o povo brasileiro.
Situado o evento, vamos ao que me levou a escrever este texto.
“Por isso
cuidado, meu bem / Há perigo na esquina / Eles venceram e o sinal
/ Está fechado pra nós / Que somos jovens.”
Preocupou-me alguns dos discursos apresentados pelos jovens
presentes, que deixou claro a falta de unidade na luta contra o que está acontecendo
no Brasil e no mundo: -o desmantelamento da sociedade democrática e das
instituições civis e politicas.
Assisti a reprodução de uma velha política, esgotada e que só
serve a manutenção do “status quo”, independente da sigla e cor de sua
bandeira. Como disse Che, “ser jovem e
não ser revolucionário é uma contradição genética.” Portanto o que é ser
revolucionário nos dias de hoje? Repetir velhas práticas? A manutenção do tal “centralismo
democrático”? A luta por dentro das instâncias criadas por eles, para eles e pelas
leis feitas por eles? Como bem colocou Paulo Gomes - estas maneiras de fazer
politica já eram denunciadas como velhas por Gramsci, quando nos porões das
prisões italianas, no período fascista de Mussolini.
Minha geração e anteriores, não tem mais resposta para mudar o
que está colocado hoje. Não nos adianta repetir estratégias e táticas
anteriores, mesmo que bem elaboradas e exitosas à sua época, em outras
conjunturas, em outras realidades. Realidades estas totalmente diferentes da
que encontramos hoje.
“É você
/ Que ama o passado / E que não vê / Que o novo sempre vem.”
Eduardo Galeano nos dizia que
“como um povo pode almejar um futuro melhor se não conhece seu passado”. Devemos
sim, conhecer nosso passado, nossa história. Para, a partir das boas práticas,
do exitoso, sedimentar a base necessária para a mudança, para a busca do novo.
Para revolucionar! Os jovens de 1968 não aceitaram o “lutar por dentro das
instituições” como pregava o PCB, por exemplo. Pegaram em armas e foram à luta.
De forma acertada ou não, atendendo ou não à conjuntura do momento, tentaram
revolucionar.
Esse tipo de revolução nos atende nos dias de hoje? Vamos chegar
à conclusão que devemos ser mais radicais? Ou temos que nos preparar melhor
para não repetir os mesmos erros, e inovar e transformar a partir dos acertos
de antes. Repito, não será o PT, PCB, PcdoB, PSOL, PMDB, PSB, PSDB e demais, que
estão imbuídos na manutenção do atual status quo, imbuídos na manutenção desse
sistema político esgotado e atrasado, que permite desvios de condutas e princípios,
que vocês jovens devem se apoiar. Não! Está na hora de deixarem de serem
tutelados e a começar a mudar a forma de fazer política dos “véios”. São vocês
que devem nos pautar e apontar os novos caminhos e as novas formas de fazer
política. A estudantada de São Paulo mostrou a todos ser possível fazer
diferente.
“Ainda
somos / Os mesmos e vivemos / Como os nossos pais.”
Infelizmente assisti a reprodução da política “menor” que
acontece no Brasil. Forças que deveriam estar unidas em um combate comum, por
um objetivo final que atenda a grande maioria da população, disputando espaços
e quinhões de poder. Quem tem cargos, mesmo que sem “garrafas”, entendendo-se
por “garrafas” à população nas ruas.
Estamos perdendo e, não acredito que nos deixem em 2018 ou em
2020 como já insinuam, voltar a ocupar o Palácio em Brasília. Pois continuamos egoístas
frente às necessidades do país. E se, por “felicidade” chegar, vamos chegar
para quê? Vamos regulamentar a mídia? Fazer as reformas necessárias? Ou vamos
manter o sistema?
Se for conosco, os “véios,” é bem possível que prevaleçam os
acordos que a direita só cumpre quando de seus interesses. Mas se a juventude
estiver revolucionando, inovando, estarão nos calcanhares dos “véios”, nos
mordendo. Provocando-nos a ouvi-los e a perceber que mudanças são necessárias e
possíveis.
“Mas também
sei / Que qualquer canto / É menor do que a vida / De
qualquer pessoa”
À
luta.
Sérgio Mesquita
PT-Maricá