domingo, 30 de setembro de 2018

BENDITAS SEJAM AS MULHERES POR EXISTIREM ENTRE NÓS


Ainda na Década de 80 (século passado), tive como gerente na Ti da TVE-RJ, Waldez Ludwig, “cabra” gente boa, cabeludo e boa praça. Passado quase 20 anos, passo pelo canal da TV Câmara e deparo com uma transmissão “ao vivo” de uma palestra onde o palestrante provocava risos na plateia.  Acho-o conhecido, de terno, cabelo mais curto e um currículo do tipo, psicólogo, diretor de teatro e analista de sistemas. Era ele, o Waldez. O tema da palestra era “Novo milênio, nova economia, novo cidadão”. Era o dia 08.03.2000, o primeiro Dia Internacional da Mulher, no novo milênio.

Waldez explicava que o novo milênio era um milênio feminino, o milênio das mulheres. E ao começar a explicar o porquê, afirmava que a mulher possui algumas vantagens sobre nós, homens. Uma era a intuição, sempre forte. A outra, está no perceber o contexto como um todo, sem focar em um único ponto. Waldez brinca que, no começo de suas palestras fica falando um monte de besteiras, pois as mulheres não o escutam. Estão analisando-o, trocam sua roupa, notam o penteado, se a barba está “feita” ou não, e por aí vai. Por outro lado, nós homens quando vemos uma mulher, focamos em um único ponto de suas costas, abaixo da cintura e acima das coxas, o resto era detalhe. Por isso as mulheres começavam a galgar cargos de decisão e a chefiar metalúrgicas, petrolíferas, bancos e outras. Aconselhou que nós homens, imitássemos as mulheres, mas não precisava “aviadar” – a questão do politicamente correto ainda engatinhava.

Feita a introdução, vamos ao que interessa.

Insisto em meus textos e falas que o “golpe” se deu em 2012, quando juízes e juízas inauguraram a condenação do réu sem provas. De lá para cá assistimos a ascensão do golpe, onde Leis e Constituições não valem mais nada, perante àqueles que deveriam protege-las. Em meio a este caos ético e jurídico, nos encontramos a uma semana das eleições de 2018. E o que fazemos nós?

Vamos para campanha pensando em nossos espaços, nossos umbigos e, a eleição de 18 é tratada como pano de fundo para as eleições de 2020. Que se dane se os votos podem não ser contados, se o resultado será ou não respeitado. Interessa manter os espaços, mesmo que para tal, fingimos acreditar na atual institucionalidade do país. Deixo claro que não é “qualidade” da esquerda ou da direita, e muito menos que todos pensem só no umbigo. Mas infelizmente, a maioria age assim.

Crises, inimizades sendo criadas e a violência ganhando mais e mais espaço. Amigos que brigam e, talvez sem muito exagero, quiçá algum, vislumbro a Índia durante sua “independência” na década de 40 (século passado), quando paquistaneses e indianos, vizinhos, compadres e comadres, passam a se matar por conta das manobras do Império Britânico. Hoje, a época é outra, o império é outro e trata-se de brasileirxs contra brasileirxs. Porém o motivo é o mesmo. O lucro fácil, a ganância, mesmo que para tal, ajam mortes longe das fronteiras daqueles que lucram.

No meio do caos, eis que surgem as mulheres preocupadas com o todo. E a partir de um único movimento, “Ele Não”, juntam-se e deixam claro para nós, homens que, o “buraco é muito mais em baixo”. Ou unimos nossas forças, deixando de lado as diferenças ou todos perdem. O dia 29.09.2018, tornou-se o dia mundial do bom senso na política. Mulheres do mundo inteiro se uniram contra a barbárie, a favor do bom senso. Neste dia o mundo ficou mais belo, o sorriso e a esperança voltaram aos rostos deles e delas. O mundo não deve continuar mais sendo guiado a partir de poucos encastelados em algumas salas. O mundo deve e merece ser guiado por todos e todas, e como colocou Waldez, principalmente por elas, que enxergam muito além de seus próprios e belos umbigos.

Obrigado pelo rastilho de esperança que vocês mulheres mostraram ser possível manter. Que o dia 29.09 seja lembrado no próximo 07.10 e nos demais que hão de vir.

Que as Rosas e as Carmens submissas às classes dominantes, se espelhem nas Camens e Rosas que saíram as ruas neste dia lutando por JUSTIÇA.

Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá/RJ