quinta-feira, 16 de julho de 2009

NAVEGAR É PRECISO; VIVER NÃO É PRECISO. (17.07.2009)

Esta frase popularizou-se no Brasil com a música O Barco, de Caetano Veloso em seu disco Argonautas, lançada nos “anos de chumbo” da Ditadura. O que muitos não sabem é que antes do Caetano (que se inspirou, não se apropriou), esta frase foi realmente popularizada pelo poeta português Fernando Pessoa que, por sua vez, adaptou-a do poeta italiano Petrarcha (idos de 1300).
Petrarcha, diferente do sentido dado por Pessoa, usou a “precisão” no sentido puro dos equipamentos de navegação. Alguem imagina um avião navegando sem precisão, ou mesmo as Caravelas da época de Petrarcha? Por outro lado, qual a precisão que temos de nossas vidas além da certeza da morte? Daí...”viver não é preciso”.
A “precisão” da navegação nos é necessária para que tenhamos nossos sonhos e projetos apontados para um “norte”. Precisamos saber bem o que queremos, aonde chegar! Como chegar são outros “quinhentos”. Neste caso a precisão é a mesma da vida; não existe. É mais ou menos como estratégia e tática. Precisamos da estratégia para vencermos a guerra; nosso norte. A tática vai se desenhando de acordo com as batalhas a serem transpostas. Algumas vezes é necessário a derrota em uma batalha para se vencer a guerra.
Esta linha de pensamento vale para todos os momentos de nossa vida. Basta lembrarmos que um dos clássicos mais utilizados no marketing moderno foi escrito nos anos AC (antes de Cristo). É o caso da “Arte da Guerra” escrito por Sun Tzu (sec. IV AC) e, mais “recentemente” o Livro dos Cinco Anéis do samurai Musashi (1584-1645). Ambos os livros buscam o aprimoramento na arte da guerra e, são atualíssimos e muito usados nos cursos de Administração, no que tange a como administrar e enfrentar a concorrência do mercado.
Nossa Petrobras, há anos planejou ser uma empresa referência em geração de energia - estratégia. Gás, Bio-diesel e Álcool são algumas das consequências desta estratégia, além da referência de exploração em águas profundas.
Este mesmo processo vale para nossos governantes e legisladores. Se queremos mudar o mundo ou o município, temos que saber bem aonde queremos chegar (planejamento estratégico), para depois começarmos a galgar os degraus da mudança. Mesmo que em alguns momentos tenhamos de descer dois para subir três mais a frente. Qualquer atitude tomada sem um mínimo de planejamento e comprometimento com o mesmo, vai acabar por navegar em mares desconhecidos e possivelmente naufragar.
Como já colocado em outro texto, quando a coisa é mal feita no campo político, quem sofre é o povo. Segundo Waldez Ludwig, o erro só é aplaudido no circo porque o povo sabe que o artista está indo além dos limites. O prato cai e os aplausos acontecem pelo reconhecimento da dificuldade. Mas quando o público não sabe qual a dificuldade, não tem conhecimento do planejamento ou não enxerga a sua necessidade, vai certamente vaiar e o projeto será desacreditado.
Jucelito Wainer, foi meu professor na Faculdade, recomenda que quando você for apresentar um projeto, tese ou um simples trabalho, transforme a Banca, seus mestres em aliados, não meros avaliadores. Como? Informe com antecedência a ideia central, a linha de desenvolvimento, as referências que serão usadas. Seus examinadores se sentirão co-responsáveis e vão te ajudar com inclusão ou retirada de referências e outras propostas. No momento da apresentação, você terá aliados e não somente examinadores. Isto vale para a política também. O povo quer ser aliado, quer aplaudir.
Te abraço.