quinta-feira, 17 de março de 2016

O MODELO ESGOTOU


“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” - Secundaristas de SP praticam Vandré.
Não importa se de direita ou esquerda, nosso modelo de gestão política está superado e não responde mais às necessidades da população. Esse esgotamento é mais prejudicial no lado da esquerda, uma vez que a direita se serve muito bem do modelo. Em especial no sistema Capitalista, que ignora a população e se reinventa a cada crise há mais de 400 anos, nunca as solucionando sempre as contornando, “empurrando com a barriga”.
Se quisermos mesmo transformar o mundo em um lugar melhor para se viver e amar, devemos abandonar nossas atuais práticas e, a exemplo de 64, aprendermos com os estudantes, com a juventude que cria e transformas atitudes e está sempre incomodada com as mesmices.
Hoje, no meio de mais uma das crises do capitalismo, não conseguimos dar respostas à população. Não por não sabermos o que fazer, mas sim o como fazer e/ou como recuperar as práticas de democracia interna. Uma vez que hoje reproduzimos o patrimonialismo da classe dominante em detrimento da iniciativa e criatividade, característica do povo brasileiro e da esquerda.
A estudantada de São Paulo nos mostrou que nem tudo está perdido ou entregue, como querem nos convencer a mídia da classe dominante. Um grupo de meninas propõe durante uma assembleia, uma vez que esgotadas as várias iniciativas de diálogo com Alckmin, que as escolas sejam ocupadas. Mesmo sem saberem muito como, foram adiante e 200 escolas são ocupadas no estado de São Paulo. Fizeram com que Alckmin recuasse em seu projeto de privatização do ensino e aceitasse a demissão de seu Secretário de Educação.
Qual a diferença desse movimento estudantil para os demais movimentos? Ele foi decidido e organizado de forma horizontal e amplamente democrática. Não existiu chefe ou cacique. Os chefes e caciques que lá apareceram para apoiar e dar força ao movimento tiveram que se enquadrar à sua lógica e não o contrário, como estamos há algum tempo sendo “acostumados”.
Como colocado no excelente documentário de Carlos Pronzato, “Acabou a paz! Isto aqui vai virar o Chile”, os estudantes não aceitaram a visão “messiânica” da esquerda, de alcançar um futuro melhor. O futuro era aquele dia, é o hoje, como bem representou Vandré em sua música, retratada no subtítulo desse texto – “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Nós, velhos que nascemos nos movimentos verticalizados, mas ainda com alguma democracia interna, hoje não sabemos mais como exercer essa democracia e reproduzimos o cotidiano, mas o cotidiano não é mais resposta e nem solução. Ou olhamos para os mais jovens para beber (não “vampirizar”) de suas energias e olhar diferenciado de mundo, ou vamos “morrer” enquanto agentes que querem transformar o mundo em um mundo mais justo e digno de se viver. Um mundo que vá para além dos 20% da população, suficientes para manter a roda do capitalismo girando.
Parabéns aos estudantes secundaristas de São Paulo, por nos permitir conhecer um pouco de suas sabedorias através do documentário que vocês fizeram. Pronzato foi só a ferramenta de divulgação. Aliás, sendo justo, uma excelente ferramenta.

Sérgio Mesquita 
Sec. de Formação do PT-Maricá
https://www.youtube.com/watch?v=LK9Ri2prfNw