terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Foi-se a 1ª Década. Que Venha a Próxima.

É verdade que falta um ano para o final da primeira década do século XXI. Há pouco tempo, quase ontem, virávamos o Século XX. “Bug do Milênio”, final dos tempos e outras pérolas foram anunciadas e rogadas.
Quando chegou o primeiro dia do século seguinte, fora a ressaca que pode ter sido mais forte ou fraca, nada mudou. Mais um dia de um novo ano como qualquer outro. Nada de calamidades anunciadas e o “bug do milênio” rendeu bastante para os programadores de computador e, só.
No entanto, esta atual década ainda não findada, mostrou que muita coisa aconteceu e está por acontecer. Logo em seu início é derrubado o “Golias” americano. Os EUA sofrem atentado dentro de suas fronteiras (as torres do World Trade). O mito do país indestrutível, da economia forte e exército imbatível (mesmo após o Vietname), literalmente começam a desabar junto com as Torres.
O centro do poder desloca-se da América do Norte para a Europa, com sua nova moeda e ainda incipiente União e, continua a migrar para novas organizações e grupamentos governamentais, que buscam respeito e poder de decisão nas instâncias criadas no século passado, muitas desrespeitadas por seus próprios fundadores. Está aí a ONU que não nos deixa mentir.
Surge o G20 no finalzinho do século XX, o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) começam a despontar como futuras economias. Lula é apontado como personalidade do ano de 2009 (Le Monde) e não o Obama.
O clima começa a incomodar e ser usado como moeda de troca e barganha política. Questões como a fome e a SIDA, tratadas pontualmente no século passado, não foram resolvidas. Permanecem os problemas e soma-se a questão do meio ambiente que, devido as suas especificidades, não possui fronteiras para confinamento. Não adianta tentar isolar o clima, transferir as industrias poluentes para outras áreas, consumir ou poluir a água ou florestas alheias. A água, como as florestas derrubadas aqui ou acolá, irão impactar no mundo como um todo e não somente em algumas de suas áreas.
A situação está tão latente que a conferência de Copenhague quase militarizou-se. As ONGs que lá estavam foram expulsas, acordo por baixo dos panos denunciados, a presidente da entidade renuncia e um resultado pífio, imposto pelos grandes do século passado, é o seu relatório final. Nenhum compromisso sério, de impacto é assinado. Ficou como positivo a boa vontade de alguns países como o Brasil em vias de sancionar a Lei de Política Nacional de Mudanças Climáticas.
Falando no Brasil, experimentamos algumas mudanças por aqui também. Sentimos mais orgulho, não nos colocamos subservientes nos grandes encontros governamentais e passamos a exigir nossa parcela de dignidade e respeito.
A crise financeira que preocupou e ainda preocupa o mundo, acabou confirmando-se aqui não passar de uma “marola”. A política econômica, independente de sua “matiz política” tem garantido o mercado interno e mantido o dólar em níveis aceitáveis. A procura de novos parceiros para nossas exportações possibilitaram a manutenção de uma Balança Comercial favorável.
Temos problemas e não são poucos. Mas estamos conhecendo uma nova Polícia Federal e um novo Ministério Público que, apesar de todas as diversidades, se não conseguem tirar de circulação certos políticos e personalidades, deixam bem claro para a população quem são estes cidadãos sórdidos e em que estão envolvidos. A corrupção não está maior nem menor neste final de década, mas com certeza está mais exposta, divulgada e combatida.
Não conquistamos os direitos de sediarmos uma Copa do Mundo e uma Olimpíadas de graça. Como colocou Lula no Prêmio Brasil Olímpico, “foi fruto de muito trabalho sério”. Trabalho este, “facilitado” por toda uma política e postura governamental de respeito ao próximo, respeito ao povo brasileiro. Respeito este que fazemos por merecer a cada novo dia de luta e trabalho.
Otimismo exacerbado? Inocente? Petista? Não! Apenas acredito que nós, “homo sapiens”, não devemos ser tão ruins para com os outros e para com o planeta, como fazemos questão de demonstrar.
Que venha a próxima década!
Te abraço.

domingo, 23 de agosto de 2009

COM QUE ROUPA EU VOU? (14/08/2009)

Ao estilo – com muita presunção - do então deputado pelo PT, Chico Alencar, inspirado na letra do samba de Noel, escreveu carta ao Lula à época da cassação da candidatura de Vladimir Palmeiras ao Estado (1998), escreverei esta coluna com uma pequena nuance. Na realidade o título deveria ser “Com que roupa eu fico – oposição ou situação?”.
Esta dúvida está na cabeça de muitos de meus amigos e amigas por causa desta coluna, escrita em um jornal com perfil atual de oposição. Portanto, quero deixar claro aqui o meu posicionamento: Não mudei em nada, sou petista, apoio o governo por convicção e acredito na pessoa do Prefeito e sua índole. Foram uns 18 anos de luta (no meu caso) para chegarmos até aqui e, tenho a certeza, que serão necessários mais alguns para transformarmos nossa Maricá.
Hoje, temos completo um semestre de governo, com um Orçamento que já acreditávamos fictício e que a realidade se mostrou pior ainda. Mesmo assim, cobram-se resultados de anos em meses.
É fato que existem problemas, já ouvi muita reclamação. Entendo que na maioria das vezes, são coisas de súdito querendo ser mais rei que a própria realeza e outras, conflitos oriundos da própria coligação, o que acontece em qualquer eleição com qualquer Partido. Não é privilégio nosso.
O problema é que quando fui convidado para aqui escrever, o perfil deste jornal era também o de divulgação do governo com isenção, ou seja, elogiar e criticar quando assim achasse necessário e, sempre de maneira construtiva. Prática esta que nunca foi problema para mim e muito menos para o Quaquá, pois temos um belo histórico de debates.
Hoje, no meu entender, as críticas aqui apresentadas não estão lá tão construtivas o que me levou a iniciar uma conversa com o Diretor do Jornal, quanto a possibilidade do mesmo vir a virar panfleto ou não. Conversa esta que daremos continuidade, pois também sou amigo e tenho apreço pelo Ricardo Vieira, que é o Diretor.
Esta coluna, em especial será curta e grossa, pois estou atrasado com a mesma, são exatas 18:30 do dia 13.08 e o jornal tem que estar na rua amanhã e não tive disponibilidade para trabalhá-la melhor. Ricardo já me ligou e não quero deixar furo.
Te abraço e peço desculpas.

O QUE ADIANTA VIVER NA MAIOR DEMOCRACIA DO MUNDO SE TODOS LEEM A MESMA COISA” (07/08/2009)

O QUE ADIANTA VIVER NA MAIOR DEMOCRACIA DO MUNDO SE TODOS LEEM A MESMA COISA”
Oliver Stone
É a segunda vez que cito a frase acima. A primeira foi quando um jornal de Maricá escreveu que o Outras Palavras era do PT. Respondemos que não. O Outras Palavras foi idealizado, escrito e diagramado por petista e não pelo PT. Muito pelo contrário, por várias vezes fomos criticados nas reuniões do Diretório pelo espaço que cedíamos para munícipes de outras linhas políticas. É verdade que ao lado de cada texto ou informe publicitário, escrevíamos a “Opinião do Conselho Editorial” que, podia concordar ou não com o teor ali disponibilizado. Mas o espaço era garantido.
Voltando ao cineasta norte-americano, Oliver Stone estava preocupado com a “pasteurização” da imprensa no geral. Todos os grandes meios de comunicação noticiam as mesmas matérias, obtidas nas mesmas fontes e com as mesmas fotos. E, como apenas cinco empresas praticamente dominam a maioria dos órgãos de comunicação do planeta, fica impossível dizer que a mídia não é direcionada (matéria publicada na Revista Atenção, de onde foi retirada a frase de Oliver Stone). A título de curiosidade, duas destas empresas são a GE e WestingHouse, as demais: Sony, Warner e Disney.
É por essas e outras que dificilmente assistimos na televisão ou lemos nos jornais, as reais razões das campanhas escondidas atrás das notícias em destaques. Como exemplo, temos duas campanhas hoje no “ar”, ambas envolvendo diretamente a Petrobras. A CPI e o Conselho de Ética contra Sarney (não vou aqui defender Sarney e muito menos se temos ou não motivos para CPI e, deixo claro que não confio em políticos que passaram pela Arena, PDS e PSDB). O “pano de fundo” de ambas as campanhas, está na questão da liberação ou não do petróleo localizado na área do “Pré-Sal”. Sarney defende a exploração somente pela Petrobras, como exposto pelo jornalista e palestrante Oswaldo Maneschi, no Fórum de Comunicação Social promovido pela Prefeitura de Maricá. Na mesma linha, temos o responsável pela comunicação e patrocínio cultural da Petrobras, Wilson Santarosa, citado na CPI. Em entrevista na revista Carta Capital (05.08), afirma que o interesse escondido na CPI é a desestabilização da empresa para facilitar a exploração do petróleo no “Pré-Sal” pelas “multis”. Alguém em sã consciência acha isso impossível? Alguém em sã consciência acha que as bases americanas a serem instaladas na Colômbia são por conta do narcotráfico e ação humanitária?
Em Maricá, dentro de nossas proporções, acontece a mesma coisa quando jornais passam a atuar como panfletos e não como meio de distribuição da informação, a favor ou contra - não interessa. Se panfleto, não existe preocupação com a veracidade da informação e a discussão sobre a mesma.
Tem-se que ter cuidado com as fontes de pesquisa. Textos livres na internet como no sítio da “Wikpedia” podem ser pesquisados, mas com a confirmação do que lá está disponibilizado através de outras referências. Se não, você pode colocar uma informação (assinada ou não, copiada ou não) e ser rebatido.
Como exemplo, vou apontar duas fontes que podem levantar questionamentos em matérias já publicadas sobre os índios guaranis e sua ocupação territorial. Fonte: Enciclopédia Barsa: “(...) O grande tronco tupi-guarani se estendia do Rio Paraná à bacia amazônica e chegava aos limites da Guiana, incluindo a maior parte do leste brasileiro, com ramos para o oeste que chegavam até os Andes. Antes do descobrimento, houve uma forte migração dos guaranis para as proximidades do rio Prata, onde se estabeleceram.(...)”. Fonte: “As Demarcações Guarani, a Caminho da Terra Sem Mal”, trabalho de Maria Inês Ladeira, antropóloga do Centro de Trabalho Indigenista – CTI, “(...) Na região costeira do Sul e Sudeste do Brasil, entre os estados do Rio Grande do Sul e Espírito Santo, existem, atualmente, 53 aldeias guarani e incontáveis locais de parada provisória. As considerações apresentadas no presente artigo fundamentam-se na dinâmica de ocupação territorial dos Guarani que vivem atualmente nessa região litorânea do Brasil, cuja maioria é constituída pelos Mbya, seguidos dos Nhandeva (estes e os Kaiová compõem os três subgrupos guaranis no Brasil). Entretanto, muitas das situações que serão aqui mencionadas são também vivenciadas pelos Guarani no interior do Brasil, da Argentina e do Paraguai (...).
Boa leitura e discussão sobre a coluna.
Te abraço.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

QUEM NÃO SE COMUNICA... SE “TRUMBICA”. (31/07/2009)

Vou mudar um pouco a linha da coluna e vou falar sobre um assunto que me é bem próximo: a Comunicação. Em especial a institucional.
Aconteceu nesta última segunda, dia 27.07.2009, o Fórum sobre Comunicação Social promovido pela Prefeitura como preparação para a Conferência Municipal de Comunicação Social, a ser realizada em outubro. Como não escreverei matéria sobre o encontro, e somente farei considerações com intuito de colaboração, encerro o assunto do Fórum parabenizando as secretarias que o organizaram: Comunicação Social e Gestão de Metas.
Em relação a Conferência, acredito que o governo irá apresentar uma proposta de ação para discussão no evento. Esta proposta deve estar bem afinada com a Missão e Visão que o norteiam. E deve ter como objetivos finais, não só a democratização e distribuição da informação mas principalmente transformar esta informação em conhecimento nos corações e mentes da população.
Para tanto, a proposta que dará conteúdo e forma a Comunicação Social deve estar em total consonância com as demais Secretarias de Governo, ser alimentada e justificada por elas. Não pode e não deve ser mera repassadora de informação.
Outro ponto importante está na integração digital. Aqui a preocupação precisa estar além da liberalidade da conexão. A Comunicação Social em parceria direta com a TI da Prefeitura deve integrar o projeto social com o tecnológico. Terá a Prefeitura condições de interligar todo o município e suas unidades de uma só vez ou será em partes?. E no caso específico da Educação e a distribuição dos “lap-tops”, interligará primeiro as escolas e treinará seus professores no uso da máquina e da Internet ou simplesmente irá distribuir as máquinas? Quais sítios nossos mestres apresentarão para seus alunos, através da Comunicação, como referência de buscas e apoio ao processo educacional e de aprendizado?
Saindo um pouco do problema institucional, como se dará esta liberalidade para a população como um todo. A conexão será inciada em um grande “Portal” do município, generalista (com informação para os não munícipes) e uma área bem identificada para acesso dos munícipes em busca dos serviços que lá estarão disponibilizados? Ou nos contentaremos em simplesmente permitir o acesso livre para que todos alimentem seus “orkuts”, “msns”, twitter e outros?
Municípios que simplesmente liberaram o acesso sem preocupação inicial com o conteúdo não obtiveram crescimento social e menos ainda em seus negócios (divulgação do turismo, produtos locais e etc.). A única área que apresentou crescimento foi a de vendas de computadores.
Terminando, ainda temos a questão dos canais de Rádio e Televisão digital, com ou sem interatividade. Neste ponto específico fica como proposta a criação de uma Fundação Municipal de direito privado e sem fins lucrativos. Como? Deixo por conta de nossos legisladores as questões legais.
Dou a ideia pela experiência por mim adquirida nos 26 anos de televisão estatal/pública. Parte deles em fundação pública de direito público, onde fez-se de tudo menos televisão. Outra parte como Organização Social (privada sem fins lucrativos), o que permitiu maior agilidade na manutenção e criação do negócio de televisão e rádio. Para tal, cria-se um Conselho Administrativo, onde a Prefeitura indicará no todo ou em parte seus membros, de acordo com a Lei de sua criação e, inclua verba pública (contrato de gestão como ex.). Uma vez que o dinheiro público está envolvido, a Fundação fica passível de sofrer todas as fiscalizações dos órgão públicos afins, como se pública fosse e com a agilidade de empresa privada.
Te abraço.

domingo, 26 de julho de 2009

BRINCANDO EM CIMA DAQUILO (24/07/2009)

Calma! Apesar do título, o assunto é sério e dentro dos padrões morais da sociedade ocidental. Aquele que normalmente é exposto da porta para fora. Porque para dentro ou, como ouvi muito no movimento sindical – até a página cinco tudo bem, depois vale tudo. Mas, vamos ao texto.
Quantas vezes ouvimos de nossos pais e avós a recomendação: “menino olhe onde brinca”.
Mais novos e mesmo adolescentes, éramos todos super-homens, não sentíamos fome nem frio e mesmo quando algo dava errado, o prejuízo era só seu. Uns pontos aqui, alguns membros engessados e muitos sustos e aporrinhações para os pais e avós. Depois, só risadas e histórias repetidas ao longo dos anos. Conheço um adolescente que quando novinho, tinha o apelido de “Faz Merdinha da Estrela”. Dá para imaginar a encrenca né!
O problema é você como adulto, continuar a brincar. Brinca com a vida, o dinheiro e a esperança dos outros.
Você exerce uma profissão de maneira irresponsável ou pior, transforma em profissão o que deveria ser próximo da doação (nada de “franciscanismo”). Você vira político profissional, “ongueiro” ou milita no movimento estudantil durante anos e, pior ainda, tá cheio de cabelos brancos e continua estudante organizando a “juventude”. Hoje até pode aparecer na televisão e no jornal com “N” cursos incompletos, e você lá representando a estudantada.
Cara! Você não representa nada! Deixou de ser estudante há muito tempo. Não passa de um mero político que participa de uma eleição mais barata em busca de seus 15 minutos de fama. A institucionalização e a sede do poder é tanta, que a razão principal deixou de ser o povo, a causa estudantil ou qualquer outra. Dane-se que analfabeto esteja sendo aprovado no vestibular. “Luto por uma causa maior... estou inserido na discussão conjuntural nacional... luto pela solução do grande para resolver a causa menor”. “Balela”, nem o inglês vai ver! Estão brincando de representação – tudo “café com leite”. Mais ou menos como um senador que conseguiu nas urnas algo próximo dos 5% de votos, no estado do Amazonas, quando tentou ser governador e em Brasília brinca de representante do povo.
Não esqueci a ideia do Projeto de Lei de Iniciativa Popular “regulamentando” a profissão de político. Quer brincar de político profissional? Aposentadoria pelo INSS, não exercer o mesmo cargo eletivo por mais de duas vezes a qualquer tempo e/ou “zona” leitoral,... por aí vai. O problema está em achar um político que ajude no projeto: “Ehr... o quê? Desculpas, minha “tátara-tátara-vó” acabou de sofrer um acidente dirigindo na Linha Amarela...” É bom brincar. Também gosto. Só não vale com o povo.
Continuo com minha crença no ser humano inabalada. Segundo meu gerente, como Líder eu estou mais para avó (sem conotação sexual e de idade) do que para chefe. Mas existem momentos em que quase deixo-me levar. Quase concordo quando escuto que Brasília deve ser implodida. Porque se explodir... espalha e a cosia pode piorar.
Só para constar. A questão da explosão/implosão é maneira de se expressar somente - brincadeirinha. Vai que algum desavisado comece a me chamar de terrorista e o EUA invadam Maricá brincando de paladinos da liberdade? “Vixe”! Voltaremos a dançar “For all” e não Forró.
Encerrando, dia 20.07, foi comemorado o “dia do amigo”. E, amigo de verdade, que não brinca, é aquele que além dos tapinhas nas costas, também pisa no calo para que você se lembre sempre que existe o outro lado da moeda. Xingue o “desgraçado” pela lembrança da dor, mas depois agradeça e trate de tomar cuidado onde pisa.
Te abraço

quinta-feira, 16 de julho de 2009

NAVEGAR É PRECISO; VIVER NÃO É PRECISO. (17.07.2009)

Esta frase popularizou-se no Brasil com a música O Barco, de Caetano Veloso em seu disco Argonautas, lançada nos “anos de chumbo” da Ditadura. O que muitos não sabem é que antes do Caetano (que se inspirou, não se apropriou), esta frase foi realmente popularizada pelo poeta português Fernando Pessoa que, por sua vez, adaptou-a do poeta italiano Petrarcha (idos de 1300).
Petrarcha, diferente do sentido dado por Pessoa, usou a “precisão” no sentido puro dos equipamentos de navegação. Alguem imagina um avião navegando sem precisão, ou mesmo as Caravelas da época de Petrarcha? Por outro lado, qual a precisão que temos de nossas vidas além da certeza da morte? Daí...”viver não é preciso”.
A “precisão” da navegação nos é necessária para que tenhamos nossos sonhos e projetos apontados para um “norte”. Precisamos saber bem o que queremos, aonde chegar! Como chegar são outros “quinhentos”. Neste caso a precisão é a mesma da vida; não existe. É mais ou menos como estratégia e tática. Precisamos da estratégia para vencermos a guerra; nosso norte. A tática vai se desenhando de acordo com as batalhas a serem transpostas. Algumas vezes é necessário a derrota em uma batalha para se vencer a guerra.
Esta linha de pensamento vale para todos os momentos de nossa vida. Basta lembrarmos que um dos clássicos mais utilizados no marketing moderno foi escrito nos anos AC (antes de Cristo). É o caso da “Arte da Guerra” escrito por Sun Tzu (sec. IV AC) e, mais “recentemente” o Livro dos Cinco Anéis do samurai Musashi (1584-1645). Ambos os livros buscam o aprimoramento na arte da guerra e, são atualíssimos e muito usados nos cursos de Administração, no que tange a como administrar e enfrentar a concorrência do mercado.
Nossa Petrobras, há anos planejou ser uma empresa referência em geração de energia - estratégia. Gás, Bio-diesel e Álcool são algumas das consequências desta estratégia, além da referência de exploração em águas profundas.
Este mesmo processo vale para nossos governantes e legisladores. Se queremos mudar o mundo ou o município, temos que saber bem aonde queremos chegar (planejamento estratégico), para depois começarmos a galgar os degraus da mudança. Mesmo que em alguns momentos tenhamos de descer dois para subir três mais a frente. Qualquer atitude tomada sem um mínimo de planejamento e comprometimento com o mesmo, vai acabar por navegar em mares desconhecidos e possivelmente naufragar.
Como já colocado em outro texto, quando a coisa é mal feita no campo político, quem sofre é o povo. Segundo Waldez Ludwig, o erro só é aplaudido no circo porque o povo sabe que o artista está indo além dos limites. O prato cai e os aplausos acontecem pelo reconhecimento da dificuldade. Mas quando o público não sabe qual a dificuldade, não tem conhecimento do planejamento ou não enxerga a sua necessidade, vai certamente vaiar e o projeto será desacreditado.
Jucelito Wainer, foi meu professor na Faculdade, recomenda que quando você for apresentar um projeto, tese ou um simples trabalho, transforme a Banca, seus mestres em aliados, não meros avaliadores. Como? Informe com antecedência a ideia central, a linha de desenvolvimento, as referências que serão usadas. Seus examinadores se sentirão co-responsáveis e vão te ajudar com inclusão ou retirada de referências e outras propostas. No momento da apresentação, você terá aliados e não somente examinadores. Isto vale para a política também. O povo quer ser aliado, quer aplaudir.
Te abraço.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Construir ou Destruir (10.07.2009)

Por um acaso do destino, já passaram pela situação onde te param na rua e, com muito brilho nos olhos, apreensão e expectativa te pedem opinião sobre um projeto ou ideia? Você de “saco cheio”, dívidas para pagar e ainda brigou com a companheira. O que fazer?
Não adianta perguntar como vai avó, fazer comentário sobre o tempo. O cara vai estar lá, fazendo “suco de mão” (esfregando uma na outra), não ouviu nenhum de seus pretextos. Só espera a sua opinião que, para piorar, é considerada importante.
Você respira fundo, tenta limpar a cabeça dos pensamentos de segundos atrás e começa a pensar no que dizer. Pela situação, se não gostou, deve medir bem as palavras para não desmoronar com o cara – você está de “saco cheio”. Se no meio do turbilhão você ainda conseguiu ouvir e achar interessante, mais cuidado ainda. Para esquecer seus problemas, você entra de cabeça, incentiva, dá novas ideias e acaba passando a impressão de apropriação do projeto/ideia. Pode dar problemas.
Nestes casos, você foi procurado. Não meteu o “bedelho”, pode até não agradar, mas dificilmente perderá o amigo. Foi pedida e dada a opinião. Mas quando você não pede e nem mesmo conhece o infeliz que resolveu palpitar sobre seu trabalho?
É mais ou menos isso que acontece no dia a dia. Você estuda a teoria, tenta a prática, estuda mais um monte, pega no pincel e nada além de borrões na tela. Mas como conhece da teoria... vira crítico de arte – as vezes nem teoria, mas vira assim mesmo.
Por outro lado, você nasce com o “dom”. Não tem a menor ideia do como, mas pinta, toca, dá cambalhota. É admirado, amado e até mesmo estudado. Porém, o cara do parágrafo anterior te arruma um monte de defeitos... falta isso, não sabe aquilo, as mão são grossas. Mais ou menos como Salieri e Mozart.
Como exemplo destas situações, outro dia, na Rádio MEC, ouvi um comentário do povo do esporte oriundos da Nacional. Era o seguinte: “Antes, o crítico de futebol era aquele gostava do esporte. Se reunia com outros, debatiam e expunham seus pensamentos”. Nesta conversa foram citados Saldanha e Nélson Rodrigues. “Hoje – continuaram – qualquer um dá palpite e a maioria é comprada pelos clubes”. Como sou só próximo e não especificamente da área, continuei meu caminho com aquele sentimento de concordância.
O problema/solução, como já citado em colunas anteriores, é o advento da tecnologia. Tudo ficou mais rápido e acessível. Como exemplo eu virei ou acho que virei colunista. Pelo menos, até o momento não pediram para parar.
Existem várias ferramentas disponíveis onde, mesmo que não queiram, não podem te impedir de dar a sua opinião ou de se expressar. O problema está na velha e procurada honestidade. Quando honesta sua opinião, mesmo que contrária, será sempre construtiva e bem vinda. Para cima! Mas se desonesta, o efeito será contrário. Só destruirá aquilo que as vezes ainda não teve chances de aparecer. De nascer para o mundo.
Qualquer um pode identificar aquele artista que chorando, rindo ou preocupado tem sempre a mesma cara. Não precisamos de críticos para tal. Mas quando trata-se da sutileza da fotografia, é sempre bom alguém explicando as técnicas, suas origens e etc. Você pode até não gostar mais... vai saber porque. Mas quando o cara só fala mal, reclama mas não aponta caminhos e soluções, só atrapalha. Nestes casos basta lembrarmos das “Peneiras” de Sócrates. É verdade o que está sendo colocado? Vai fazer bem a alguém? É imprescindível que você saiba? Se ficou em alguma das três peneiras... Blarg!! Ignore.
Te abraço.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

E Josef Goebbels perdeu a guerra da mentira. (26.06.2009)

Para quem não lembra, Josef foi o Ministro da Propaganda de Hitler na 2ª Guerra. Ficou famoso, principalmente, pela frase “uma mentira dita 100 vezes torna-se verdade”.
Cito Goebbels pela atualidade, meados do século passado e “desatualidade” pela prática usada nos dias de hoje. A mentira é antiga. Desde que o Homem se compreende como ser social que ela existe. Goebbels só criou o jargão, como mais recentemente foi criado o “Consenso de Washington”. A diferença é que a frase do Josef era verdadeira, já o Consenso nunca existiu. Foi uma alcunha usada para justificar atos políticos/econômicos (mentirosos).
Infelizmente, nos nossos dias, esta prática de mentir ao povo é tão usual que nem é mais preciso repetir para virar verdade. Nossos políticos sabem muito bem da perda de tempo que é ficar repetindo a mentira. Basta publicar um Ato Secreto e pronto. Ninguém vai discutir o preço da reforma da cozinha ou, se fulaninho é parente ou não de sicraninho. Simplesmente não tomaremos conhecimento, pois é secreto. Salvo outros interesses.
O escárnio com a população é tão grande que onde deveria reinar a Democracia e o Bom Senso (maiúsculos), reina a promiscuidade (minúscula). A lama é tanta que tiveram que inventar os Atos Secretos para burlar suas próprias Leis internas (não vou me ater a Constituição).
Nunca me imaginei olhando para trás, coçando o queixo na pose de pensador e, chegando a seguinte conclusão: Merda! Josef era pelo menos sincero, tinha mais integridade!
O que nossos políticos querem? Um novo Golpe para que os mesmos se deem mais poder? Desanimarem mais ainda a população e acabar com a pouca fé, que ainda existe na Democracia? Estes monstros deviam ser expulsos e execrados da vida pública. Não com golpes. Mas com a afirmação da Democracia, o VOTO maiúsculo e consciente.
Não me interessam Goebbels e Sarneys. Chega! O problema é como manter o Congresso Nacional e os legislativos estaduais e municipais depois de tudo que fazem só focando os próprios umbigos. Como aprovar uma Lei que proíba o exercício de um mandato por mais de duas eleições? Exerceu dois mandatos de um determinado cargo (consecutivo ou não), NUNCA mais poder exercê-lo de novo. É uma ideia. Teríamos sempre renovação e não ouviríamos a frase “tenho vinte anos de mandato”. Fazendo o que além da perpetuação no cargo?
Podemos por nossa conta propor um “Projeto de Lei de Iniciativa Popular”, que venha proibir a perpetuação dos mesmos em Brasília, nos estados e municípios. Para tanto devemos apresentar um Abaixo Assinado (com o Projeto de Lei) com um total mínimo de assinaturas de 1% dos eleitores nacionais (1.260.000 de acordo com eleitorado de 2006), desde que pelo menos 5 estados participem com 30% de seu eleitorado. Ou, no caso de âmbito municipal, 35% de seu eleitorado (no caso de Maricá 26.000 assinaturas).
Temos os mecanismos para exercer pressão. Eles que ponham a cara de pau de fora e votem contra. No mínimo teríamos os nomes para pedir o não voto na próxima eleição.
Vou expor a ideia para algumas ONGs e outras entidades civis. Aguardem-me.
Te abraço.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

0x0 ou 1x1 (19.06.2009)

Ainda na linha do relacionamento humano, vou falar de uma situação que “surfa” desde as negociações políticas e sindicais até nosso dia a dia dentro de nossa casa. Até onde podemos e devemos ceder e, até onde devemos “esticar a corda”?

Nas questões sindicais e políticas precisamos trabalhar no limite da corda se quisermos tirar algum benefício para a classe trabalhadora ou para a população. O empresariado em geral, bem como a maioria de nossa classe política, está mais preocupado com seus bolsos e menos com o povo e a classe trabalhadora.

Neste caso para podermos obter algum benefício comum, temos que ter a população ou os trabalhadores como aliados e trabalharmos no limite do radicalismo. É imprescindível a aliança e o posicionamento firme para que demonstremos ter “garrafas para vender” na hora da negociação. Caso contrário, seremos engolidos pela avareza e egoísmo daqueles que em nosso nome locupletam-se e enriquecem.

Já em nossa casa, a coisa muda um pouco. Temos de ter consciência da total perda e ataque ao “seu” espaço, ao individualismo – vale para ambas as partes, quando da opção de uma vida em comum.

Neste caso, não devemos esticar a corda. Pelo contrário. A situação é a mesma para os dois. Comecemos cedendo espaço aqui para buscar outro acolá. Pois na pior das situações, se existe a possibilidade de negociação é por que existe a possibilidade de continuar juntos.

Se você gosta de cinema e ela de futebol (por que não?), qual o problema dela jogar sua peladinha e você curtir um drama no cinema? Já imaginou se nenhum e nem outro? Vai dar problema. Você vai acabar indo ao cinema escondido e ela chutando o pau da barraca (de chuteira) e indo para o futebol e, se tiver a cervejinha depois “se tá lascado”.

Não seria melhor você ir ao cinema, com ou sem ela e, ela ir para o futebol, com ou sem você e todos ficarem bem quando chegarem em casa? Ela contando as jogadas – você fingindo que ouve e, você falando da fotografia do filme – ela fingindo que ouve. Cabeça de um no colo do outro, sorrisos e uma boa chance de rolar uma saliência. Perfeito!

Como bem coloca Djavan em sua música “Se”: ela quer zero a zero eu quero um a um. Não nos anulemos, empate só é ruim quando zero a zero. Um a um ou dois a dois tá de bom tamanho mas, não exageremos. Placar como cinco a cinco ou seis a seis só demonstram que a vida a dois é mera conveniência para ambos.

Te abraço.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Prática Teoria Prática ou Teoria Prática Teoria (12.06.2009)

Para quem boiou com o título acima, este é um dilema por que sempre passou a política partidária e sindical. Os resultados da luta sindical em especial, e os da política, em relação a formação de seus quadros não andam bem por conta da não escolha do processo.
Eu mesmo como Secretário de Formação Política em Maricá, não ajudei muito. Assumo publicamente a falha.
Vivi a formação política com mais intensidade nos tempos de sindicato e, defendia e defendo a linha da Teoria Prática e Teoria.
Acredito que preparando-se o militante, explicando o por que dos atos e necessidades, contextualizando-o em relação a conjuntura, atual e passada. A “não simples” distribuição de um jornal seria realizada com eficiência e eficácia. Eficiência em distribuir o maior número possível com matérias afins e eficácia em saber que aqueles distribuídos serão lidos. No movimento sindical você deve aprender como distribuir para não perder material e atingir o objetivo. Manda-se o obreiro - termo dado ao dirigente “braçal”, ele vai fazer igual aquelas pessoas que distribuem propaganda de “compro ouro”, “dinheiro fácil” ou “sex-shopping”... “ops” ato falho. Não temos diferença no resultado. Você pega, dá alguns passos e... lixeira ou chão se mal educado.
O exemplo acima serve para qualquer atividade. Política, profissional e mesmo religiosa. Quantos de nós já não fomos parados ou bateram a nossa porta para pregação? Já tentou abrir uma linha de discussão? Amigo, saiu do versículo acabou. Não tem debate.
Como exemplo, morava em Niterói e todos os domingos, entre sete e oito horas da manhã, duas senhoras crentes batiam a minha porta. Na segunda vez não aguentei (haveriam outras) e comecei a me posicionar. Falei um monte de besteiras – sem faltar ao respeito, para ver no que dava. Abri uma linha de pensamento divergente. Disse que todos no mundo adoravam o Demo – foi expulso do céu e precipitado em direção a Terra; gaguejaram; disse que as guerras e fome aconteciam justamento porque o Demo não era perfeito como Deus; gaguejaram; finalizei dizendo que todas as religiões pediam dinheiro por que o Demo gosta de vida boa, e vida boa custa caro; despediram-se gaguejando e nunca mais na minha porta. Já na do vizinho...
Elas poderiam me contestar. Nem me ameaçaram com a chama eterna.
Em uma palestra sobre obsessor – já em Maricá, que assisti em um Centro Espírita, ao final brinquei com os médiuns (amigos meus). O palestrante falou que em muitos casos, casais brigam porque o obsessor da mulher (ciumento) faz com que briguem. Ao final, todos vieram falar comigo – sabiam que perdia a virgindade quanto a visitar um Centro. Eu disse que na realidade eu era um cara caseiro, não gostava da noite e menos ainda de cerveja. O problema era o infeliz do obsessor da minha mulher me fazia chegar tarde da noite e etc. Gargalhadas. Eles sabiam da minha falta de conhecimento e, eu sabia do conhecimento deles. Ninguém correu ou ficou chateado. Houve respeito e não tentativa de convencimento.
Esclarecendo: não tenho problemas com religião, crença ou seita. Tenho amigos em várias. Discuto algumas práticas e não a fé. No caso das crentes em Niterói, esperei um raio na cabeça com a força de todos os Deuses. Não aconteceu. Acredito por que todos concordaram quando Jesus chutou o camelódromo no Templo.
Sem me estender mais, a formação em qualquer etapa da vida é importante. Principalmente durante nossa infância. Ainda bem que o ensino está mudando e hoje aprendemos menos dadas e mais por quês.
Tê abraço.
Ps: enquanto o site do jornal não entra no ar, textos anteriores em sergiomesquita.blogspot.com


Não consta no Jornal
Na mesma linha religiosa e demonstrando a necessidade de uma boa formação, o texto a seguir (uma das versões distribuídas na rede) demonstra bem como podemos tirar proveito de um bom conhecimento:

Pergunta feita pelo Dr. Fernando, da FATEC em sua prova final do curso de maio de 1997. Este doutor é reconhecido por fazer perguntas do tipo: "Por que os aviões voam?" em suas provas finais. Sua única questão na prova final de maio de 1997 para sua turma foi: "O inferno é exotérmico ou endotérmico? Justifique sua resposta." Vários alunos justificaram suas opiniões baseados na Lei de Boyle ou em alguma variante da mesma, um aluno, entretanto,escreveu o seguinte: "Primeiramente, postulamos que se almas existem, então elas devem ter alguma massa. Se elas têm, então um conjunto de almas também tem massa. Então, a que taxa as almas estão se movendo para fora e a que taxa elas estão se movendo para dentro do inferno? Podemos assumir seguramente que uma vez que uma alma entra no inferno ela nunca mais sai. Por isso não há almas saindo. Para as almas que entram no inferno, vamos dar uma olhada nas diferentes religiões que existem no mundo hoje em dia. Algumas dessas religiões pregam que se você não pertencer a ela, você vai para o inferno... Como há mais de uma religião desse tipo e as pessoas não possuem duas religiões, podemos projetar que todas as almas vão para o inferno. Com as taxas de natalidade e mortalidade do jeito que estão, podemos esperar um crescimento exponencial das almas no inferno. Agora vamos olhar a taxa de mudança de volume no inferno. A Lei de Boyle diz que para a temperatura e a pressão no inferno serem as mesmas, a relação entre a massa das almas e o volume do inferno deve ser constante. Existem então duas opções: 1) Se o inferno se expandir numa taxa menor do que a taxa com que as almas entram, então a temperatura e a pressão no inferno vão aumentar até ele explodir. 2) Se o inferno estiver se expandindo numa taxa maior do que a entrada de almas, então a temperatura e a pressão irão baixar até que o inferno se congele. Se nós aceitarmos o que a menina mais gostosa da FATEC me disse, no primeiro ano: "só irei pra cama com você no dia que o inferno congelar" e,levando-se em conta que ainda NÃO obtive sucesso na tentativa de ter relações sexuais com ela, então a opção 2 não é verdadeira. Por isso, o inferno é exotérmico." O aluno Sérgio Fonseca tirou o único 10 na turma.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Consternação: Até onde e por quem? (05.06.2009)

Antes de qualquer formação de juízo sobre minha pessoa, em consequência ao texto a seguir, vou deixar bem claro que passei uma segunda-feira de merda em consequência do voo da Air France. Uma amiga de trabalho perdeu o marido.
A observação acima, quanto a formação de juízo, é porque farei alguns questionamentos, na linha dos textos anteriores mas, desta vez talvez um pouco mais antipático.
Questiono por exemplo porque um caderno inteiro no jornal O Globo sobre o desastre. Segundo o mesmo jornal, em matéria de 2007, nos 10 anos (87-97) morreram em média 98 pessoas/dia em acidente de trânsito, um acidente aéreo a cada dois dias. Fora o interesse estatísticos, onde não se leva em consideração os familiares e a vida dos mesmos a partir da tragédia, estes dados só repercutem em período eleitoral ou, se alimentam escândalos políticos.
No jornal de hoje, 02.06.09, também era assunto o retorno do garoto Sean para viver com o pai biológico nos EUA. Na matéria, uma foto de uma das passeatas para que o menino ficasse no Brasil. Pergunto eu: alguém viu passeata para que se adotem meninos/as de rua ou, para que os mesmos voltassem para as favelas para viverem com seus pais? Isto me lembra passagem do filme Tropa de Elite. Deve ter doído a muita gente, as verdades que o policial de preto, falou para os participantes de branco. O filme não inventou a situação. Muitos daqueles que participam dessas passeatas, estão lá para ficar “bem na fita”. Depois vão beber ou cheirar e pegar seus carros para mais uma aventura.
Em Maricá lembro quando através da Ação da Cidadania, promovemos cursos de alfabetização de jovens e adultos. Nosso prefeito estava junto. Tivemos a excelente participação da professora Alrenice, que esteve junto com Paulo Freire nos idos e não esquecidos anos de chumbo (década de 60/70). Montamos turmas que iam de evangélicos (Ubatiba) a pedreiros (Caxito). Na época o empresariado de Maricá (maioria esmagadora) não contribuiu com nada. Mudavam de calçada porque era coisa de comunista petista. Reclamam de que hoje? É verdade que com a eleição do Washington, muitos passaram a estar “juntos”. A dúvida é se estão juntos da ideia ou querem apenas ficarem bem na fita. O tempo dirá.
Tentando limpar um pouco minha barra, fico emocionado a cada notícia de bala perdida, assassinatos gratuitos ou não, deslizamentos e etc. Resumindo, a cada desgraça que alguma família sofra, independente de conhecer ou não. Quando se é próximo pior ainda. Segundo meus filhos, me emociono em filme de Rambo – total exagero da parte deles.
Meus pêsames a cada família do voo 477 da Air France, em especial a Sueli a quem conheço. Meus pêsames a cada família vítima de atropelamento (por deputado ou não), bala perdida e outras desgraças.
Com todo o exposto acima, não perco a esperança e muito menos a vontade de lutar por ela. O ser humano vale a esperança! Espero que todos pensem parecido.
Te abraço.
Ps: Parabéns Délcio pelo livro Pivetim. É Maricá bem na fita por merecimento.

Cala-te (29.05.2009)

Puts... quarto número do Jornal, quarta semana. Tenho pena do Moisés, sei não ser fácil manter um Jornal semanal em Maricá. Na época do Outras Palavras, tentamos um período quinzenal e voltamos ao mensal. Agora, tenho que escrever a minha coluna semanal e, o que escrever?
Pensando no assunto, lembrei de um dos excelentes e-mail que recebi. Foram duas versões sobre “As Trés Peneiras”, uma do Sócrates e outra de Buda. Não me assustaria se recebesse mais uma versão, esta do Sr. Crayson. Internet tem destas coisas, o mesmo tema para vários personagens, você que filtre.
Como estou escrevendo em “real time”, lembrei da redação que fiz para Gama Filho ou Cândido em 2006 quando resolvi voltar a estudar. O tema era Internet.
Explorei em minha redação a falta de conhecimento que temos sobre a força da mesma. Sua capacidade e poder de inserção com mentiras e com verdades. Nós enquanto maioria, não nos percebemos o quanto nos tornamos totalmente dependente dela.
Como exemplo deste poder, citei duas situações distintas. A primeira quando o sub-comandante Marcos, líder da guerrilha Zapatista no México, impediu o avanço do exército e o possível genocídio índio com seu “lap top” e uma conexão internet. A segunda, foi sobre o chines que leiloou a alma na Internet e, recebeu lances até que o governo chines retirou do ar o sítio. Acho que só entregaria a alma depois de morto.
Estes dois exemplos servem bem para demonstrar o “tamanho do barulho” que é esta tal Internet. Daí, se seu Crayson escrever sobre as peneiras....
Voltando a falta de assunto e assumindo Sócrates, o texto trata de uma notícia que querem dar ao filósofo. Sócrates pergunta ao cidadão se a notícia passa pelas trés peneiras ou filtros (depende da versão). O filtro da “Verdade”: É fato o que vais narrar? Tens como comprovar? O filtro da “Bondade”: Vai fazer bem a alguém o que vais narrar? O filtro da “Necessidade”: É imprescindível que eu saiba o que vais contar?
Se o que você tem para falar passa nos filtros, por favor não guarde segredo! Mas, se ficar em algum dos três – não fale, pois será fofoca. Meu amado sogro, seu Manel, repete uma versão mais popular das peneiras: “se não tem nada de bom para falar, fica calado” ou ainda: “perdeste uma boa oportunidade de ficar calado”. Uma versão mais curta teve o rei da Espanha para o presidente venezuelano Hugo Chaves: “Cala-te”. Simples assim.
O fato é que muito projeto ou imagem pessoal podem ser destruídos por leviandade ou simples maldade. O tempo que temos para construir nossa história é infinitamente maior que o tempo que leva-se para destruir esta mesma história. Sejamos mais seletivos na recepção ou transmissão de ideias ou conceitos. Calemo-nos, se o que temos a dizer fica em algum dos filtros.
Te abraço.

Unanimidade é burra! Inteligente é a Unidade (22.05.2009)

Quase como continuidade do artigo anterior (Quero um abraço!), onde a tônica foi o egoísmo, o isolamento que está tomando conta da sociedade atual, vou me posicionar quanto a falta do companheirismo em nossos locais de trabalho e no nosso dia a dia. Vale a ressalva que não estou mediando nada. Vou ao extremo e, você que me lê, que faça a mediação.
Em nossa fantástica sociedade – é fantástica sim, deparamo-nos com os mais variados inventos e novas verdades. Há pouco, o ovo fazia mal a saúde hoje... É neste mundo, de novidades e reviravoltas que uma coisa tem se mantido e aprimorado desde a Revolução Industrial: a competição com o próximo.
Na escola aprendemos a competir com nossos amigos pelas melhores notas. Depois o Vestibular que muda forma e só. Em seguida a disputa no mercado de trabalho por um emprego, com ou sem Faculdade.
Na política, você primeiro disputa com seu companheiro de partido uma vaga, depois a sua manutenção no cargo ou avanço na pirâmide. “Tenho vinte anos de mandato”. Como coloca o amigo Waldez Ludwig: “Qual foi o último livro que leu?” Ou no caso, “qual foi à última vez que tomou cafezinho na base?” Este tempo, em minha opinião ou de políticos como Wladimir Palmeiras e Milton Temer, só servem para nos transformar em excelentes burocratas, com foco único na re-eleição. O Povo, um detalhe, como já colocou uma Ministra (um dado na planilha).
Em nossos locais de trabalho, acontece o mesmo. A fofoca e a desinformação reinam (temos exceções, mas como já observado acima, não farei mediações). Antes mesmo da preocupação com manutenção e/ou crescimento da empresa, que paga o seu salário, vem a guerra com seus próprios companheiros. Depois, você se preocupa com o mercado, a concorrência que pode tirar o seu pão de todo o dia.
Na política acontece o mesmo. Ganha-se o cargo e começa a guerra burra por mais espaço/PODER. “Eu mando maaiiisssss”. “Tenho mais ”influênciiiaaaa”. E o povo cara pálida? Vai para onde? Aquele projeto, que pode amenizar a vida daquela comunidade... quem está sentado em cima e porquê?
No mercado de trabalho, quem age assim acaba por ficar de fora. Nas instituições modernas, a preocupação maior é com o bem estar de seu funcionário, a empresa melhora seus índices em consequência dessa política. Nas empresas mais tradicionais, o fofoqueiro tem seu espaço, mas empresa fale e ele acaba fora do mercado.
Na política a coisa é mais perversa. Não é sua empresa ou seu emprego que pode sumir. É todo um povo que sofre, passa fome, não tem teto, educação e saúde por conta de atitudes mínimas com consequências enormes e desastrosas.
Mesmo quando você é maioria na Câmara ou no Executivo, inconscientemente, esta perversidade pode até ser maior, quando temos caminhos diferentes para um mesmo objetivo. A diferença entre a burrice da unanimidade e a inteligência da unidade está na tomada de decisão dentro da diversidade ideológica, de caminhos e etc. Se a decisão é tomada com foco no objetivo, a unidade prevalece. Mas se a decisão é tomada com foco na divergência do caminho, vence a burrice e perde o povo.
Não nos bastam princípio e dignidade. Como já disse o poeta, a alma tem que ser grande.
Te abraço.

Quero um abraço (15.05.2009)

É certo que vivemos em um mundo onde tentam transformá-lo no mais egoísta possível, onde o interesse do individuo se sobrepõe ao interesse público, a sociedade.
O ser humano foi transformado em número nas mais variadas estatísticas, em especial nas financeiras. Quando resultados positivos, nem olham as condições de trabalho e vida da população, somos apenas variáveis na composição do problema. Se negativos, luzes vermelhas e cortes em nossas carnes. Desemprego, redução de salários e etc.
As novas tecnologias, que vieram para facilitar a vida das pessoas, são usadas de maneira deturpada. Em vez de dar “moleza” no trabalho, a exploração do trabalhador (na busca do lucro máximo). Os sites de relacionamento, em vez de aproximarem as pessoas, substituem o calor do abraço, o beijo no rosto, por figuras animadas no computador. Bruno Drumond em seu “cartum” Gente Fina representa bem esta situação, quando a personagem mãe pergunta a filha (que não saia da frente do computador) se ela não possuía amigos. A filha responde que tem 485 no Orkut.
Estes movimentos, aos poucos vão isolando as pessoas. Interação, coleguismo e a solidariedade deixam de ser prioridade, deixam de ser importantes. Competição no local de trabalho e lazer passivo substituem as reuniões com os amigos e as confraternizações.
Lembro da minha infância quando um aperto de mão era sinônimo de acerto feito. Quando primeiro você perguntava pela família, falava sobre o tempo e, depois comprava os fósforos.
Precisamos e muito das novas tecnologias, do computador aproximando as pessoas, das novas descobertas, enfim... precisamos do novo. Mais não podemos nos permitir que este novo, nos afaste do convívio humano, do respeito ao próximo.
Ainda no Brasil Colônia, os índios foram apresentados a uma nova tecnologia - o machado de ferro. Levavam o dia para cortar três árvores com o machado de pedra, levavam poucas horas para cortar outras três árvores com o machado de ferro. Cortavam e iam tomar banho no rio. Porque cortar mais se não precisavam? Os coitados, mesmos nos dias de hoje, ainda são considerados selvagens.
Que o ensino a distância venha com toda a força. Mas que este mesmo ensino não prive nossas crianças do primeiro amor por aquele professor ou professora que todos tivemos na infância. Que as máquinas produzam mais e mais e em menor tempo. Mas que esta produção não leve ao desemprego e sim, nos de mais tempo para o papo após o trabalho, a reunião na praça, a cadeira na calçada com os vizinhos. Que nos comuniquemos com o mundo em tempo real sem sair de casa, mas não nos privemos do abraço.
Encerrando com esperança e fé na gente, parafrasearei o amigo e artista Délcio Teobaldo, quando encerra seus e-mails com a seguinte sentença: te abraço.