ELEIÇÕES
EM MARICÁ
“Se
quebraram as lanças, se botaram uma grade diante do olhar do índio, o momento
agora é de você pular esta cerca, o momento é de você reconstruir esta lança, e
admitir que isso é o que te resta. Se você não fizer isso agora em que o
confronto é possível, você nunca fará mais.”
Delcio Teobaldo
II Seminário Internacional Arte, Palavra e
Leitura-2019
Estamos nos
aproximando das eleições municipais de 2020. Eleições de características
calorosas, pois são em nossos quintais, onde muitos se conhecem e se relacionam
com muitos.
Por conta do momento por que passa o país, a
previsão de termos uma eleição mais “violenta”, com os “fakes news” envolvendo
pessoas próximas, como vizinhos e parentes, não é absurda. Principalmente
quando se encontram na casa de um “miliciano” ou, quem sabe, “membro de
esquadrão da morte” ( como existiram os CCC, CONDOR, SA (nazista), Triple A
(Argentina)), fuzis de uso privado dos “marines” americanos... tudo é possível
quando um presidente diz ser necessário matar uns 30.000. Já contaram quantos
ativistas sociais já morreram?
Mas o que realmente me preocupa é como vamos
nos preparar para estas eleições em Maricá. Principalmente depois que tivemos o
Marcelo Delaroli envolvido em uma delação premiada. Já comecei ouvir que será
uma “barbada”, que a direita perdeu seu candidato. Pode até ter ficado sem, mas
o que nos garante que não importarão um “salvador do município”? O que nos
garante que o Marcelo não concorrerá? Nada! Pelo contrário, no Brasil de hoje
pode até não acontecer as eleições, fala-se abertamente em fechamento do
Congresso. Legislativo, Executivo e Judiciário, estão em aberta guerra entre
eles e internamente. A direita pela primeira vez apresenta-se dividida. O
problema é que, no momento das eleições, o pragmatismo deles deve leva-los a
uma nova união. E o da esquerda, onde irá nos levar? Façamos um exercício de
futurologia, nos uniremos em busca do bem maior ou iremos disputar cargos e/ou
espaços dentro de um sistema que foi pensado para eles, pelas Leis feitas por
eles e para atender as necessidades deles.
As grades colocadas acima delimitam nossos
quadrados de atuação. Vamos pulá-las? Fica a observação - não falo em revolução.
Hoje nem pensar! Falo em colocarmos os pés para além das marcas que nos impõem.
Nossas lanças, são os movimentos sociais, dos quais nos afastamos. A
reconstrução de nossas lanças passa pela reestruturação da participação
popular. Se assim não acontecer, não vejo futuro após mais uma “vitória”
eleitoral. Ganhamos o segundo mandato da Dilma e perdemos logo a seguir, porque
nos mantivemos nos limites da grade e não reconstruímos nossas lanças. Como bem
escreve Delcio: “admitir que isso é o que te resta”.
Sérgio Mesquita