sábado, 10 de janeiro de 2015

Em nome de Deus, o mundo transformado em um ringue de vale tudo

Basta-nos uma rápida passada de vista nos livros de história para compreender que, em nome de deuses que ensinam a tudo se perdoar, mata-se indiscriminadamente. Não importa qual vertente. Se seita, culto ou qualquer outra nomenclatura. Onde a mensagem deveria ser de paz, é de guerra ou de puro egoísmo. Nesse sentido, somente você e seus próximos merecerão algum reino em outra vida. Os demais estão perdidos ou têm parte com o demo.

Enquanto a maioria das pessoas se preocupa em ter um salvador eterno, ou as 70 virgens do Islã, esquecem os verdadeiros e terrenos motivos que nos levam a essa luta insana. Eric Hobsbawn nos havia advertido para isso faz tempo. Segundo ele, se o modelo econômico não mudar e continuarem as injustiças em nome do capital (o Deus em sua forma terrena), só nos restará a barbárie, o caos completo. Os últimos acontecimentos nos levam a aceitar, fora de dúvida, a sua previsão, que tem a concordância de outros vários historiadores, filósofos, sociólogos e economistas. Aí pelos anos 1980, Adam Schaff, em “A sociedade informática”, apontava para o mesmo “dilema”, se é que podemos falar em dilema quando se trata do futuro da humanidade. Mesmo os estudiosos da direita começam a entender que poderá não sobrar muita coisa quando as guerras em nome da “democracia” e de Deus desconstruírem o mundo, arrasarem o que resta do mundo, e o fascismo voltar ao poder, como está acontecendo por conta da guerra particular dos EUA contra a Rússia.

Quando nossas grades em volta de nossos prédios e os rolos de arame farpados não segurarem a turba empobrecida e alijada de seus direitos, a salvação virá, e será aplaudida, pela força e o fim dos direitos democráticos.  O fim do direito à vida. Como bem explicita Leonardo Boff, quando nos sobrar somente o medo, o terrorismo será o verdadeiro vencedor. Avançando um pouco, seja através do fundamentalismo religioso ou somente econômico, o resultado será o mesmo, ricos mais ricos e pobres, ironicamente do outro lado das cercas, mais pobres.

O atentado na França, felizmente e por enquanto, é nosso último exemplo do que podemos esperar da ganância humana desenfreada. Somos nós, seres “racionais”, os únicos capazes de destruir o mundo em que vivemos e do qual precisamos. A discussão aqui não é ecológica, é econômica. A busca pela sonância do vil metal enchendo os bolsos é o verdadeiro motivo de toda a paranoia em que hoje vivemos. E ela tende ao infinito.

Entrementes, a mídia, em sua esmagadora maioria, adota, como sempre, manobras diversionistas, desviando a atenção dos verdadeiros motivos da guerra que vivemos. Afinal, quando esses veículos não pertencem as corporações hegemônicas da economia e da política, dependem de seus anúncios. No final dos anos 90, a revista “Atenção”, que já não circula mais, denunciava em um de seus números que a maior parte das empresas de comunicação eram propriedade, na época, a cinco grandes grupos: Sony, Disney, Warner, General Eletric e Westinghouse. Notem duas potências da energia entre as donas dos meios de comunicação no planeta.

O que esperar de um mundo onde poucos determinam o que praticamente todos devemos discutir e assistir? O que esperar de um país como o Brasil, onde governo e população se rendem à mentira de que regulamentação é sinônimo de censura? A resposta é simples, o retorno do fascismo e a perda de quaisquer direitos.

Te abraço

Sérgio Mesquita