Basta-nos uma rápida passada de vista nos livros de história
para compreender que, em nome de deuses que ensinam a tudo se perdoar, mata-se
indiscriminadamente. Não importa qual vertente. Se seita, culto ou qualquer
outra nomenclatura. Onde a mensagem deveria ser de paz, é de guerra ou de puro
egoísmo. Nesse sentido, somente você e seus próximos merecerão algum reino em
outra vida. Os demais estão perdidos ou têm parte com o demo.
Enquanto a maioria das pessoas se preocupa em ter um
salvador eterno, ou as 70 virgens do Islã, esquecem os verdadeiros e terrenos
motivos que nos levam a essa luta insana. Eric Hobsbawn nos havia advertido
para isso faz tempo. Segundo ele, se o modelo econômico não mudar e continuarem
as injustiças em nome do capital (o Deus em sua forma terrena), só nos restará
a barbárie, o caos completo. Os últimos acontecimentos nos levam a aceitar,
fora de dúvida, a sua previsão, que tem a concordância de outros vários
historiadores, filósofos, sociólogos e economistas. Aí pelos anos 1980,
Adam Schaff, em “A sociedade informática”, apontava para o mesmo “dilema”, se é
que podemos falar em dilema quando se trata do futuro da humanidade. Mesmo
os estudiosos da direita começam a entender que poderá não sobrar muita coisa
quando as guerras em nome da “democracia” e de Deus desconstruírem o mundo,
arrasarem o que resta do mundo, e o fascismo voltar ao poder, como está
acontecendo por conta da guerra particular dos EUA contra a Rússia.
Quando nossas grades em volta de nossos prédios e os rolos
de arame farpados não segurarem a turba empobrecida e alijada de seus direitos,
a salvação virá, e será aplaudida, pela força e o fim dos direitos
democráticos. O fim do direito à vida. Como bem explicita Leonardo Boff, quando nos sobrar somente o
medo, o terrorismo será o verdadeiro vencedor. Avançando um pouco, seja
através do fundamentalismo religioso ou somente econômico, o resultado será o
mesmo, ricos mais ricos e pobres, ironicamente do outro lado das cercas, mais
pobres.
O atentado na França, felizmente e por enquanto, é nosso
último exemplo do que podemos esperar da ganância humana desenfreada. Somos
nós, seres “racionais”, os únicos capazes de destruir o mundo em que vivemos e
do qual precisamos. A discussão aqui não é ecológica, é econômica. A busca pela
sonância do vil metal enchendo os bolsos é o verdadeiro motivo de toda a
paranoia em que hoje vivemos. E ela tende ao infinito.
Entrementes, a mídia, em sua esmagadora maioria, adota,
como sempre, manobras diversionistas, desviando a atenção dos verdadeiros
motivos da guerra que vivemos. Afinal, quando esses veículos não pertencem as
corporações hegemônicas da economia e da política, dependem de seus anúncios.
No final dos anos 90, a revista “Atenção”, que já não circula mais, denunciava
em um de seus números que a maior parte das empresas de comunicação eram
propriedade, na época, a cinco grandes grupos: Sony, Disney, Warner, General
Eletric e Westinghouse. Notem duas potências da energia entre as donas dos
meios de comunicação no planeta.
O que esperar de um mundo onde poucos determinam o que praticamente
todos devemos discutir e assistir? O que esperar de um país como o Brasil,
onde governo e população se rendem à mentira de que regulamentação é sinônimo
de censura? A resposta é simples, o retorno do fascismo e a perda de quaisquer
direitos.
Te abraço
Sérgio Mesquita