Em tempos não pandêmicos, com certeza, nossas escolas estariam pintando nossos alunos como indiozinhos civilizados, todos de bem com a vida. Quando sabemos que estas datas, criadas inicialmente como resistência, como uma satisfação mal dada para os poucos índios que ainda nos restam, como as demais datas, foram apropriadas pelo sistema, e acabaram se transformando em incentivo as compras.
Dia do Índio, da Árvore, da Água, do Zumbi, da Liberdade de Religião, do LBGT..., enfim, do que representa o cuidado com a vida, com o ser humano, com a justiça e a igualdade, devem ser considerados, comemorados e todos os “ados” que se pensar. O que não deve continuar, a exemplo das lutas identitárias (necessárias), é continuarmos “comemorando” isoladamente. Como se o Índio não dependesse da Água, da Floresta e vice-versa. Como dependem também cada morador da cidade, o Agricultor Familiar, o Mateiro, o Seringueiro, o Castanheiro, a Agricultura Orgânica e, para não alongar – dependemos todos nós.
Nós, independente de cor, credo, do Sul maravilha ou do Norte, somos os que deveríamos assumir o papel de cuidadores da senhora Natureza ou sermos suas babás. Nunca seus algozes ao destruir florestas, mananciais e envenenarmos nossas plantações a serviço de uma ínfima parcela da população.
Corremos o risco de sobrar para gente, o mesmo papel do Jacarandá, como nos ensina Jatobá em seu poema Matança: Parece até mentira que o Jacarandá / Antes de virar poltrona, porta, armário / Mora no dicionário, vida eterna, milenar.
O que queremos para nós e nossas crianças? Sermos um futuro verbete em um dicionário?
Diretório PT-Maricá