segunda-feira, 7 de março de 2022

VAMOS CANCELAR A HUMANIDADE?

 

A pior insensatez do homem é manter-se vítima de sua própria mentira,

e ainda mais triste: Faz outros acreditar nela!

Joice 

Depois de ler o artigo do Julian Fuks, “O Cancelamento da Cultura Russa: tem sentido cancelar os artistas do país?”, disponibilizado no sítio: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2022/03/05/o-cancelamento-da-cultura-russa-tem-sentido-perseguir-os-artistas-do-pais.htm?cmpid=copiaecola&fbclid=IwAR10KVRpXXUioL8w_zh6kE1T5Dr_8QDyIr3k7aMWcOQCPUFeWwUrIKE1rxA. O que mais preocupou, foi o absurdo do setor cultural (incluindo o esportes), em copiar daqueles que só se interessam com as questões financeiras e imperiais, suas atitudes “na luta e defesa da democracia”.

Justo o setor que ao longo da história, sempre se rebelou contra as injustiças e desumanidades, que através de suas artes sempre influenciaram as populações neste Planeta sofrido e dividido, hoje faz o jogo do sistema. Sabemos que a Cultura, como tudo, todos e todas não é apolítica, possui lado, seja pelo agir ou pelo não agir. É feita por humanos... tem lado.

Se vamos copiar daquelas menos de 100 pessoas que mandam no mundo, que pelo menos o façamos em via de mão dupla, não de mão única. Não dá para exigir sanções contra a Rússia e não exigir contra os EUA, França, Inglaterra, Israel, os Sheiks árabes, ... Que todos tenham suas vagas cortadas nos campeonatos da FIFA, seus tenores e sopranos do Metropolitan, seus escritores e escritoras. Que transformemos o mundo em uma verdadeira chatice, sem CULTURA.

Da minha parte, deixo claro que não deixei de me encantar com as músicas do Alceu e do Eliomar (rápidos exemplos), por que politicamente pensam diferente de mim. Se no caso, mudarem seus estilos e deixarem de representar a cultura de suas terras e politizarem suas músicas, como bem se coloca Chico César, ouve e compra quem concordar, ou se sentir representado (Chico César me representa). Daí a dizer que “La Belle de Blue” (Alceu) ou o álbum “O Auto da Catingueira” (Eliomar) não podem ser ouvidos ou devem ser “cancelados”. Na minha opinião, não passa de comportamento fascistas, de quem em nome da “democracia”, na realidade querem anular corações e mentes. Como se não nos bastasse o politicamente correto, que quando exagerado, pode muito bem se confundir com tais práticas.

Dói mais ainda quando este comportamento, no caso atual da Guerra na Ucrânia, é incentivado pelos governos que recentemente se colocaram contra uma resolução da ONU (O combate à glorificação do nazismo, do neonazismo e de outras práticas), os EUA, Ucrânia e Palau, foram os únicos votos contrários (viche... desconhecia a existência de Palau). Incrivelmente, toda a União Europeia, Portugal e o Reino Unido, que sofreram em suas terras as práticas nazifascistas, em especial nas duas guerras, se ABSTIVERAM na votação. São esses países, que lançam a nova versão de macarthismo cultural. Não lhes basta só as sanções financeiras, temos que deixar de pensar. Um cancelamento que em nenhum momento, se quer foi perguntado ao artista ou esportista a sua linha política. Se ao ser perguntado ou perguntada sobre a guerra, e não respondesse duramente contra a mesma ou não citasse o Putin negativamente...tá fora. Até o escritor Fiódor Dostoievski, falecido em 1881, foi cancelado na Itália...era russo.

Caminhamos para algo como a República de Gilead, da série Hansmaid’s Tale (que não assisti), e seu autoritarismo pseudo religioso.

Há braços.


Sérgio Mesquita
DM PT-Maricá