sexta-feira, 26 de agosto de 2016

A Farsa pela Farsa

Acabei de assistir na TV Senado, a primeira parte da apresentação das testemunhas de defesa da Dilma. Ontem foi o dia da acusação, onde algumas testemunhas foram desqualificadas e/ou colocadas em suspeição.

Assisti o testemunho do Dr. Geraldo Prado, que segundo Lewandowski, ministro do STF, e demais senadores presentes, é um homem de reputação ilibada e reconhecida internacionalmente. Ao ouvi-lo, confesso que fiquei extremamente envergonhado pelo país e por aqueles que saíram de camisa amarela defendendo a farsa, o golpe.

Em uma das respostas, sobre a legalidade ou não do processo, ele comenta que seus pares na Europa, comentaram com ele, que se fosse na Europa, nenhum presidente passaria de três meses no cargo, pois todos cometem os mesmos atos realizados pela Dilma. Seu par português falou que em Portugal, o presidente não duraria 15 minutos no cargo. Nenhum jurista no mundo entende o que está acontecendo aqui. Melhor, todos entendem que se trata de um golpe.

É isso que estamos assistindo, o mundo inteiro sabe que o que está movendo o processo do impeachment é o desejo de alguns deputados e senadores em continuar roubando o país. O mundo inteiro sabe que é uma farsa. Dr. Geraldo Prado inclusive enquadra o STF ao colocar que, já que está provado que o ato de criação do processo foi por Desvio de Finalidade (vingança do Cunha pelo voto do PT a favor do processo de ética), o STF deveria ter anulado o impeachment ainda no momento de sua criação. Lewandowski fingiu que não ouviu.

Ao ouvir as perguntas e respostas, você olha para o lado e pensa: porque não anulam logo essa palhaçada. Até o Lewandowski sabe, o Gilmar sabe, porque não acabam?

Ao ouvir a idiota da senadora Ana Amélia do PP, uma das golpistas, a resposta veio como um soco na boca do estomago, seguido de um direto no queixo. É total a falta de vergonha e qualquer vestígio de honestidade e ética naquele Congresso. Seja na Câmara ou no Senado. Ainda arrisco, sem medo de erro, no STF e na PGR também.

Temos todos os ingredientes para entregarmos o país a aventureiros fascistas, que estão se aproveitando da situação para fazerem seus nomes, um bom exemplo é o Bolsonaro. São nessas situações que o fascismo cresce, a História está aí para não nos deixar mentir.

A grande pergunta é: o que iremos fazer daqui a poucos meses, quando a crise estiver totalmente instalada, tudo privatizado, o desemprego de volta aos índices de 2002?

A outra pergunta é: porque as nações “democráticas” do ocidente, não se manifestam oficialmente?
A segunda pergunta é a mais fácil de responder. Não fazem nada porque seus governos já estão dominados pelas corporações. Quem manda no Obama não é a Michelle nem o Congresso dos EUA, são as corporações, das empreiteiras, as armamentistas e de combustível. Por isso estão aguardando o final do processo calados, torcendo contra nossa democracia. Tirada a Dilma, vão colocar a mão de vez em nossa água, nosso petróleo, a Petrobras e nossos minérios (os ainda não entregues). Por isso os governos do ocidente, nossos “parceiros de democracia”, estão calados aguardando o fim, para começar o butim comandado pelo Serra.

Foi para isso que você saiu de camisa amarela. Parabéns, você é um idiota.

Sérgio Mesquita

Secretário de Formação do PT-Maricá

A Jiripoca vai piá

Meio que cabisbaixo, amuado com a proximidade do fim de mais uma farsa a nós imposta, ao povo desse Brasil, o rito final do processo do impeachment, fica a pergunta. Dilma fica? Sai? Acredito que sai.

Por mais que todos saibamos da grande mentira que é esse processo. Por mais que todos saibamos que os jucás, gilmares, moros, janots, aecins e outros, representam o que há de pior da raça humana nesse Brasil. A Dilma não deverá continuar. Hoje, nem sei se quero que ela continue. Não sei se por desalento com alguns politiquinhos ou pelo sentimento de vingança para com aqueles que saíram de amarelo nas ruas, e hoje estão escondidos debaixo de suas camas, envergonhados ou conscientes de terem sido massa de manobra. Mas como não sou de guardar rancor, e vou passar pelos mesmos problemas deles, e com eles, que fique registrado o sentimento momentâneo de vingança.

Fato, é que no dia de hoje, 25.08, tentava imaginar o que seria do futuro de meus filhos, e não consegui vislumbrar, antever qual seria a conjuntura do país daqui a seis meses, por exemplo. O que já estaria vendido, quais universidades já não seriam públicas, o que seria do SUS, do Bolsa Família e muito mais. Em quanto tempo voltaríamos ao Mapa da Fome. Uma vez que nosso interino golpista é “um coisa” ruim mais atrasado do que os piores da Velha República.

Pensava nesse quadro, quando me lembrei do convite do amigo Délcio Teobaldo, multiartista, que segue para Portugal por conta de um de seus roteiros de teatro, premiado por lá. Conversamos muito, onde de tudo se falou um pouco. Ao final, Délcio me presenteia com um conjunto de três livros, produzidos pela Secretaria de Cultura do Rio, por conta dos 450 anos da cidade. Despedidas, e segui para minha casa.

Já em casa abro o um dos livros, “40 Vozes do Rio”, onde uma das vozes era a do Délcio, transmitida através do texto, “Para Pensar o Rio, dos Ritos e dos Ruídos”. Deparo-me com o primeiro parágrafo do texto que transcrevo abaixo...

“Há 191 anos, desde que migrou do Império para República, o Brasil vive, no dia a dia, a responsabilidade de pensar-se como Pátria, diante dos seus e como Nação, aos olhos do mundo. Nunca foi fácil, não é e nem será tarefa fácil. Entre as alternâncias de regimes fechados e democráticos, volta e meia o país precisa dizer a que veio; mirar-se no espelho e para isto recorrer ao lustro, ao brilho, à anima que lhe trazem as Constituições. Daí, nada mais apropriado que chama-la de Carta ou, melhor ainda, Carta Magna. Como se o país endereçasse uma carta a si mesmo, e ao recebê-la, e abri-la, sentisse no rosto a luz que o renova, que o reconsidera, que o recompõe e o predispõe a assumir novas posturas e responsabilidades.”

Era coincidência de mais para passar despercebida. Pensei: será que entre aqueles que foram as ruas de amarelo, entre os fhcs, serras, os já citados acima, terão condições de sentir a luz que renova, reconsidera, recompõe e predispõe novas posturas e responsabilidades? Ou para esses, a Constituição não passa de letra morta desde antes do começo do Mensalão? Desde o momento que prometeram à Chevron, o nosso Pré Sal e Petrobras? Como são seres da escuridão...

Te abraço. E seja o que os deuses quiserem, pois a luta vai continuar.

Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá