quinta-feira, 27 de agosto de 2020

INOVAR A INOVAÇÃO

 

Texto postado no blog de discussão do curso “CURSO DE PARCERIAS EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO: compras públicas de inovação e encomendas tecnológicas. Promovido pela Prefeitura de Maricá, através do Instituto de Ciiência, Tecnologia e Inovação de Maricá, em parceria com a escola de Administração de Maricá.

 

INOVAR A INOVAÇÃO

 

O maior perigo em tempos de turbulência,

não é a turbulência em si, mas agir com a lógica do passado.

Peter Druker

 

Vivemos há mais de 400 anos sob o domínio do poder do capital. Neste interim, aconteceram “n” crises por conta de sua incoerência. Foram “n” crises não resolvidas, todas contornadas por novas facetas do mesmo. Primeiro o Mercantil, depois o industrial, e o atual, financeiro, que ainda não se recuperou da crise de 2008. Ao longo de suas fases e séculos, sempre se pautou a partir da escassez, para que poucos acumulassem capital.

 

A grande desigualdade que foi sendo criada ao longo do tempo, e a destruição do planeta, seus recursos e clima, só recentemente começou a ser entendida e também negada pelos defensores do sistema, mais radicais. A surpresa, não tão surpresa assim, da pandemia causada pela Covid-19, fez com que a máscara da prosperidade sem fim, caísse. A ponto de alguns grandes, hoje pensarem em até, voltarem a fazer alguma concessão ao velho “Estado de Bem Estar”. Tentam inclusive se apropriar da Agenda 2030 da ONU.

 

O que isso tem a ver com a inovação? Começo lembrando a citação do Peter Druker colocada acima.

 

Segundo o relatório Oxfam de 2019, 2.153 bilionários detém a mesma riqueza que 60% da população da Terra, algo próximo a mais de 4 bilhões e 600 milhões de pessoas[i]. E continuamos a pensar em Tríplice Hélice, e achar que inovação é aquilo que chega ao mercado e a sociedade. Pergunto: qual mercado e qual sociedade?

 

Aprendi o significado do mundo VUCA, que em uma das características, da Complexidade, por exemplo, é baseada no enxergar o todo, no contexto e ambiente em que se dá o problema. Se é para abrir o campo de visão, não devemos ignorar o ambiente e no que vai mudar a vida das pessoas como um todo, e não somente daquela parte que dizem ser necessária para manter o sistema, aqueles 20% da população mundial.

 

Transformemos a Hélice em Quíntupla: Academia, Empresa, Governo, Sociedade e Ambiente. Com certeza poderemos atingir mais do que os tradicionais 20% da população. Pois se assim não for, as chances do novo capitalismo bater à porta, são fortes: o capitalismo da vigilância. Esse poderá vir a ser o Novo Normal.

 

Que as inovações sejam auto disruptivas.

 

Há braços.

Sérgio Mesquita

 

*Transformar em imperdoável o que hoje é aceitável*