Inspirado no
título do livro de Vargas Llhosa, “O paraíso na outra esquina”, onde o autor
conta a sua maneira, a história do pintor Paul Gaugin e de sua avó, militante
política, Flora Tristán. Onde em épocas distintas, ambos buscaram alternativas
para a sociedade opressora em que viviam. Ela na política e ele no isolamento
do Taiti na busca de uma sociedade alternativa, livre de preconceitos.
A troca do
termo “paraíso” por “barbárie” se deve pelo meu entendimento que, apesar de não
estarmos vivendo em nenhum paraíso, os tempos que se avistam vão nos levar a saudades
dos dias de hoje. Por quê?
No ano de
2005, assistimos o início de um Golpe contra o governo brasileiro e sua
população. Golpe planejado e pensado pelas grandes corporações, em especial as
do petróleo, aliados à mídia nacional e uma camarilha de políticos locais. O
ponto de largada foi quando o governo brasileiro anuncia a descoberta do pré-sal
e sua disposição de colocar a Petrobras, como a responsável única por sua
exploração.
Sua aplicação
de fato teve início na farsa que foi o julgamento do mensalão (AP 470). Naquele
momento, começamos a assistir o desmantelamento do Estado de Direito onde,
Constituição e Leis, passaram a ser um mero detalhe. Ali foi o primeiro balão
de ensaio para se testar a estratégia golpista. Como não houve a oposição
esperada, nas ruas e no Congresso, os golpistas passaram para sua segunda e
derradeira fase, a falácia da luta contra a corrupção. A operação Lava Jato,
comandada por um juiz de 1ª Instância, simpático à pregação dos americanos do
norte, coloca de vez a “pá de cal” em qualquer dos ensinamentos do Direito, difundidos
em nossas Faculdades.
No mensalão
foi a teoria do “domínio do fato”, com Barbosa à frente do STF. Hoje, temos a
pérola aplicada na Lava Jato, “o Direito existe, mas não é absoluto”. Como bem colocou
o ex-ministro do STF, Eros Graos, assistimos a volta à Idade Média, onde o
cidadão volta a ser servo. Acredito, com grandes possibilidades de retorno da
escravidão. Não aquela do chicote, mas daquela que não ouvirá a população em
seus reclames, que considerará a mesma, apenas mais um dado para a manutenção
do sistema. O “dado negativo”, que só representará custos. Os descartáveis.
Lembro a então ministra do Collor, Zélia Cardoso, “o povo é só um detalhe”.
O país, que a
partir do ano de 2002 experimentou novos ares. Onde houve distribuição de renda,
de crescimento educacional, de sua infraestrutura, da busca ao respeito pelas
minorias. Do respeito internacional, onde deixamos de ser um país que dizia “sim
senhor” em vários idiomas, para dizermos “não” em um bom português. Hoje, se vê
as voltas com o retorno de sua história, que nos colocará como antes, na
situação de mais uma “República das Bananas”, as “Plantations”. Uma colônia,
como na época do Império, onde suas riquezas, minerais ou vegetais, enquanto
existirem servirão para atender as necessidades dos senhores da Metrópole. Um Golpe,
feito pelas mãos daqueles que dependem da falta de justiça, para não serem
encarcerados e/ou cassados em seus direitos políticos. Um Golpe, onde o STF
reviverá sua triste e recente história do período da Ditadura. Um órgão, outra
vez, complacente com os golpistas.
Enquanto Flora,
em sua luta pela organização dos trabalhadores, e Gaugin, na procura de uma
sociedade livre de preconceitos buscavam o paraíso na outra esquina. Nós, que
buscávamos o paraíso aqui, na mesma rua, encontraremos a barbárie na outra
esquina, onde só teremos deveres e nenhum direito.
Parabéns
para aqueles que vestiram a camisa amarela e foram para as ruas pedirem por
Cunha e Temer.
Sérgio
Mesquita
Sec.
Formação do PT-Maricá/RJ
“Se a ética não governar a razão, a
razão desprezará a ética”.
José
Saramago