Pois é. Não entendo nada de economia. Leio um livro aqui, um
blog lá e assim vai. Nada específico sobre economia, mas, dependendo do assunto,
a economia é tratada com maior ou menor profundidade. Exceto no livro do David
Harvey, “O enigma do capital – e as crises do capitalismo”, que estou lendo.
Porém, aprendi na vida, nas andanças políticas e outras,
que existem posicionamentos e maneiras diferentes de se enxergar o crescimento
ou não de um país. De afirmarmos se um país cresce ou não, dentro de um sistema
capitalista, pois vivemos em um apesar da nossa mídia insistir em nos comparar
a Cuba.
Assistindo hoje – tentando voltar a assistir aos jornais e
programas televisivos que tratam do país e do mundo – o programa Painel da
Globo News, onde Belluzzo e mais dois economistas debatiam o Brasil. Optei por
desistir de continuar assistindo e fui escrever este texto. Aceito que tenho
que ser mais aberto em relação a isso, mas dá enjoo. Parece que a eleição ainda
não acabou e continuam as manipulações.
Assistia aos economistas defensores das “planilhas” com seus
números e índices azuis contra os que utilizam a planilha como meio para um
comentário analítico e não sintético. Que examinam a planilha para além dos
números, atentos ao mundo em volta.
O assunto era a credibilidade do Brasil, e Belluzzo
demonstrava que a credibilidade não é uma coisa que tem fórmula. O ter ou não
ter depende de pontos de vistas. Como exemplo ele cita a recente eleição
americana. Pequeno parênteses quanto à eleição americana. Foram mais de 100
plebiscitos realizados junto com as escolhas dos deputados. Fim do parênteses.
O Partido Republicano (direita e oposição a Obama) ganhou de lavada do Partido
Democrático e, no plebiscito que tratava do aumento do salário mínimo, ganhou a
proposta do aumento. Os Republicanos são visceralmente contra o aumento e, a
população que votou neles, também votou no aumento. O que isso significa? Como nossa
mídia insiste em dizer que a crise acabou lá fora e os Estados Unidos estão em
franco crescimento, por que dar “uma no cravo e outra na ferradura”? Beluzzo
explicava, a população não vê e não sente esse crescimento. Acabam por
desconfiar do Obama. Ela entende que só melhorariam de vida se o salário mínimo
aumentar, pois, para eles, os números azuis na planilha não mudaram suas vidas.
Nesse ponto, o apresentador interrompe Beluzzo e diz que ele
está depondo contra a Dilma, pois a Dilma não tem credibilidade, o Brasil não
tem credibilidade. Foi quando desisti de continuar assistindo ao programa.
Chegam às raias do absurdo quando precisam impor o pensamento de seus patrões,
da classe dominante. Interrompem e tentam quebrar o raciocínio dos entrevistados.
Com minha humilde inteligência, percebi o que o Belluzzo iria falar quando
interrompido. A nossa mídia diz que o país está em crise, a economia a ponto de
explodir e a maioria do povo vota na continuidade do projeto. Votam em Dilma.
Porque sentem no seu dia a dia que a vida melhorou. Diferente dos EUA e da
Europa, que continuam em crise. Aliás, a mídia deles afirma que a crise é pior
do que a de 1929. Para nossa mídia, a crise acabou e todos crescem, à exceção
do Brasil.
Os que enxergam somente números, falam que a arrecadação
fiscal caiu. Verdade. Política de desoneração para se baixar custos, gerar
empregos e incentivar a produção. A dívida pública aumentou. Verdade. Nunca se
investiu tanto em infraestrutura quanto nesses últimos anos, gerando empregos e
aquecimento do mercado interno. A Petrobras é a quarta empresa em investimentos
no mundo. E para desespero deles, o governo mantem no Orçamento Federal as
verbas para a manutenção de projetos como o Bolsa Família, Pronatec, FIES e
outros.
Nos tempo dos economistas de Harvard, antes eram os Chicago
Boys, a Planilha não teria nada disso. O país estaria em crescimento, pois não
haveria déficit fiscal nem aumento da dívida interna. Pois não haveria emprego
nem obras. Ouviríamos de novo que deveríamos apertar o cinto e dar nossa cota de
sofrimento para que o país crescesse. Utilizando-se de termo um pouco mais
antigo seria... “crescer o bolo para depois dividi-lo”. Alguém, em algum
momento provou um pedacinho desse bolo?
Apesar de nossa democrática mídia dizer que o país não tem
credibilidade, o índice do Risco Brasil na época de FHC era superior aos 2000
pontos. Hoje, está abaixo dos 200. Conclusão: vou continuar a frequentar os
blogs e a mídia alternativa. Será melhor para a minha saúde mental.
Obs: Óbvio que essa política só foi possível por que tínhamos
gerado reservas de capital para isso, ao longo dos governos do PT. Também é
óbvio que um dia ela acaba. Se a crise continuar, teremos que pensar em outras
soluções que, como a atual, entenderam que o melhor do Brasil, são os
brasileiros.
Sérgio Mesquita
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