terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O SONHO DO CELTA, OU COMO DESTRUIR UMA EMPRESA À INGLESA


Inspiro-me nesse texto em um dos grandes livros do Vargas Llosa, “O Sonho do Celta”. O livro trata da história de Roger Casement, irlandês que viveu no começo do século XX, trabalhando para Coroa Inglesa. Seu trabalho consistia em denunciar os abusos e o não respeito aos direitos humanos nas colônias e protetorados britânicos na África e América Latina. Foi agraciado com a honra de “Companheiro da Ordem de São Jorge e São Miguel” e o título de “Cavaleiro”. Porém, depois de presenciar tantas injustiças, retorna a Irlanda e passa a lutar pela independência de seu país, caindo em desgraça para com a Coroa Inglesa, sendo preso, condenado à morte e morto.


Conto um pouco dessa história, porque faço um paralelo entre a estratégia do governo inglês em apagar a memória do Roger e destruir sua imagem através da mídia, expondo o ex-cavalheiro a um lixamento sem precedentes. Foi acusado de todas as atrocidades possíveis, inclusive com superexposição de sua vida sexual, era homossexual. Preso, praticamente incomunicável, impedido de ler os jornais ou ter acesso a qualquer notícia, sua vida era esculhambada sem que o mesmo pudesse se defender ou mesmo ter acesso aos meios de comunicação para tal.

Trazendo o exemplo inglês para nossos dias e país, vejamos como a Petrobras está sendo tratada por nossa mídia e políticos que sonham em tornarem-se “cucarachas” em Miami.

O processo de linchamento é ainda pior, com requintes de crueldade uma vez que por tratar-se de uma empresa, inanimada, lhe imputam características que, infelizmente, só dizem respeito à raça humana. A grande mídia “cola” na empresa a pecha de ser corrupta, incapaz e inoperante, enquanto a mesma é premiada e reconhecida mundialmente como a melhor empresa do ramo petrolífero (condições essas conseguidas devido sua administração que é feita por pessoas, por seres humanos).
Nossa mídia trata a Petrobras com o maior dos ensinamentos do nazista Joseph Goebbels (“uma mentira contada mil vezes torna-se uma verdade”), que era responsável pela comunicação do III Reich, na Alemanha nazista durante a 2ª Guerra. Utilizam-se dessa prática desde os anos cinquenta, sessenta e ao longo das décadas – cansado de lembrar isso. Foi assim quando levaram ao suicídio o Getúlio, na preparação do Golpe de 64, eleição do Collor e mais, muito mais mentiras transformadas em verdades.

Voltando ao exemplo do livro, fico imaginando se não existe entre os milhares de funcionários das Organizações Globo, Abril, Estadão, Folha e outras mais, algum Roger Casement em suas fileiras. Alguém que seja capaz de se indignar e lutar pela verdade, lutar por sua consciência. Não precisa ser homossexual, basta ser alguém cansado das mentiras e disposto a ver na cadeia àqueles que realmente devem ir, claro que, depois de todos os trâmites processuais seguidos. Não iremos nós repetir as práticas que condenamos , certo? Certo!

Encerrando e repetindo outros trechos de outros escritos, que fique claro para quem não quer admitir, que a estratégia de destruição da Petrobras e demais empresas nacionais, faz parte da estratégia daqueles que defendem o ”Deus Mercado”. Não passa de uma luta por mercado. Esta luta é o meio, o fim é o Golpe para se retirar de Brasília um governo que trouxe dignidade para os mais carentes, soberania e respeito internacional. Um governo que deixou de dizer “sim senhor” em vários idiomas e passou a dizer “não, vamos conversar” em um bom português.

Te abraço,
Sérgio Mesquita

Ps: Vargas Llosa hoje é mais um defensor do neoliberalismo, do mercado. Mas sua literatura, principalmente a biográfica-romanceada é de excelente qualidade. Destaco a Guerra do Fim do Mundo, um dos grandes livros sobre Canudos.
Hoje defende a Cultura para os ricos, para quem pode pagar. Diz que a popularização da Cultura será o fim da mesma. Discordo.

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