sexta-feira, 16 de outubro de 2015

QUANDO DESCOBRI QUE MEUS LIVROS ESTAVAM DE CASTIGO.

Hoje, dia 15.10, e não poderia ser em outro dia, a Prefeitura de Maricá levou até o condomínio Carlos Marighella (MCMV) em Itaipuaçu, o evento “Libertação de Livros”, como pré-lançamento do Festival Internacional de Utopia, que será realizado em 2016, no município. O evento foi organizado pelas secretarias Executivas de Políticas Sociais e Adjunta de Políticas Especiais, responsáveis pelo Festival.

Dia do Mestre, Condomínio recém-ocupado e mais de 1000 livros para serem distribuídos para seus moradores, em especial para a criançada que, além dos livros, contou com a presença da Secretaria de Cultura que trouxe música, teatro, dança e tatuagem (tinta lavável). A Secretaria de Saúde também esteve presente com seus funcionários medindo a pressão e falando sobre os programas da Secretaria. Uma bela festa de abertura para um evento que promete ser de responsabilidade.

O título desse texto tem a haver com abertura do evento. Pedro Geromilich, um dos organizadores, falando à criançada, iniciou perguntando se algum deles gostava de castigo. Resposta unânime, ninguém gostava de ficar de castigo. Pedro continua e ensina a criançada que, quando acabamos de ler um livro e o guardamos em uma estante ou gaveta, estamos colocando o livro de castigo, pois ninguém mais o lerá. Do mesmo jeito que criança gosta de brincar, livro gosta de ser lido. Por isso, quando não emprestamos, trocamos ou damos nossos livros para que outros os leiam, eles ficam de castigo. Pronto! Descobri ter um monte de livros de castigo, doidos para brincar. E agora? Tenho que “desapegar”. Livro guardado é informação que não circula, não brinca, e informação que não circula, não gera conhecimento, não gera saber. E nós sem os saberes para trocar ou dar, não somos ninguém, não crescemos e nem produzimos, ficamos de castigo como os livros nas estantes.
Umpf. Arhf, Argh, pow, blang... tenho que tomar uma atitude.

Há algum tempo, resolvi doar meus livros, procurei então a diretora do Joana Benedicta, e expus minha intenção. Ela adorou, mas não tinha espaço físico para recebe-los – não que sejam muitos. Voltei para casa e como minha literatura não impressionava meus filhos ainda jovenzinhos, a ideia não se esvaiu. Porém um belo dia, toda a família leu “Os últimos soldados da guerra fria”, do Fernando Moraes e a filha me pergunta se eu tinha “Os Miseráveis” do Victor Hugo, alguma coisa do Machado ou Euclides. O sorriso veio fácil. O fiozinho da esperança deles começarem a ler meus livros – liam os deles somente – fez com que a vontade passasse.

Depois veio a inauguração da Praça do CEU e sua Biblioteca, e a coceira recomeçou e se mantém. O problema é que de vez em quando, algum livro escapa do castigo e não volta e muitos são lembrados e revistos por mim quando vou escrever algum texto, preparar uma apresentação, palestra ou debate. Não tenho o menor pudor, abuso deles sem qualquer parcimônia e esqueço que estão de castigo.
Perceberam a discussão “demigo” para comigo que causou a Pré-Abertura do Festival Internacional de Utopia de Maricá? Imagine quando for à vera.

Te abraço,
Sérgio Mesquita

Sec. de Formação do PT

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