sexta-feira, 26 de agosto de 2016

A Jiripoca vai piá

Meio que cabisbaixo, amuado com a proximidade do fim de mais uma farsa a nós imposta, ao povo desse Brasil, o rito final do processo do impeachment, fica a pergunta. Dilma fica? Sai? Acredito que sai.

Por mais que todos saibamos da grande mentira que é esse processo. Por mais que todos saibamos que os jucás, gilmares, moros, janots, aecins e outros, representam o que há de pior da raça humana nesse Brasil. A Dilma não deverá continuar. Hoje, nem sei se quero que ela continue. Não sei se por desalento com alguns politiquinhos ou pelo sentimento de vingança para com aqueles que saíram de amarelo nas ruas, e hoje estão escondidos debaixo de suas camas, envergonhados ou conscientes de terem sido massa de manobra. Mas como não sou de guardar rancor, e vou passar pelos mesmos problemas deles, e com eles, que fique registrado o sentimento momentâneo de vingança.

Fato, é que no dia de hoje, 25.08, tentava imaginar o que seria do futuro de meus filhos, e não consegui vislumbrar, antever qual seria a conjuntura do país daqui a seis meses, por exemplo. O que já estaria vendido, quais universidades já não seriam públicas, o que seria do SUS, do Bolsa Família e muito mais. Em quanto tempo voltaríamos ao Mapa da Fome. Uma vez que nosso interino golpista é “um coisa” ruim mais atrasado do que os piores da Velha República.

Pensava nesse quadro, quando me lembrei do convite do amigo Délcio Teobaldo, multiartista, que segue para Portugal por conta de um de seus roteiros de teatro, premiado por lá. Conversamos muito, onde de tudo se falou um pouco. Ao final, Délcio me presenteia com um conjunto de três livros, produzidos pela Secretaria de Cultura do Rio, por conta dos 450 anos da cidade. Despedidas, e segui para minha casa.

Já em casa abro o um dos livros, “40 Vozes do Rio”, onde uma das vozes era a do Délcio, transmitida através do texto, “Para Pensar o Rio, dos Ritos e dos Ruídos”. Deparo-me com o primeiro parágrafo do texto que transcrevo abaixo...

“Há 191 anos, desde que migrou do Império para República, o Brasil vive, no dia a dia, a responsabilidade de pensar-se como Pátria, diante dos seus e como Nação, aos olhos do mundo. Nunca foi fácil, não é e nem será tarefa fácil. Entre as alternâncias de regimes fechados e democráticos, volta e meia o país precisa dizer a que veio; mirar-se no espelho e para isto recorrer ao lustro, ao brilho, à anima que lhe trazem as Constituições. Daí, nada mais apropriado que chama-la de Carta ou, melhor ainda, Carta Magna. Como se o país endereçasse uma carta a si mesmo, e ao recebê-la, e abri-la, sentisse no rosto a luz que o renova, que o reconsidera, que o recompõe e o predispõe a assumir novas posturas e responsabilidades.”

Era coincidência de mais para passar despercebida. Pensei: será que entre aqueles que foram as ruas de amarelo, entre os fhcs, serras, os já citados acima, terão condições de sentir a luz que renova, reconsidera, recompõe e predispõe novas posturas e responsabilidades? Ou para esses, a Constituição não passa de letra morta desde antes do começo do Mensalão? Desde o momento que prometeram à Chevron, o nosso Pré Sal e Petrobras? Como são seres da escuridão...

Te abraço. E seja o que os deuses quiserem, pois a luta vai continuar.

Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá

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