Revolução da Inteligência Artificial e seus impactos na sociedade
Bioeconomia como
estratégia de desenvolvimento
Realizadas em 23.01.24
Objetivo
Transmitir minhas impressões sobre o Seminário Reindustrialização em novas bases e apoio à inovação nas empresas, em especial, sobre as mesas que aconteceram no dia 23.01: Revolução da Inteligência Artificial e seus impactos na sociedade e Bioeconomia como estratégia de desenvolvimento.
Buscar a socialização das percepções adquiridas durante as palestras
proferidas, bem como abrir discussão com os companheiros/as da DITEC sobre os
meus entendimentos, no sentido de equalizar o pensamento/conhecimento entre e
com todos/as integrantes da Diretoria.
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Revolução da Inteligência Artificial e seus impactos na sociedade
Coordenação:
Fernando
Peregrino, chefe de Gabinete da Finep
Palestrantes: Edmundo
Souza – UFRJ/COPPE; Virgílio Almeida – UFMG; Anderson Souza – UFG; Fábio Borges
– LNCC; Eliza Reis – ABC.
- Bioeconomia como estratégia de desenvolvimento
Coordenação:
Fernando
Peregrino, chefe de Gabinete da Finep
Palestrantes: Rodrigo Rollembrerg – MDIC; Ana Euler – EMBRAPA; Henrique
Pereira – INPA; Paulo Renato Cabral – SEBRAE.
Tentar juntar em um texto os vários tópicos colocados nas falas de cada
palestrantes, a partir das anotações que fiz em cada palestra. Agrupando as
anotações em cinco blocos: conceitualização/definição; desvantagens;
vantagens/o que fazer; minha intervenção; conclusão.
Identifiquei 3 linhas de agrupamento com os totais a seguir: 3 pontos de conceituação/definição, 18 negativos, e 20 positivos. Segue abaixo um resumo das anotações.
Revolução da Inteligência Artificial e seus impactos na sociedade
Resumo
Dois palestrantes fizeram falas que poderiam ser entendidas como um
esboço de definição do que seria uma Inteligência Artificial. A IA seria uma
nova revolução industrial, uma nova onda ou um novo iluminismo. O que ponho em
discussão ao final.
No ponto desvantagens, houve um grande número de coincidências como a perda do emprego; o pouco ou a falta de investimentos na Educação e na Ciência; as “Fakes News”; preocupação com o impacto nas eleições; o avanço das IAs sobre o trabalho intelectual; os riscos em relação ao aumento das desigualdades; a percepção pública negativa, em contrapartida aos donos do meios de produção e do setor financeiro; os erros e inconsistências que ainda aparecem nas produções de IAs; o atraso do Brasil no campo de desenvolvimento e regulação das IAs; a falta de competividade; os baixos valores das bolsas de pesquisa e desenvolvimento; a perda de cérebros para o exterior, entre outros.
Como pontos positivos ou o que fazer, temos várias coincidências também. Abro com a fala de que ainda somos nós que fazemos. A necessidade de um grande pacto social que deve ser somada às falas de criação de uma política de regulação com participação das universidades e sociedade; políticas públicas que não visem a substituição dos humanos; trabalhar com o trinômio IA – Humano – Robótica; IA no meio ambiente, agricultura, educação e indústria; estreitar a IA com a academia; retenção de cérebros. Temos ainda a necessidade de gerar força de trabalho com criticidade; aumento dos investimentos, também em recursos humanos; entender as IAs como novas janelas de oportunidades; investir em um pensamento mais generalista; as IAs são uma realidade, e são de grande capilaridade; combater o analfabetismo digital; IA para além dos profissionais de TI; pensamento para além da caixinha; divulgar os trabalhos de cientistas, em especial, qual o papel do cientistas e o que fazem.
Foquei minha intervenção em quatro pontos, apesar da vontade de ir um
pouco além.
O primeiro foi a quase que unânime fala dos palestrantes de que o Brasil deveria melhorar sua competitividade/inovação, como também foi a preocupação com o aumento da desigualdade. Por conta dessa dualidade – vivemos em um sistema que incentiva a competitividade e a desigualdade. Propus que o Brasil inovasse buscando o desenvolvimento de sua IA com cooperação e não para a competitividade, pois a possibilidade de aumento da desigualdade será certa se o desenvolvimento for focado na competição. Deviríamos trabalhar mais a cooperação e mudar o modelo de produção do sistema.
O segundo ponto foi na mesma linha acima, mas no campo da Educação. Iniciei falando que senti falta da Cultura em todas as falas, pois todos os processos de mudanças também são culturais, em especial os de dominação e de independência, se não forem pelas armas. Se vamos investir na Educação, que seja além da digital. Que se invista em um outro modelo de produção do conhecimento, pois o que está posto é para atender o modelo de produção do sistema, que depende da desigualdade e da competitividade.
O terceiro ponto, foi quanto à necessidade da regulamentação. Lembrei que somos capazes de produzir excelentes estatutos e Leis, mas somos péssimos em fazer cumprir os mesmos. Dei o exemplo do Marco Civil da Internet, que mesmo depois de quase destruído na Câmara Federal, é considerado um dos melhores do mundo porque foi amplamente discutido com a sociedade. Hoje, temos uma comissão no Senado que não sabemos quem são e qual o conhecimento para tal responsabilidade, e sequer se tem terraplanista em sua composição. Não resolvemos a questão das redes sociais e queremos regulamentar a IA.
Termino dizendo que a mesma tecnologia que mata, é a que salva. A tecnologia que permite o “fake News” é a mesma que transmite a boa informação. E que hoje, ainda somos nós, humanos, que decidimos o como usar as tecnologias.
Conclusão
Acredito que o impacto da IA, está mais para a prensa de Gutemberg do que para a revolução industrial, bem como longe do Iluminismo, que buscava a razão, pois ainda não temos IA com razão ou mesmo ética. Uma nova onda, pode ser, só não sabemos se tsunami.
Ficou patente entre os palestrantes “técnicos” – a exceção, Elisa, é socióloga - a existência de um certo afastamento entre a academia e o dia a dia da população. Especialmente quando ainda se referem a tríplice hélice, como se ela funcionasse harmonicamente, quando na realidade o governo e a universidade atendem a necessidade da indústria. Na realidade, atendem ao modelo de produção capitalista, onde o sistema (na hélice – indústria) demanda as Leis para que o governo promova e influencia nos currículos educacionais, para que suas necessidades sejam atendidas. A discussão hoje seria a hélice quíntupla, onde a sociedade, em iguais condições com o governo, indústria e universidades discutiriam sempre levando em consideração os impactos ambientais, onde as pás seriam: sociedade – ambiente – universidade – governo – indústria.
A questão da ética foi tocada na fala da Elisa e do Edmundo, se não me engano, mas não foi a tônica, quando na minha opinião, seria uma das questões primordiais. Não dá mais para engolir, por exemplo, a Monsanto lançar um produto que aumenta a produção leiteira em uns 20l por vaca, e vacas e humanos adoecerem, nascerem defeituosos, e a empresa dizer que: cientificamente o processo está certo, o problema foi na tecnologia aplicada... RIDÍCULO e desrespeitoso, uma vez que os cientistas e os desenvolvedores das tecnologias são humanos que erram e acertam.
Outro ponto foi quanto ao desenvolvimento das IAs: senti uma concordância implícita, de que não passariam de máquinas treinadas, quando as discussões sobre atingirem ou não consciência e ética fervilham. No momento são treinadas e a minha preocupação está em qual modelo de sociedade estão sendo treinadas... se nesse modelo em que vivemos, com certeza irão existir Elysiuns, e depois SkayNets...
Precisamos abandonar os quadrados impostos pelo sistema, com ênfase em sua fase neoliberal. O palestrante Anderson Souza, que defendeu explicitamente a tríplice hélice, foi o único “técnico” que defendeu a questão do ser generalista, encaminhada também pela Elisa, quando falou em sair do quadrado. O olhar deve ser mais humano, como era a Economia até o final do século XVIII - Economia Político Científica, hoje só Economia onde só leva em conta se o número é azul ou vermelho. Somente com uma visão contextualizada poderemos realmente avançar científica e tecnologicamente na direção do bem-estar da população, e não apenas de uma minoria.
Obs:
· O palestrante Virgílio comentou que o governo dos EUA, em 2023, investiu 250 bi de dólares em pesquisas sobre a IA. Lembro que neste mesmo período, o mesmo EUA, investiu 850 bi de dólares em armamento. Qual a prioridade do sistema?
Como ficará a questão da proteção dos dados
individuais e dos bancos de dados nacionais com resultados das pesquisas
desenvolvidas nas diversas áreas? Serão de livre acesso? A questões de
segurança nacional, como ficará? Uma vez que as IAs se desenvolvem capturando
estas e outras informações?
·
A Universidade de Goiás criou a graduação em IA
tendo o SISU como a porta de acesso.
Apesar de não ser a “minha praia”, mas por acreditar na linha
generalista, a nossa preocupação deve principalmente estar nas consequências,
nas externalidades boas ou ruins de nossas atitudes - tanto as profissionais
quanto as de relacionamento.
Lembrando Keynes, que define o economista mestre como aquele que, entre outros saberes, deve ter algum conhecimento em matemática, filosofia, história e ser um estadista. Devemos ter alguma atenção sobre as demais áreas do conhecimento, em especial, sobre aquela que impacta em todas as vidas... a ambiental. Portanto, com outro olhar, seguem minhas impressões sobre o colocado pelos palestrantes.
Foi apresentado como exemplo uma cooperativa de mulheres que vende suas saboarias e shampoos e outros produtos na avenida Paulista e no mundo. Mas a grande sensação que causou certo alvoroço, foi um chá proveniente de uma árvore africana, usado em ritual de passagens da vida criança para adolescência e adulta, que após pesquisa por um brasileiro, descobriu em uma árvore brasileira os mesmos componentes do chá. O alvoroço foi quando o palestrante informou que o chá “resetava” a mente... todos queriam experimentar...
Brincadeiras à parte, o produto não é vendido em farmácias, é usado por psicólogos e afins e pelo exército americano, para tratamento de seus veteranos traumatizados.
Encerrando, a novidade para mim foi esse trabalho do SEBRAE, devido à minha implicância com a utilização do termo empreendedorismo dado pela mídia em subserviência do sistema capitalista.
Há braços.
Sérgio Mesquita
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