segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Temer e cumplices ignoram Gonzaguinha


“Um homem se humilha / Se castram seu sonho / Seu sonho é sua vida / E vida é trabalho /
E sem o seu trabalho / Um homem não tem honra / E sem a sua honra / Se morre, se mata /
Não dá pra ser feliz / Não dá pra ser feliz”.

O tão defendido, pelas corporações estrangeiras e federações das indústrias no Brasil, “Pacote de Maldades” do governo Temer e seus cumplices, ignora suas consequências para a população do país.

Aumento dos preços em consequência de uma política falida mundialmente, de novo submetida ao FMI. Aumento dos impostos. O fim das garantias trabalhistas, os cortes na Educação, Saúde e Cultura. O desemprego e o subsalário consequente. A entrega de nossa água e petróleo, o fim das garantias legais, com o aumento dos poderes policiais em detrimento dos Direitos. Um STF, MPF, PF e Mídia partidarizados e golpistas, submissos aos interesses das Corporações. Isso e muito mais, são colocados nas costas da Classe Trabalhadora, e de uma Classe Média que se recusa a ser Classe Trabalhadora, mas são os que mais pagam e sofrem por conta de sua ilusão. São os que vão pagar conosco a conta da entrega e destruição do Brasil.

E o Gonzaguinha? “Kico” com o exposto acima? “... E sem a sua honra / Se morre, se mata...”. Por isso o governo golpista do Temer tem sua estratégia na redução das garantias individuais, no fim do Direito e em uma Justiça que só enxerga os interesses das Corporações. Sabem que a violência vai aumentar, seja no campo ou na cidade. Uma violência que já possui índices altos se comparada a outros países ditos desenvolvidos.

É certo, que as políticas adotadas pelo PT em Brasília nesses últimos 14 anos, melhoraram e muito a vida da população brasileira. E uma das consequências, foi dar um pouco mais de tranquilidade ao andar nas ruas (mesmo que ainda longe do ideal). É sobre essa “tranquilidade” que esse texto pretende chamar a atenção. Gonzaguinha, em seu poema musicado, deixa clara a consequência a que pode chegar uma pessoa de bem, ao ver os seus com fome, sem qualquer assistência, desamparados - “Se mata, se morre”.

Márcio Valley, em seu texto “Entre a prisão e o ócio remunerado[i]” expõe brilhantemente as consequências da concentração de renda. Segundo ele: Em qualquer agrupamento animal do tipo "cada um por si" é natural que os indivíduos menos favorecidos ataquem a caça dos mais favorecidos. Portanto, a opção por essa espécie de sociedade importa a ciência prévia de que haverá um certo incremento nos assaltos à propriedade privada.”

Como outro exemplo, nos anos noventa, século passado, vivenciei de forma “traumática” um bom exemplo durante uma greve na TV Manchete. Fazia parte da direção do SINRAD-RJ (Sindicato dos Radialistas) e nunca deixei de me emocionar quando lembro ou relato o ocorrido. Fechamos os portões do Complexo de Água Grande, na cidade do Rio, então o maior e mais moderno estúdio de televisão no Brasil e na América Latina. Acorrentamos os portões e lá ficamos.

Um dos diretores da Editora Bloch nos procurou, eu, Tião Santos e Ricardo Freitas, diretores do SINRAD-RJ, para uma reunião, onde levamos juntos dois companheiros que trabalhavam no local. Fomos informados que o Bloch usaria dos meios disponíveis para abrir os portões - uma observação - a televisão não era mais da família, mas os portões serviam também a revista Manchete, por onde entravam as bobinas de papel. Era o portão ou os elevadores antigos que poderiam parar por conta do peso das bobinas.

Ao terminar a explanação, íamos começar a falar quando fomos interrompidos pelos companheiros que nos acompanhavam. O primeiro a falar, chorando, avisou que não ia esperar a polícia descer do caminhão e atacaria os policiais ainda do lado de fora da empresa. A vergonha em ver sua filhinha chorando de fome sempre que chegava em sua casa, o fazia desejar morrer. O segundo, na mesma linha, avisou que era aniversário de 15 anos de sua filha e ele não poderia comprar um sapatinho branco, também queria morrer por conta da vergonha. Não falamos nada, simplesmente encerramos a reunião e fomos nos preparar. Menos de dez minutos depois, veio o aviso que o Bloch usaria o elevador.

Temos de uma mesma causa, duas situações. A da “entrega” e o desejo da morte pela vergonha de ver sua família desprotegida, ou a do enfrentamento direto, como exposto pelo Márcio Valley. Certo, é que teremos a barbárie e, quem vai pagar a conta para além da Classe Trabalhadora, será a classe média por duas vezes. Nos custos e no desemprego (seu e dos seus) e pela violência direta que poderá vir a ser submetida. Por isso Temer e os seus, dependem do não cumprimento do Direito (Leis) e de um judiciário amaciado pela corrupção ou subserviência, outra vez, ao Golpe.

Mais uma vez a Classe que se acha Média, após ser usada e abusada no apoio ao Golpe, vai acordar. Não por consciência, mas pelo desespero consequente da crise e as arbitrariedades que também sofrerá na pele, para que a Classe Dominante e as Corporações continuem a lucrar no país. E mais uma vez vai se aproximar dos comunistas e dos “petralhas” na busca do resgate da Democracia e do Estado de Direito.

Lembrando Marx, “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.
O problema, é que até pouco tempo, o mundo era real. Hoje, esse mesmo mundo é virtual, e a farsa poderá durar mais tempo.

Toda sorte para nós.

Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá







[i] http://marciovalley.blogspot.com.br/2016/01/entre-prisao-e-o-ocio-remunerado-que.html

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