quinta-feira, 4 de junho de 2009

Quero um abraço (15.05.2009)

É certo que vivemos em um mundo onde tentam transformá-lo no mais egoísta possível, onde o interesse do individuo se sobrepõe ao interesse público, a sociedade.
O ser humano foi transformado em número nas mais variadas estatísticas, em especial nas financeiras. Quando resultados positivos, nem olham as condições de trabalho e vida da população, somos apenas variáveis na composição do problema. Se negativos, luzes vermelhas e cortes em nossas carnes. Desemprego, redução de salários e etc.
As novas tecnologias, que vieram para facilitar a vida das pessoas, são usadas de maneira deturpada. Em vez de dar “moleza” no trabalho, a exploração do trabalhador (na busca do lucro máximo). Os sites de relacionamento, em vez de aproximarem as pessoas, substituem o calor do abraço, o beijo no rosto, por figuras animadas no computador. Bruno Drumond em seu “cartum” Gente Fina representa bem esta situação, quando a personagem mãe pergunta a filha (que não saia da frente do computador) se ela não possuía amigos. A filha responde que tem 485 no Orkut.
Estes movimentos, aos poucos vão isolando as pessoas. Interação, coleguismo e a solidariedade deixam de ser prioridade, deixam de ser importantes. Competição no local de trabalho e lazer passivo substituem as reuniões com os amigos e as confraternizações.
Lembro da minha infância quando um aperto de mão era sinônimo de acerto feito. Quando primeiro você perguntava pela família, falava sobre o tempo e, depois comprava os fósforos.
Precisamos e muito das novas tecnologias, do computador aproximando as pessoas, das novas descobertas, enfim... precisamos do novo. Mais não podemos nos permitir que este novo, nos afaste do convívio humano, do respeito ao próximo.
Ainda no Brasil Colônia, os índios foram apresentados a uma nova tecnologia - o machado de ferro. Levavam o dia para cortar três árvores com o machado de pedra, levavam poucas horas para cortar outras três árvores com o machado de ferro. Cortavam e iam tomar banho no rio. Porque cortar mais se não precisavam? Os coitados, mesmos nos dias de hoje, ainda são considerados selvagens.
Que o ensino a distância venha com toda a força. Mas que este mesmo ensino não prive nossas crianças do primeiro amor por aquele professor ou professora que todos tivemos na infância. Que as máquinas produzam mais e mais e em menor tempo. Mas que esta produção não leve ao desemprego e sim, nos de mais tempo para o papo após o trabalho, a reunião na praça, a cadeira na calçada com os vizinhos. Que nos comuniquemos com o mundo em tempo real sem sair de casa, mas não nos privemos do abraço.
Encerrando com esperança e fé na gente, parafrasearei o amigo e artista Délcio Teobaldo, quando encerra seus e-mails com a seguinte sentença: te abraço.

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